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Quarta-feira, 17h20, 2025

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Quarta-feira, 17h20, 2025

Era um prédio comercial como qualquer outro: um consultório psicológico, outro dentista, um escritório de contabilidade e outro escritório de advocacia. Tinha uma placa com todas as indicações dos andares e das salas, e uma jovem de 21 anos estava parada bem ali, na frente daquela placa, tirou os óculos de grau, limpando-os na barra da blusa, antes de colocá-los de volta.

Ela entrou no prédio, passando pela portaria, dando um estranho sorriso gentil à mulher que chamou seu nome, não a reconhecendo de primeira, e caminhou em direção ao elevador, apertou o botão para subir e segurou a alça da bolsa, transpassada em seu peito. Sabia que estava indo para o seu bem, e se sentia um pouco melhor, mais preparada para assumir algumas coisas que tinha tentado tirar de sua cabeça, no entanto...

A porta dupla e metálica do elevador se mexeu, abrindo-se e expondo aqueles que estavam saindo do elevador, e ele podia não tê-la reconhecido ― afinal, as pessoas mudam muito dos 14 anos aos 25 ― mas claramente alguém o fez.

Seus olhos se arregalaram e seu coração acelerou, ao mesmo tempo que sua visão começava a ficar embaçada. "De novo não", pensou, enquanto sentia o puxão no fundo de sua mente, como se a estivessem afastando daquilo. Mas isso foi tão rápido: logo não estava mais no controle de seu corpo, outra pessoa puxava as rédeas, e por alguns instantes achou ter visto uma menina olhar o homem que estava ali, passando, com os olhos cheios d'água.

Eu pisquei algumas vezes, sentindo a dor de cabeça que sempre vinha com essas trocas súbitas que tínhamos de vez em quando. Engoli o líquido amargo que subiu pela minha garganta e lágrimas escorreram pelos meus olhos, enquanto sentia seus dedos apertando em volta do meu braço, possessivamente.

Juro que tentei lutar contra as memórias, mas elas continuavam voltando. Eu não queria que ele me tocasse, aquilo era tão errado. Doía. Era sujo.

Isso vai ser o nosso segredinho, está bem? ouvi-o dizer em meu ouvido, e eu automaticamente virei o rosto, sentindo meu coração apertado e acelerado no peito. ― Eu não quero te machucar.

Por favor... Pedi, em minha mente.

― Moça? Está bem? ― senti uma mão tocar em meu ombro, e eu dei um sobressalto, arregalando os olhos em direção a mulher que havia acabado de falar comigo.

― Por favor, não faça nada comigo. ― disse, com a voz embargada, apertando meus próprios braços, sentindo os toques nojentos daquele homem pelo meu corpo.

― Ei, o que está acontecendo? ― ouvi a moça da portaria dizer, aproximando-se, e eu o vi virar-se para trás, dando um olhar de relance em nossa direção, e meu coração ficou ainda mais rápido.

― Eu não sei, ela parece estar tendo um ataque de pânico. ― ouvi a mulher que tinha falado comigo antes dizer.

― Ei, ei, está tudo bem. ― engoli o seco, enquanto lágrimas escorriam dos meus olhos, e um torno apertava em volta do meu peito, deixando mais difícil respirar. ― Você é paciente da doutora Justine Wallace, né? Eu vou te levar lá, tudo bem? Você está segura, ninguém te fará mal.

Colline, está tudo bem, ele não pode te fazer mal.

― Eu posso encostar em você? ― a moça da portaria perguntou, gentilmente, e eu coloquei a ponta do polegar na boca.

Ela não quer te fazer mal, Colline, pode confiar nela, está bem?

Eu assenti, relutantemente, deixando que a moça baixinha esfregar um dos meus braços, enquanto me acompanhava até o elevador.

― Está tudo bem. ― ela me garantia. ― Nós vamos até o consultório da doutora Wallace, e lá você vai poder tomar um copo de açúcar, vai ficar tudo bem.

Eu assenti, ainda com a ponta do polegar entre os dentes e lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

A mulher continuava a acariciar o meu braço, enquanto eu fechava os olhos, para não encarar o meu reflexo no espelho ― isso sempre me deixava um pouco desnorteada, afinal, aquele não era o meu corpo, não era como eu gostava que fosse o meu corpo. Dentro da nossa cabeça eu era pequenininha, tinha cabelos um pouco mais escuros e mais compridos, e não usava óculos.

Ouvi o plim do elevador e o som alto das portas se abrindo, e eu abri os olhos, soluçando algumas vezes antes de dar alguns passos relutantes em direção ao corredor do consultório da nossa psicóloga.

Não sei se deu pra perceber, então eu vou deixar uma explicação aqui, só pra deixar mais claro mesmo: a narração na 3ª pessoa é a narração da pessoa (alter) que leva o nome legal do corpo (dividido por todos os alteres que aparecerão, eventualment...

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Não sei se deu pra perceber, então eu vou deixar uma explicação aqui, só pra deixar mais claro mesmo: a narração na 3ª pessoa é a narração da pessoa (alter) que leva o nome legal do corpo (dividido por todos os alteres que aparecerão, eventualmente, na história), e eu não vou divulgar o nome dela ainda porque... Olha... Enfim. 

Quando passa pra narração da 1ª pessoa, já é a Colline no comando. Houve uma troca ali (e eu não sei exatamente se ficou clara, mas ela fica clara em outras partes do livro), e outros alteres ficaram co-conscientes com a Colline, porque, bom, ela é uma criança after all, e não deve andar por aí sozinha desacompanhada de um adulto responsável. 

De qualquer forma, outra explicação que eu quero dar é que, no capítulo anterior, na capa, eu coloquei que o texto sem negrito, e em itálico são os pensamentos de Loki e isso vale para o capítulo inteiro.

É isso :3

É isso :3

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