Capítulo 26

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Wendy-Fel

Cedo da manhã e as pessoas daquele pequeno vilarejo já trabalhavam com seus afazeres típicos. Na entrada de Liar Vale, Nate estava deitado no gramado sob a sombra de uma árvore, seu chapéu de palha cobria o rosto, a brisa que passava escoava pelo seu corpo. Um ótimo local para relaxar e dormir. O homem de meia ideia, cabelos castanhos e pele bronzeada, foi interrompido do seu cochilo matinal quando uma jovem o chamou.

– Pai! Pai!!! Acorda sô, alá que tá vindo gente. – A garotinha não devia ter mais que dez anos, possuía vestes simples de camponês, seus cabelos também eram castanhos e pele bronzeada, vinha correndo em direção à portaria. Nate pulou do gramado, assustado com os gritos da filha.

– Eu que não fui de rôba o pedaço de frango, Mare – fala sem pensar, depois toma ciência que estava sonhando. – Êta nós, é ôcê Nina? Queres matar seu véio pai de susto, menina? – leva a mão ao coração, depois ajeita o chapéu de palha para se levantar.

– Ôh meu pain, óia lá, os homens da cidade tão vindo acá – fala a garota, apontando para o longe da estrada de terra.

Três cavalos galopavam em trilha, um estandarte com o brasão de uma serpente estampada representava a chegada dos mensageiros do Lorde de Fendir, cidade próxima ao vilarejo, era comandada por um dos vassalos do rei de Wendy-Fel. Ao chegarem na portaria, cumprimentaram Nate, eles estavam com armaduras prateadas, na ponta dos elmos havia um formato de asas de águia.

– Você é o porteiro desse vilarejo? Precisamos que nos levem ao templo do mestre Lano imediatamente – ordena um dos guardas.

– O que cês querem com o mestre? – pergunta Nate.

– Isso não é da conta de um ralé como você – responde o outro guarda se aproximando, e apontando uma espada para o pescoço do homem. – Apenas faça o que te ordenamos, plebeu.

Ocê num fale isso do meu pain, seu feioso – interrompe Nina, jogando uma pedra no elmo do guerreiro arrogante.

– Ora, sua fedelha. – O guarda desce do cavalo e faz menção em atacar a jovem a jovem, porém antes que Nate pudesse evitar, uma segunda voz interrompe.

– Presumo que tenha acontecido algo sério para o lorde Carval necessitar de minha presença em Fendir, mensageiro? – Um senhor não muito idoso, alto, magro e careca, de manto vermelho e voz serena, deu as caras, os guardas pararam ao observar quem se aproximava. Após todos notarem sua presença, o clérigo prosseguiu: – Se quer apenas minha atenção, não tem para quê fazer tumulto aqui, eu irei de bom grado, mesmo que não saiba o motivo.

– Isso nos poupa tempo. – O cavaleiro guarda sua lâmina e se aproxima. Nate corre para pegar sua filha e sair do caminho, deixando apenas o clérigo com os homens da cidade. – Não se faça de idiota, seu velho, sabe muito bem porque estamos aqui. Lorde Carval exige sua presença imediata em Fendir.

– Então o lorde ainda persiste naquele assunto? Ele sabe que não tem as mínimas condições de dar certo. O grande conselho é sábio...

– Você não soube? Na capital parece estar repleto de magias novas e raras. – Um sorriso malicioso é formulado na boca do guarda após terminar a frase.

– Vejo que as notícias correm rápido... – sussurra o mestre.

~∻~

Na grande cidade da Fortaleza de Brugstor tudo parecia calmo, crianças brincavam nas ruas, guardas patrulhavam, mercadores e comerciantes trabalhavam tranquilamente – não era atoa que o lugar fosse o mais seguro e o ponto mais forte de Wendy-Fel, durante séculos a fortaleza serviu como refúgio para guerras. As grandes muralhas forjadas de pedras encantadas pelos ancestrais eram impenetráveis. O forte além de sua grande defesa possuía uma enorme ofensiva à distância, graças aos atiradores artesãos, que desenvolviam armas mágicas em potencial, isso impedia que os inimigos chegassem pelo mar ou fronteiras vizinhas. – Por não estarem em tempos de guerra, e por ser o lugar mais seguro dentro das muralhas, a cidade passou a ser habitável por pessoas comuns, famílias dos guardas, e alguma parte da grande capital.

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