A alien é uma pessoa que eu nunca vou conseguir entender perfeitamente. Neste momento estou parado em frente à maquina de secar roupa a tentar entender como é que a mente desta mulher funciona.
- Tu já pediste a desconhecidos para amarrar os cordões das tuas sapatilhas - comecei a enumerar virando-me na direção dela que se encontrava em cima de outra máquina que estava a lavar as roupas dela - consegues numa única noite fazer mais amigos do que outra pessoa numa vida inteira e entre todas as pessoas que já conheci acho que és a mais tagarela. Certo?
- Ah sim... - ela concorda não entendendo onde quero chegar com a minha fala.
- Então explica-me porque caralhos alguém que não tem o mínimo de vergonha na cara não consegue chamar alguém para sair? - pergunto irritado.
- Katsuki falar com a pessoa que gostas é muito diferente! - ela começa com os argumentos - e nem venhas dizer que eu não tenho vergonha na cara porque o Denki disse-me que tu tiveste uma conversa com o Kiri sobre o pau dele!
- Ó porquinha Pepa não tragas esse assunto à toa! Estou aqui à vinte minutos apenas a ouvir-te reclamar que o Sero não demonstra nada, mas também não tomas atitude porra! - reclamo já farto de a ouvir falar sempre da mesma coisa.
- Mas eu dou imensas dicas e ele nunca reage a elas, não deve ter interesse! - eu não sei dizer quem dos meus amigos é mais burro!
- Ashido tu, que assim como eu, passas imenso tempo com ele devias já estar informada de que ele é lerdo para caralho!
- Quem é que te irritou agora Bakugou? - tanto eu como a Mina apanhamos um susto ao ouvir a voz do fita crepe que entrou na lavandaria. Que oportunidade perfeita para acabar com os problemas deles os dois.
- Seguinte otários, amanhã vocês os dois vão ver aquele filme que a Ashido falou no acampamento que estreou à uns dias - o Sero ia interromper mas não o deixei falar - acho que os vossos pais não se vão importar com a ausência de vocês os dois durante umas horas.
Comecei a sair da lavandaria mas parei na entrada para acrescentar um detalhe relevante.
- Ahh e vão ser apenas vocês os dois. - ao dizer saí dali sem olhar para trás indo em direção ao elevador para ir para o meu andar.
No meio do caminho para a minha porta acabei por olhar para a do quarto ao lado e lembrei-me do que a velha disse-me junto com aquilo que ouvi na varanda. Pensando nisso entrei no quarto dele sem bater como eu tenho o costume de fazer e lá estava ele a guardar as roupas que ele também já deve ter lavado na lavandaria.
- A velha quer que venhas comigo hoje, podes? - questiono direto recebendo um sim animado dele - Mas e os teus pais?
- Eles vão estar fora, por isso nem valeria a pena ir - a vontade de socar a cara dele está a crescer dentro de mim mas apenas respirei fundo, ele sendo quem é deve ter um motivo para estar a agir assim.
- Então prepara-te, daqui a meia hora temos de sair para apanhar o autocarro. - e ele prontamente começou a caçar roupas para colocar na mochila e eu sentei na cama dele para esperar.
Quando ele finalmente ficou pronto para ir, saímos do quarto dele, passei rapidamente no meu quarto para buscar a minha mochila com tudo o que preciso e saímos dos dormitórios em direção à paragem onde o autocarro passa.
Como sempre no caminho todo fiquei a ouvir ele falar e admito que trinquei muitas vezes a língua para não lhe perguntar nada sobre aquela conversa ao telefone. Nestes anos que já conheço o cabelo de merda nunca conheci os pais dele mas pelo que ele fala eles são boas pessoas e fariam de tudo por ele, não imagino que ele tenha problemas em casa ou algo assim.
Em meio a uma conversa sobre a merda que os filmes do Percy Jackson são em comparação aos livros, chegamos à minha casa e tratei de bater na porta com a mesma calma de sempre.
