Está um calor infernal!
Foi a primeira coisa que me passou pela cabeça quando despertei.
Pisquei os olhos algumas vezes para poder raciocinar o que estava a acontecer. Ainda era de madrugada, dava para perceber pela escuridão que me encontrava e o cabelo de merda decidiu despertar o seu maior nível de carência e abraçar o meu tronco.
Eu não me incomodei porque já não era a primeira vez que dormimos assim. Nas noites de jogos que fazemos em grupo de vez em quando acontece de adormecemos todos no meu quarto, e é nessas horas que ele manifesta a sua carência, e no dia a seguir levamos sempre com as piadinhas da Mina que nos encontra assim.
Mas mesmo o abraço em si não me incomodar naquele momento, estava imenso calor e o cabelo dele estava a tocar na minha nuca, onde estava a ferida causada pela individualidade dele. Sinceramente nunca mais lembrei-me dela.
Tentei tirar os braços dele ao meu redor sem acordá-lo, mas foi uma missão falhada pois pude ouvir um sussurro vindo dele.
- Katsuki?
- Volta a dormir Kirishima - sussurro para ele de volta mas parece que o despertei ainda mais.
- O que se passa Bro? - ele pergunta agora completamente desperto mas num tom de voz baixo para não acordar os outros.
- Só estou com calor porra!
- Bakugou devias ter tirado a camisola! Está imenso calor, ainda vais passar mal!
Ainda de costas para ele comecei a tirar a camisola e pude sentir algum alívio, mas quase gritei de dor quando senti a mão dele a tocar na minha nuca.
- Bakugou o que é que te aconteceu aqui? - senti o tom de preocupação na voz dele.
- Foi naquela hora que o Aizawa apareceu e tu ativaste a tua individualidade acidentalmente. - digo não olhando na cara dele, eu sabia que ele ia sentir-se culpado.
Ele começou a implorar o meu perdão e começou a puxar-me para fora da tenda em direção aos balneários, foi um milagre não termos acordado os outros com a movimentação.
Ele começou por pegar numa toalha que tinha ali nos cabides, molhando com água para passar na minha nuca e nas costas.
- Bakubro porque não disseste antes? Tens sangue seco até no final das costas! - comecei a sentir-me mal pelo tom choroso que ele estava - Merda eu tinha um Kit de primeiros socorros na minha mochila! Até no trabalho de não me esquecer dela eu fui um fracassado!
- Kirishima a tua mochila está na minha mala seu bastardo! Vai logo! - falei por impulso, a única coisa que me entristece mais do que o final de Banana Fish é quando o cabelo de merda começa a pensar o pior de si mesmo. Eu sou muito gay puta que pariu.
Pelo espelho vi que ele fez uma careta de confusão mas sem questionamentos ele saiu rapidamente dali, voltando passados poucos segundos com a mochila vermelha na mão. De lá ele tirou uma pequena caixa onde tinha umas faixas e outras coisas que não consegui ver.
- Katsuki isto vai arder um bocado mas é para o teu bem - ele diz colocando algum líquido num pequeno algodão e em seguida pressionar contra a minha nuca. Ardia um bocado mas nada que me incomodasse a sério, afinal eu sou o Bakugou.
Ele depois de ter passado mais algumas coisas que não prestei atenção, colocou uma faixa em volta para proteger. Ao terminar o serviço ele olhou para mim através do espelho e parecia querer dizer alguma coisa com o olhar.
Virei-me de frente para ele e apenas sussurrei um "tudo bem", puxando o braço dele com brutalidade para fora daqueles balneários. Entramos em silêncio na tenda e deitamos nos nossos lugares virados um para o outro. Ficamos assim uns bons segundos apenas olhando um para o outro, mas o olhar entristecido dele não me estava a deixar nada feliz.
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Sumairu :)
Teen FictionComo é que alguém que passa por aquilo consegue sorrir daquela maneira? Ou melhor, como é que alguém que sorri assim consegue andar com alguém como eu?