Eu juro que vou ignorar a regra de não destruir os dormitórios ainda hoje. Depois de ficar pronto para ir às aulas passei no quarto do Kirishima para ver se ele estava pronto, mas eu já estou à alguns minutos apenas a esmurrar a porta que está trancada e a gritar pelo nome dele. Talvez ele tivesse adormecido como já aconteceu algumas vezes, mas ele nunca tranca a porta especialmente para eu puder ir acordá-lo nesses momentos.
Cansado de ficar ali, lembrei-me das varandas que ficavam bem do lado uma da outra e usei isso a meu favor. Pulei de uma varanda para a outra e quando ia abrir a porta de vidro, vi que também estava trancada e ao olhar para dentro do quarto vi que ele não estava lá dentro e pelo estado da cama, parece que ele passou a noite fora.
Comecei a ir com o passo apressado para a aula pois com aquilo tudo já não ia conseguir tomar o pequeno almoço. A sala estava barulhenta como sempre e o rapaz que causou o meu atraso indiretamente estava no lugar dele a falar com o resto do Bakusquad, estes que estavam com uma cara de quem tinham comido algo estragado.
- Cabelo de merda o que raios aconteceu ontem? - perguntei direto inclinando-me na mesa dele - não percebi o porquê de teres saído daquela maneira.
- Tinha coisas a fazer, nada de mais Bakugou - ele responde com a expressão quase tão neutra como a do Todoroki.
Estranhei bastante mas não pude fazer mais nada pois ouviu-se a voz do caixa de óculos a informar que o professor estava vindo eu fui para o meu lugar contra a minha vontade. As aulas seguiram normais, anotações para lá, murmúrios do Deku para cá e olhei para o Eijiro para ver se ele estava a entender o que está a ser passado e pela dedicação que ele empunha ao escrever no caderno eu acho que ele está bem. Apanhei este costume de ver como ele está para poder ajudá-lo depois quando formos estudar.
O mais estranho naquele dia acho que foram os intervalos e a hora do almoço. Normalmente eu não entro nas conversas paralelas que eles têm e eles meio que me forçavam a falar, mas hoje parecia que eu tinha deixado de existir, nem o cabelo de merda interagiu comigo ainda.
Não demonstrei o meu desconforto em nenhum desses momentos, mas eu meio que me descontrolei quando no treino com o All Might o cabelo de merda estava determinado a fazer par com outra pessoa que não fosse eu. Ele foi pedir ao Kaminari que já fazia par com o Sero, à Mina que já fazia com a Jiro e até mesmo ao desgraçado do Deku mas ele quase levou um rosnado da bandeira do Canadá. Vi que ele estava a ir na direção da Yaoyorozu mas eu fui mais rápido a pegar no braço dele.
- Vais fazer comigo certo? - eu pergunto e a resposta dele foi apenas um aceno com a cabeça.
Como eu não sou idiota nem nada, percebi que ele esteve desconfortável o treino inteiro e comecei a pensar que alguma coisa séria tinha acontecido e não ia ficar na dúvida por muito tempo.
Quando acabaram as aulas do dia e estávamos todos a ir na direção dos chuveiros dos dormitórios, na entrada puxei o braço dele pela segunda vez hoje e levei-o na direção do pátio para não falar à frente dos outros.
- Tu não estás normal e se disseres o contrário eu vou explodir a tua cara - abordei a situação já irritado pois ele nem olhava na minha cara - eu fui longe demais ontem? Porque se foi isso eu não fiz por mal, eu só já não aguentava ouvir aquela voz!
- Não é por não gostares dele que podes simplesmente achar que podes agir dessa maneira - ele ainda olhava para o chão e a voz dele também estava baixa.
- Dela queres tu dizer - corrijo o que ele tinha falado ganhando o primeiro olhar dele naquela conversa que demonstrava confusão.
- Não, dele mesmo - quem ficou confuso agora fui eu e mostrei isso na minha expressão - do que estavas a falar afinal?
- Quando eu desliguei a chamada da tua mãe?! Do que eu poderia estar a falar mais? - a cara dele que já estava péssima parece que só piorou.
