O Herói Prometido

Prólogo

Tudo começou num dia chuvoso de inverno. Robert acordou cedo naquele dia, na verdade mal pregou os olhos a noite. Ainda sonolento, pôs-se de pé, tomou um banho, desceu para a cozinha, pegou uma torrada e sua xícara – do capacete de Darth Vader – cheia de café que acabara de fazer. Ligou seu celular e deixou tocando rock clássicos dos anos 80 e foi se arrumar. No próximo dia poderia fazer uma grande descoberta científica, mas algo o incomodava, tinha um mal pressentimento, que esperava estar errado.

Foi até sua sala de trabalho, pegou um tablet e clicou na aba de notícias. Abriu-se um pequeno holograma, o design era como o de um jornal. Sentou-se numa poltrona confortável e pôs os pés em cima de uma escrivaninha antiga. Ao redor da sala havia várias lousas digitais, com muitos esquemas e fórmulas matemáticas escritas. No teto havia uma plataforma que se abria para observar o céu, nele havia um telescópio de última geração que Robert utilizava constantemente. Enquanto tomava café, leu a primeira página num site de notícias, onde estava escrito "Robert Hudson, Ph.D.: O gênio mais novo da história, ou apenas o mais louco?", abaixo do título tinha um texto escrito:

"O Dr. Hudson e sua equipe do LANDEC (Laboratório Nacional de Desenvolvimento Científico), em busca de desvendar os mistérios ocultos da ciência, realizará em breve um experimento promissor, que segundo nossa fonte, abrirá um "portal" para o que chamamos de universos paralelos. Os cientistas envolvidos alegam que os experimentos realizados no laboratório, poderão colaborar para um estudo que o Dr. Hudson vem desenvolvendo há anos, sobre sua teoria de "bolhas de sabão". Os mesmos afirmam que se a teoria for comprovada, estariam eles mais próximos de revolucionar o mundo da ciência. Será que o gênio mais novo da física contemporânea irá comprovar o seu valor? Ou apenas provará que é um cientista louco, como muitos falam por aí?"

22 de jun, 2067.

Robert abriu um sorriso – Eu não posso nem propor um absurdo cientifico que já sou considerado louco? Ou isso é porque não tenho vida social? – Se divertia enquanto lia, nunca dera muita credibilidade aquele tipo de notícia, mas sabia que em parte ela estava certa, tirando os exageros estampados é claro. Se o experimento realmente desse certo, e comprovasse sua teoria, de fato seria uma grande descoberta. 

Aos 28 anos, Robert tornou-se um dos cientistas mais jovens a revolucionar o mundo da cosmologia, e claro que a mídia caía em peso com tais afrontas. Porém, a sua teoria era algo muito mais complexo do que aquilo exposto, algo que pesquisava desde a pré-adolescência, motivo pelo qual o fez ingressar nessa carreira. Desde a infância fora um grande amante dos astros celestes, e desvendar os maiores mistérios do universo sempre foi seu objetivo. – De onde viemos? Para onde vamos? Existem outros universos? – Tais perguntas sempre foram pertinentes, nunca aceitou as respostas convencionais ligadas à qualquer religião, por isso passou a dedicar sua vida na teoria do multiverso ou teoria das bolhas. De longe ele era o melhor no que fazia, não era atora que o chamavam de "gênio nato".

Robert ligou uma das lousas digitais na parede, um holograma apareceu formando a imagem do cosmos.

– Ah, o belo universo. – O esquema mostrava uma retrospectiva da expansão do universo desde o big bang. – Vejamos, após se expandir, ok. – Ele mexe em alguns esquemas onde mostra que alguns pontos pararam de expandir, outras prosseguiram. Naquelas em que a expansão continuou, a energia fora convertida em matéria, formando galáxias, estrelas e planetas, entrando em uma única bolha, assim se sucedeu para as demais expansões. Robert assentiu, falando para si: – Isso mesmo, nós e tudo o que conhecemos, estamos contidos em uma dessas bolhas, e cada uma delas representa um universo diferente.

As horas se passaram enquanto Robert revisava simulações. Perdido em seus pensamentos, se assustou quando a música pulou do nada para Metal Health em seu telefone. Agarrou rapidamente o aparelho para atender a chamada, e então um pequeno holograma surgiu em cima, a imagem de uma bela jovem com cabelos presos e roupa social se formou.