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Quarta-feira, 17h20, 2025
Eu mexia no celular incessantemente, jogando um dos joguinhos que que haviam baixado para os middles, sentado numa das cadeiras confortáveis da sala de espera. Estava no front não havia muito tempo: Pauline fizera questão que estivesse aqui para fazer a terapia com Justine, como ela havia pedido.
A música tocava alto no meu fone de ouvido, e ignorei completamente quando vi, pelo canto dos meus olhos, a mulher de cabelos castanhos levemente ondulados nas pontas parou na minha frente, com os braços cruzados sob o busto.
Julian, se você não levantar, eu levanto. Pauline falou na minha mente, em um tipo de ultimato.
Respirei fundo e rolei os olhos com um grunhido, ganhando um olhar severo da mulher em minha cabeça.
Lentamente levantei a cabeça, vendo o sorriso gentil e suave de Justine, a psicóloga que nos atendia. Um sorriso irônico sem mostrar os dentes delineou meus lábios, enquanto eu me levantava, ignorando a incômoda sensação de que eu estava baixo demais para a minha altura real — aquela que eu tenho no headspace — enquanto andava ao lado da terapeuta até a sala em que teria que ficar por cinquenta minutos tentando resolver os nossos problemas internos.
Esperei que a mulher se sentasse em sua poltrona de acolchoado de veludo vinho, enquanto me indicava o sofá cinza claro. Acomodei-me confortavelmente, afundando-me no acolchoado aveludado. Tirei o capuz do moletom que eu usava, pausando a música que tocava no fone de ouvido, e enrolando-o na mão antes de guarda-lo no bolso do casaco, junto com o celular.
Cruzei os braços, encarando a mulher sentada a minha frente, encarando-me com um sorriso gentil.
Seja educado. Pauline falou, severamente.
Não enche. Respondi.
— Olá, Julian. — disse Justine, com seu sorriso gentil e tranquilo, com as pernas cruzadas e uma prancheta de madeira apoiada em sua perna e uma caneta entre os dedos. — Como estamos hoje?
— Da mesma forma que estamos todos os dias. — respondi, sem muito interesse, ainda voltando-me para a mulher.
Ninguém te ensinou sobre boas maneiras, garoto? Perguntou a mulher em meu cérebro.
Por que diabos você está aqui, mesmo? Perguntei à mulher de cabelos loiros mel presos em um cuidadoso coque na base de sua nuca.
— Julian? — a terapeuta chamou a minha atenção, e eu tive que piscar algumas vezes para minha visão se focar novamente. — Tem alguém aí com você?
— Pauline está aqui, enchendo o saco. — respondi, rolando os olhos.
Você rolou os olhos pra mim? Perguntou Pauline, com uma sobrancelha bem delineada e arqueada.
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TDI - Transtorno Dissociativo de Identidade
RandomVocê já esteve em uma situação tão traumática, tão traumática, que não tinha capacidade de aguentar a carga emocional ou física que ela te dava? Uma situação tão ruim, tão ruim, que você achou que não iria sobreviver? Agora, imagine como seria fugir...