Os últimos dois meses foram os mais cansativos da minha vida e olha que fui estudante numa das escolas mais exigentes do Japão.
Depois da minha formatura, começaram a vir imensos trabalhos para todos os estagiários, afinal nós estávamos a servir de graça e os desgraçados decidiram que iriam nos colocar o triplo do trabalho que deveríamos fazer.
Eu mal parava em casa e quando parava ou era para dormir ou para tratar de papelada pois o trabalho de herói não é só fazer patrulhas e combater os vilões. Eu já não me lembro o que é ficar descontraído no meu quarto a ler um livro, jogar jogos com os idiotas, ficar a fazer tudo e nada com o Eijiro...
Apesar de falarmos todos os dias por chamada, são sempre apenas 15 minutos para falar o básico e depois cada um vai descansar ou trabalhar. Devo admitir que tenho andado mais stressado que o normal e pelo que a Ashido disse, ele também. Ela esbarrou comigo na rua e contou-me que numa patrulha que ela fez com o ruivo, viu que ele estava bem cansado também.
Eu só devo começar a ter algum tempo livre depois deste fim de semana, pois vou passar de estagiário para um herói oficial, finalmente, não aguento mais depender economicamente dos meus pais. Nada contra para quem depende, tenho até amigos que são, mas ganhar dinheiro pelo esforço próprio deve ser bastante reconfortante para o ego.
Agora eu até pareci aqueles amigos héteros que acabaram de descobrir a sexualidade dos amigos. Que horror.
Mas voltando à realidade, estou neste momento a sobrevoar a cidade com a ajuda das minhas explosões para chegar mais rápido a casa, esta que tinha as luzes ligadas o que indicava que os velhotes ainda estavam acordados.
Entrei pela porta da frente e sou surpreendido pela imagem do Kirishima com a sua mãe sentados no sofá da minha sala a conversar com os meus pais. Puta que pariu ele veio pedir a minha mão? Nós conversamos que não íamos casar por enquanto!
- KATSUKI! - ele corre na minha direção e agarro-o de volta com facilidade, eu também estava com saudades daquele manhoso.
- O que vocês estão a aprontar agora? - questiono para eles e quando olhei com mais atenção para o meu pai, percebi que ele limpava algumas lágrimas com a manga do casaco que usava.
- É melhor sentares querido! - diz a Hiroko, a mesma parecia ter chorado também.
- Olhem eu não estou a planear casar agora e...
- Cala-te Katsuki! Ninguém falou de casamento aqui! - repreende a minha mãe que estava sentada ao meu lado.
- Tudo bem Mitsuki, eu explico a situação já que o meu filho decidiu ficar mudo - a Hiroko manda um olhar de escárnio para o ruivo que estava sentado no meu outro lado, o mesmo deu-me a mão quando recebeu aquele olhar.
- Bem Katsuki, esta semana eu e a minha mãe estivemos a falar com o Eijiro sobre a vida adulta com esta situação toda de que ele vai finalmente tornar-se um herói profissional e daí veio o assunto da independência - os olhos dela encheram-se de água mas o sorriso dela continuava radiante - Aí veio a ideia de ele ir morar sozinho.
- A senhora está ciente que vai deixar uma criança grande viver sozinha certo? - admito que só falei isso para provocar o meu namorado, fazendo a ex Kirishima e o meu pai rirem. A minha mãe deu-me um estalo.
- É aí que tu entras Katsuki! - ela diz animada e o aperto do Eijiro na minha mão intensificou - Ele comentou que também estava com imensas saudades tuas, que eras o homem da vida dele, que ele não sabe viver sem...
- MÃE! - ele estava completamente constrangido e virou-se de frente para mim para acabar o assunto começado pela sua progenitora - Katsuki, sei que adoras ter o teu próprio espaço e que pudemos estar a ir muito rápido, mas eu gostaria de ir partilhar uma casa contigo!
- Tanta tensão para perguntar-me isso? Nós já tínhamos combinado na UA que iríamos morar juntos, não importa que agora somos namorados ou não! - todos, menos a minha mãe, expressaram surpresa pela minha resposta.
- Ainda lembro-me do dia em que ele chegou aqui todo cheio de si, a gabar-se que assim que começa-se a receber o próprio salário iria viver com Eijiro Kirishima e poderia gritar à hora que quisesse. - diz a velha com um tom de voz raivoso mas ela estava a sorrir. Eu sabia que ela estava orgulhosa de nós os dois.
- Inclusive Mitsuki, quero uma cópia daquela fotografia ali! - a Hiroko aponta para a fotografia em cima da lareira. Aquela fotografia consegue ser mais amada nesta casa do que eu - eu acabei por perder muita coisa por causa do lixo do meu ex marido!
Era tão satisfatório vê-la falar assim sobre aquele embuste que ela já teve tanto medo. O meu desejo de ser herói, para além do desejo de ser reconhecido como o melhor, vem também do desejo de mandar desgraçados daqueles para a casa do caralho.
- Tenho de te contar o dia em que o Katsuki teve um pequeno ataque de pânico quando teve de partilhar a cama com o seu filho! - a minha mãe aparentemente estava disposta a expor a nossa vida toda para a outra mulher e eu não estava disposto a ouvir, por isso fui com o meu namorado para o meu quarto.
Ao entrar virei de costas para ele apenas para fechar a porta, porém ao sentir as suas mãos explorarem a minha barriga por debaixo das roupas, girei a chave para trancar a porta.
- Nem pensar que vamos fazer com os nossos pais lá em baixo!
- Mas eu estou com tantas saudades Katsuki, foram dois meses na mais pura seca! - ele pega na minha mão e força-a para dentro das suas calças. Assim fica difícil.
- Não quero ouvir nem um suspiro, estás a perceber! - digo empurrando-o para cima da minha cama e em seguida puxo as suas roupas para fora do seu corpo.
Juro solenemente não ser normal !!!
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Sumairu :)
Teen FictionComo é que alguém que passa por aquilo consegue sorrir daquela maneira? Ou melhor, como é que alguém que sorri assim consegue andar com alguém como eu?