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Era tão bom ser um dragão novamente, com meus dez metros de comprimento, quase vinte de envergadura, eu podia voar pelo céu do Headspace e ver do alto todos os prédios e casas do vilarejo que tinha mais próximo da floresta onde eu morava, com algu...

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Era tão bom ser um dragão novamente, com meus dez metros de comprimento, quase vinte de envergadura, eu podia voar pelo céu do Headspace e ver do alto todos os prédios e casas do vilarejo que tinha mais próximo da floresta onde eu morava, com alguns animais e a gruta de Nick.

Quase ninguém conhece essa parte da floresta, mas eu gosto de conversar com Nick de vez em quando. Ela é tão doce e calma, fala tão baixinho, o completo oposto de algumas das residentes do acampamento, do outro lado do riacho.

Apesar de serem amigas, e Sam tentar apaziguar a situação na maioria das vezes, Jade e Clarisse viviam tendo atritos, como se a partir do momento em que se encontrassem as faíscas começassem a sair instantaneamente. Era pior do que o fogo que eu soltava quando estava irritado — e nem sempre isso era muito difícil de acontecer.

De qualquer forma, na maioria das vezes, elas começavam a gritar quando eu estava perto de dormir, e sempre perto demais da minha cratera. Parecia um combinado, em que todas as noites — sem exceção — elas deveriam começar a discutir em um tom tão alto que parecia que todos queriam ouvir sua discussão adolescente.

— Qual é o seu problema?! — Clarisse gritou, em uma dessas noites.

Eu abri os olhos, bufando, enquanto me levantava e me espreguiçava, esticando as minhas costas, como se eu fosse um gato.

Olhei para o céu escuro — as estrelas brilhavam no céu, poucas nuvens negras despontavam — e bufei novamente.

Flexionei minhas pernas, impulsionando-me para alçar voo, estendendo minhas asas — ficando no tamanho completo da minha envergadura — e planando até aquele acampamento de adolescentes. Eu as avistei perto de uma fogueira, gritando e discutindo. Rolei os olhos enquanto observava Sam segurar o braço musculoso de Clarisse, alguns centímetros mais alta do que a adolescente de pele negra e cabelos cacheados.

De longe, iluminada pela luz bruxuleante da fogueira, pude ver o reflexo de uma lágrima escorrendo na bochecha cheia e cheia de pequenas sardas, que se espalhavam por suas bochechas e seu nariz.

Suspirei, fechando meus olhos e embicando para o solo, em direção a fogueira feita pelas adolescentes, abri os olhos novamente, somente para pousar no chão perto deles, com os pés descalços tocando a grama macia. Assustei as meninas, apagando o fogo com o vento produzido pelas asas ao pousar. As pontas escamosas e encouraçadas tocaram o chão, e eu tombei a cabeça, virando-me em sua direção.

— Banguela! — elas gritaram, e eu ergui as sobrancelhas.

— Você me assustou. — disse Sam, com a mão no coração, e um sorriso trêmulo nos lábios.

— O que você está fazendo aqui? — perguntou Clarisse, sempre mal-humorada.

— Por que Sam tá chorando? — perguntei, olhando para a humana pequena.

Clarisse cruzou os braços, olhando acusadoramente para Jade, do outro lado da fogueira apagada. Meus ombros caíram instantaneamente quando eu me virei para a adolescente problemática que gostava de usar preto — mesmo em um acampamento em que todos deveriam estar treinando e se exercitando. Respirei fundo uma ou duas vezes, enquanto a morena me olhava com o olhar culpado naqueles olhos azuis cinzentos.

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