Capítulo 2

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Robert

Logo após os acontecimentos na floresta sombria, Robert ajudou Hina a levar os Goblins para a estrada de areia no final da trilha, onde havia uma carroça de fazendeiro encostada a uma árvore. 

O sol estava radiante, Robert deduziu que devia ser por volta de meio-dia. Ele se surpreendeu pelo horário, dentro da floresta havia uma sensação de que já estava anoitecendo, era um aspecto sombrio – o que fazia jus ao nome que recebia –, além da temperatura ser mais baixa. 

Robert terminou de amarrar os Goblins em volta um do outro e colocou em cima da carroça. Mas acabou de perceber uma coisa, se aquela carroça pertencia a Hina, como ela tinha chegado até ali sem algum animal para puxá-la?

– Como iremos levá-los?

– Como assim "Como"?

– Deixa eu esclarecer, como diabos é que você planeja fazer essa carroça nos levar até o vilarejo? Voando?

– Ah! Sobre isso. – Hina assobiou e sua gata, Neeko, miou. Em seguida, ela aumentou de tamanho, agora estava quase do tamanho de um touro, se não maior.

– Espera aí, ela podia fazer isso o tempo todo? Então por que não utilizou ela logo de cara contra os Goblins? – Perguntou Robert boquiaberto.

– Por mais que eu quisesse... – Hina fez uma pausa. – Eu não poderia. Neeko é apenas um filhote de sua espécie, ainda não possui tanto poder para lutar contra seis Goblins sozinha, e além do mais, o seu poder também é limitado, precisava dela nessa forma para puxar de volta a carroça.

– Filhote? Ah sim claro, está bem evidente isso – disse Robert com tom de ironia enquanto analisava a gata demoníaca brincando com os galhos de uma árvore.

– É claro que está, não dá pra perceber pelo seu tamanho? É apenas uma bebê, uma linda bebê demi-felino. – A gata deu um miado em concordância, e veio em direção à dona, acariciou seu enorme rosto no de Hina, fechando os olhos feliz e ronronando.

– Demi-felino? Não quero nem saber como você conseguiu uma gata dessas.

– Eu ganhei quando criança, – fala enquanto amarra sua gata demoníaca à carroça – todos os bruxos fazem contrato com algum familiar, ou patrono. Mas não estou afim de compartilhar minha infância com um garoto indelicado como você. É melhor irmos andando, estou morrendo de fome.

De novo me chamando de "garoto"? – Robert não havia percebido, mas também estava faminto. – Não como desde... bom, não sei mas também estou morrendo de fome. – Ele não se lembrava de sua última refeição, mas o gosto de café ainda pairava no seu paladar. Então teve que concordar com a bruxa:

– Concordo, vamos logo. Mas no caminho você precisa me esclarecer muitas coisas. Começando com: por qual motivo você me chama de garoto? Sou bem mais velho que você, sabia?

– Mas essa pergunta é simples, por que você é um garoto – disse de maneira óbvia, em seguida subiu na carroça.

– Enlouqueceu? Eu sou um adulto. – Robert não lembrava de sua idade, mas sabia que era um adulto, em um de seus flashbacks de relance, lembrou de ter visto sua aparência no espelho, e definitivamente era um adulto.

– Adulto? – Com seus olhos azuis brilhando, Hina o lançou um olhar de dúvidas, e retirou de sua bolsa uma espécie de espelho e esfregou-o na cara de Robert. – Desde quando um adulto tem essa aparência?

Robert ficou em choque ao olhar pro seu próprio reflexo, era parecido com o que tinha em mente, mas estava diferente. Não possuía mais aquela barba mal feita, estava sem óculos, um rosto mais limpo... e mais jovem.

O Herói PrometidoOnde histórias criam vida. Descubra agora