Capítulo 25

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Robert

Após Robert colocar sob a mesa um pergaminho com a ascendência real, Hina aponta para a sequência de nomes dos antigos reis de Wendy-fel, e sua linhagem de casamentos da realeza.

– Como podem ver aqui. – Hina vai deslizando seu dedo no papel desgastado de tonalidade marrom, até chegar no atual rei Eliot. – Todos os príncipes foram prometidos e se casaram aos vinte anos, que é a idade para os príncipes regentes casarem. Sobre o atual rei, mostram que de fato, ele estava prometido e pronto para se casar aos vinte anos, entretanto, só se casou com a rainha atual cinco anos depois. Durante esse intervalo de tempo, não se tem registros, diferente dos outros casos da realeza. A pergunta é, por quê?

Todos se calaram um momento pensando na pergunta. Neeko deu um pulo na mesa quebrando o gelo e começou a ronronar perto de Lizzy, que foi a primeira a falar:

– Que estranho, nunca ouvi falar que o rei tivesse tido dois casamentos – fala a sereia, engolindo em seco. Suas mãos estavam um pouco agitadas, mas se acalma quando Neeko passa por elas carinhosamente, a jovem responde com carícias na gata.

– Suponho que ele tivesse uma amante, que não era da nobreza? Afinal, isso é típico dos machos – fala Anne, seguido de olhar fulminante para Alberin. O bardo estava com uma resposta afiada na ponta da língua, mas foi interrompido.

– Exatamente – responde Robert, se sentando, e Neeko sai das mãos de Lizzy e corre para seu colo. – Há vinte anos, o atual rei, que na época ainda era príncipe, estava apaixonado por uma plebéia. O que ninguém sabia, era que essa mulher, na verdade, era uma meia tiefling. – Nesse momento, todos arregalaram seus olhos, Alberin quase caiu da cadeira. – Pois é. Não me perguntem como. Ela era uma das raras descendentes do clã infernal, da última guerra mágica, ou seja, em suas veias corriam o sangue demoníaco do lorde sombrio. Aparentemente não são todos necessariamente do mau.

– Mesmo escondendo sua verdadeira natureza com magia, – prossegue Hina, e todos olham pra ela – o rei tinha noção de quem ela era. Mas o seu pai, Lancelot II, o antigo rei, é claro que não apoiou, pois já havia comprometido o príncipe regente com a princesa Nelita. Meio a pé de guerra com o pai, Eliot descobriu que essa mestiça estava grávida, então fugiu e se casou com ela escondido. Porém, o rei logo descobriu, e fez um contrato com um mago sombrio da época, para que lançasse uma maldição sobre o ventre da jovem, e ela perdesse o filho.

– Que terrível, pobre dama demoníaca. E o que aconteceu depois? – Alberin pergunta.

– Eliot não sabia que seu pai tinha feito isso – responde Hina. – Mas sabia que poderia ter complicações, então levou a jovem para um lugar seguro, no interior de Rochedo, para que as parteiras de lá pudessem realizar o parto em segurança.

– Porém, o maior problema vem a seguir – fala Robert, acariciando Neeko em seu colo. – Como vocês sabem, a descendência real, desde o rei Dallan, é puramente da raça feli-humano, ou seja, híbridos que podem se transformar em algum tipo de felino. Para manter essa linhagem, os membros da realezas sempre procuraram se casar com nobres de mesma acedência mágica. Daí eu pergunto pra vocês, o que acham que aconteceria com um fruto gerado do sangue selvagem dos híbridos e do demoníaco, ainda mais amaldiçoado? – Todos ficaram em silêncio, é claro que não tinham como saberem a resposta pra isso. – Obviamente as coisas deram muito errado. Na verdade, o que ninguém sabia, é que a maldição que o mago jogou, não era uma simples praga, e sim uma barganha com o senhor dos demônios. Em troca de mais poder, ele vendeu o corpo do bebê para que pudesse ser um hospedeiro de alguma criatura selada, provavelmente um dos generais do lorde sombrio. Como sua progenitora herdava o sangue da linhagem demoníaca, seria a casca perfeita. Não é atoa que durante longos anos os tieflings eram caçados e mortos.

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