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— Não foi tão ruim

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— Não foi tão ruim. — concluí. — Quero dizer, eu sei que outros alteres passaram por coisas piores. Eu já ouvi por aí, mas... — mordi o lábio inferior, olhando para minhas mãos, passando as unhas sobre a pele. — Foi pior depois, quando eu estava na Floresta dos Pesadelos. — sorri de lado, olhando para a minha unha, sentindo-a marcar a pele. — Sabe, ela tem esse nome porque os piores pesadelos de todos nós moram lá. — fechei o sorriso, ainda olhando para a minha mão — Tem lugares naquela floresta que nem eu tenho acesso. Traumas tão fortes que... Nem o Norte poderia acessar. — pisquei algumas vezes, umedecendo os lábios.

Minha visão desfocou por algum tempo, e eu tive que piscar mais algumas vezes para voltar à terapia.

— Você ainda mora na Floresta dos Pesadelos? — perguntou a terapeuta.

— Ah, não. — falei, olhando para a mulher de cabelos castanhos. — Eu sou vizinha do Banguela, no bosque perto do Acampamento.

— O Banguela é um bom vizinho? — sorri, assentindo com a cabeça, e nós duas ficamos em silêncio por algum tempo. — Como é a Floresta dos Pesadelos?

Meu sorriso desvaneceu e eu peguei o cobertor macio que estava em minha mão para me distrair, passando a mão sobre o tecido felpudo, observando o tom mudar de acordo com os movimentos da minha mão.

— Escura. Fria. — suspirei, fechando os olhos. — Assustadora. — sussurrei.

— Você não gosta de lembrar de lá? — abri os olhos, encarando a mulher do outro lado da tela.

— Jade me encontrou lá, no meio daquela floresta. Sangrando. — falei, em um tom mais sombrio — Eu estava presa nessa lembrança, eu estava presa na escuridão. Jade me tirou de lá.

— Entendo. — ela falou, e ouvi o som de algo sendo digitado do outro lado. — Como é a sua relação com Jade?

Ajeitei-me na cama, deixando minha coluna mais ereta e colocando as mãos sobre os meus pés. Eu começava a me acostumar com aquele corpo.

— Eu gosto dela. Quero dizer, ela me tirou de um lugar realmente assustador, de uma situação que eu realmente não gostava, e me ajudou a superar aquilo... Eu acho. — falei franzi o cenho — É um pouco confuso.

— Por que você acha confuso? — a terapeuta perguntou.

— Porque ela estava lá. — franzi o cenho — Ela estava no meio da floresta. Como ela entrou lá? Por que ela me tirou de lá?

— Você deveria perguntar pra ela. Quem sabe se você conversar com ela, você não consiga responder as suas dúvidas? — perguntou Justine, ela sorriu por algum tempo. — Nick, nós vamos acabar a sessão aqui, está bem? Você tem muitas perguntas a serem respondidas, e você precisa de um tempo para refletir, você vai ficar bem.

— Tudo bem. — respondi.

— Então...

Sua voz ficou abafada, e eu senti um enjoo esquisito. Minha cabeça ficou um pouco tonta e distante, e de repente eu não estava no comando. Senti Pauline assumindo o comando enquanto eu saía.

Lorraine estava lá, olhando-me com um sorriso orgulhoso e olhos cheios d'água; Sam me dirigia um sorriso gentil e compreensivo, e foi a primeira a se aproximar; Olívia segurava o braço de Daniel, olhando-me com um olhar orgulhoso e pequenos, com lágrimas escorrendo pelo canto dos seus olhos. E enquanto ela sorria, havia algo estranho...

— Nick? — perguntou Sam. — Está tudo bem?

Meneei a cabeça, enquanto eu encarava Olívia, que começava a demonstrar uma preocupação que eu não havia visto em muitas pessoas em relação a mim. Pisquei algumas vezes, então eu corri.

— Nick! — Daniel gritou atrás de mim, mas eu já estava longe.

Eu corria rápido — ou talvez fosse a minha facilidade em viajar com o vento — e eu não sei como eu passei tão rápido pela cidade e pelo vilarejo. Não, era melhor que eu ficasse o mais longe possível deles. Não queria que eles tivessem acesso a uma quase morta.

Ou talvez eu só estivesse com medo daquele sentimento que começou a crescer.

Mas, como se eu estivesse sendo atraída por um ímã, senti meu corpo ir em direção ao chão. De repente eu era tão pesada e sólida como uma rocha, e senti todo o impacto do meu corpo atingindo o chão — a comprovação de que eu não era realmente um fantasma.

— Nick? — perguntou uma voz familiar acima de mim. — O que você está fazen

Franzi o cenho, ajoelhando-me no chão para me levantar, meu olhar seguindo o movimento, até se encontrar com o de Jade, de pé e me encarando.

— Jade?

— Jade?

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