- Eu vou tomar banho - ele virou costas para mim mas eu toquei no seu ombro para o chamar ganhando um tapa na minha mão - SAÍ CARALHO!
Eu como não sou a pessoa mais calma do mundo, virei-o de frente para mim e já fui questionando:
- O QUE SE PASSA CONTIGO PORRA? QUEM É QUE PENSAS QUE ÉS PARA ME BATER ASSIM? - puxei-o pela gola da camisola e ele contra atacou com um chute no meu joelho. Eu já não estava a pensar direito e dei um soco na sua cara que afetou tanto a ele como a mim pois ele tava com a individualidade ativada.
Ele chateado empurrou-me e com a força que ele tem nos braços eu acabei no chão com ele em cima de mim prestes a levar um soco dele, mas ele foi impedido por um pedaço de gelo que se meteu entre nós. Olhamos os dois na direção de onde ele veio e vimos o Deku com o gelo ardente ao seu lado.
- Parem com isso! - ele diz aflito e tirou o Eijiro de cima de mim com um puxão na camisola dele. Levantei-me e antes de ele virar costas para nós e entrar nos dormitórios vi que ele estava a chorar.
- Kachan o que é que fizeste? - ele pergunta assustado pela atitude do ruivo.
- Eu sei lá porra! Ele hoje tava todo esquisito e quando fui falar com ele sobre, de alguma maneira acabamos assim. - estava tão irritado que eu soltava faíscas pelas mãos.
- Provavelmente ele falou algo que magoou o Kirishima - falou o pavê se dirigindo ao Deku como se eu não estivesse ali.
- O QUE QUERES DIZER SEU FOGUENTO DO CARALHO?
- Kachan às vezes podes ser um bocado insensível - o olhar dele agora era bruto na minha direção - com os sentimentos que o Kirishima sente em relação a ti não é muito difícil ele se sentir chateado com algo!
Porque hoje parece que todos sabem de alguma coisa menos eu? Fiquei tão confuso que tudo que fiz foi soltar mais faíscas pelas mãos.
- Ele sempre foi um sentimental do caralho! O que vocês sabem que eu não sei? - ameacei apontar as faíscas à cara do arbusto mas as minhas mãos foram congeladas.
- A pergunta que devias fazer era o que nós sabemos que tu estás a forçar para não saber - fala a parede deixando-me mais irritado ainda, chegando a derreter o gelo com a nitroglicerina que escorria das minhas mãos.
- Tu não vais dizer que não sabes né? - aqueles dois trocaram um olhar assustado antes do arbusto me fazer aquela pergunta, recebendo um "não" irritado da minha parte.
- Eu não sabia que eras assim tão burro - o Todoroki tinha de abrir a boca dele e eu fui dar um soco nele mas ele segurou o meu punho.
- Seu fodido, o que se passa? Não conseguiste comer o Deku hoje? - provoco só para ver como ele reagiria mas não estava à espera daquela resposta.
- Pelo menos eu estou muito bem resolvido com o Izuku, ao contrário de ti que queres fingir que não sabes que o Kirishima está apaixonado por ti, seu imbecil!
Com o choque nem reagi quando ele empurrou-me para o chão, fiquei apenas sentado a olhar para o nada.
Não é possível. Mas se for verdade porque só agora ele se manifestou? Tentei me lembrar melhor da conversa de ontem.
"Hey Bakugou, faz um favor a toda a gente e namora logo aí o Red Riot, ele está desesperado! - ele até parecia a Mina agora.
- Não te preocupes seu merda, quando eu bater com a cabeça muito forte em algum lado e ser ameaçado, eu invisto no cabelo de merda - falo para ele e não recebi nada em resposta por um tempo - ficaste mudo ou quê?
- Puta que pariu tu és idiota ou o quê? - ele responde e quando ia arrancar o telemóvel da mão do Eijiro ele desvia e desliga a chamada."
Eu sou um imbecil. Mas eu não sinto o mesmo por ele. Foda-se o que eu faço agora caralho?
Juro solenemente não ser normal !!!
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Sumairu :)
Teen FictionComo é que alguém que passa por aquilo consegue sorrir daquela maneira? Ou melhor, como é que alguém que sorri assim consegue andar com alguém como eu?