O Herói Prometido

Capítulo 22

Robert

Hina e Robert seguiram o rei, que saiu pela lateral do salão, logo atrás vinham o mestre e o general. Eles foram para uma sala, aparentemente próprias para reuniões, não muito distante dali. Ao adentrar, Brandon fechou a porta. O rei ordenara aos seus súditos que não era pra ser interrompido por ninguém.

Robert olhou para o lado, e viu sua amiga engolindo em seco, ela realmente estava nervosa. Ele tentou não pensar muito em Hina, e no que acontecera entre eles antes, deixaria isso para depois, agora precisava focar apenas no que viria a seguir.

Todos se posicionaram no centro da sala, ao redor de uma mesa oval. O mestre acendeu algumas velas, pois o local era de aparência sombria e estava pouco iluminado, porém não era muito diferente do design do castelo, simples e composto por pedras de tonalidades escuras. Ao olhar em volta, Robert pôde perceber que nas paredes havia muitos esquemas de batalhas, realmente o soberano fazia jus ao seu título.

– Sentem-se – exclama o rei, e todos obedecem. Em seguida, ele cruza os dedos levando-os ao encostar da boca, e olhando atentamente para Robert. – Então você realmente sabe porque está aqui?

– Pra falar a verdade, não exatamente, mas tenho uma teoria. Só não poderia falar na frente de todos. – O rei analisa as palavras de Robert antes de falar.

– Muito bem, conte-me o que sabe – ordena o conquistador, depois de um longo suspiro. Robert se acomoda na cadeira de madeira pouco confortável, e fala:

– Você sabe que eu invadi a biblioteca principal, não é? E que li os manuscritos antigos sobre a magia arcana. Mas mesmo sabendo disso, me deixou livre e impune, a pergunta é por que? – O rei não pareceu surpreso, mas o silêncio foi suficiente para confirmar a afirmação de Robert, que logo prosseguiu. – Foi partindo desse pressuposto que comecei a suspeitar de algo. Não demorou muito para eu notar que estava sendo observado, tinha sempre alguém de olho em cada movimento que minha humilde pessoa fazia, seja na guilda ou na pousada onde estava. Vossa alteza queria ver minha evolução, saber se a pessoa que leu os manuscritos às conseguiu desvendá-los. A linguagem daqueles pergaminhos não é de fácil compreensão, duvido que achasse que qualquer um conseguiria interpretar o que estava escrito, mas e se eu conseguisse? Presumo que o principal motivo para estarmos aqui nesta sala horripilante hoje, seja por algo relacionado a isso.

– De fato, você garoto, já sabe de bastante coisa, isso nos poupa tempo – responde o rei, após um pequeno tempo. Ele descruza os dedos, ficando mais relaxado. – E também conseguiu dominar uma das técnicas em pouco tempo. Muitos mestres tiveram acesso àquele conteúdo, mas apenas um conseguia ler e executá-los com êxito. Pena que, infelizmente, essa pessoa não se encontra mais entre nós.

– Fala do mestre Alisten, não é? Um dos antigos heróis, ele possuía magia arcana, assim como eu. Havia algumas anotações pessoais dele nos pergaminhos. Foram essas anotações que me ajudaram a interpretar aquela linguagem, que além de desconhecida, estava em códigos. Mesmo assim, levei dias, um pequeno desafio, confesso. – Robert se divertia em cada palavra dita, ao olhar a surpresa estampada nos rostos de todos na sala.

– Está me dizendo, – interrompe Deliarc – que você conseguiu desvendar o código de Alisten? Esses pergaminhos foram escritos em linguagem dos ancestrais. Nem mesmo eu, que era seu discípulo, tive capacidade para decifrar tudo dessa língua. O pouco que sei, é fruto de anos de estudo. Simplesmente não consigo acreditar que um jovem moleque como você, tenha conseguido tão rápido.

– Isso só prova o quão incrível eu sou, não é? – se gaba Robert, sorrindo, mas é repreendido pelo olhar mortífero de Hina. – Não esquenta o bumbum com pouca brasa, tio. Digamos que eu tenha facilidade em aprender e desvendar coisas, possuir memória eidética ajuda. Todavia, ainda não consegui decifrar tudo.