- Ó DESGRAÇA SE TU QUEBRARES A PORTA EU QUEBRO A TUA CARA! - ouvi a voz doce da minha mãe enquanto a mesma nos abria a porta com a mesma expressão zangada de sempre - Tu não tens as tuas cha... - ela interrompe a sua própria fala e a sua expressão raivosa transformou-se numa animada em milésimos de segundos - EIJIRO!
Quando ela viu que ele encontrava-se atrás de mim, empurrou-me para o lado e deu um grande abraço nele e em seguida puxando-o para dentro.
- Lembra-te que eu é que sou teu filho porra! - digo alto entrando também e em seguida fechando a porta atrás de mim - Olá velhote!
Cumprimento o meu pai que estava a colocar o jantar na mesa e o mesmo vem na minha direção para me dar um abraço e em seguida no Kirishima que ainda estava a ser bombardeado com perguntas da minha mãe.
- Eijiro eu já te disse que se ele estiver a forçar-te para seres amigo dele podes contar-me que eu arranco o cabelo dele à base do puxão - aproximei-me mais deles quando vi que a velha estava a sussurrar algo.
- Não se preocupe Mitsuki eu garanto que sou amigo dele de livre e espontânea vontade - ele respondeu rindo como se ela tivesse dito a melhor piada do mundo.
- Tá bom, agora vocês querem vir jantar ou continuar a falar de mim? - vi o Eijiro fazer uma cara assustada quando me viu atrás deles e a minha mãe de raiva.
- Lembra-te que eu passei uma dor do caralho para estares neste mundo porra! - ela resmunga enquanto se dirige à mesa onde a comida esperava por nós.
O jantar foi repleto de perguntas dos velhotes sobre a escola, o acampamento, a nossa saúde e até mesmo de namoradinhos. O velhote perguntou se eu tinha conhecido algum rapaz especial e a velha como sempre disse que eu já tenho o cabelo de merda. Eu até aturo os nossos amigos brincarem com isso, mas aturar isso vindo da minha mãe é um bocado (muito) constrangedor, tenho quase a certeza absoluta que o colchão de ar que nós tínhamos não arrebentou por acidente como ela tanto fala.
Isso aconteceu na primeira vez que o Kirishima veio cá em casa. A minha mãe já o conhecia por ele já ter ido lá antes e foi na hora de dormir que ela decidiu dizer-nos que infelizmente já não temos um colchão de reserva. Um detalhe importante é que ela falou isso tudo com um sorriso nada discreto no rosto. E desde desse dia que sempre que ele vem cá ele tem de dormir comigo na minha cama que para a felicidade da minha mãe e da Ashido não é uma cama assim tão grande.
- Estou a falar a sério! Vocês os dois têm de tirar uma foto para eu colocar ali junto com as outras! - a mulher agora inventou de que quer uma foto minha com o Eijiro para colocar ao lado das fotos de família que nós temos em cima da lareira.
- O caralho que eu vou fazer isso! - digo apontando o garfo na direção da minha mãe.
O resto do jantar foi resumido a discussões entre mim e a velha, essas que só acabaram quando o meu pai sugeriu ao Kirishima levar-me lá para cima para jogarmos alguma coisa.
Sim eu fui arrastado para o meu próprio quarto pela visita. Depois de ele pousar as coisas dele num canto, ele começou a escolher um jogo para jogarmos. Como já esperado ele escolheu Mortal Kombat pois é o segundo jogo mais másculo na perspetiva dele. O primeiro é Just Dance.
Ficamos um bom tempo apenas a jogar e a cumprir os desafios que o vencedor dava ao perdedor, até que chegou o momento eu que eu perdi e o cabelo de merda estava sem ideias para desafios. Ele ficou pensativo por um momento e de repente ele pegou no telemóvel com um sorriso de quem estava a tramar algo.
- Hora da foto Katsuki!
Juro solenemente não ser normal !!!
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Sumairu :)
Teen FictionComo é que alguém que passa por aquilo consegue sorrir daquela maneira? Ou melhor, como é que alguém que sorri assim consegue andar com alguém como eu?