Sexta-feira, 14h, 2027
Sentei na cama e acenei para a moça do outro lado da tela. Ela era bonita, de um jeito diferente. Com os cabelos ondulados e castanhos, e, sim, eu já a conhecia, mas eu não lembrava o seu nome — fazia alguns meses que eu não a via.
— Oi! — falei, sorrindo para a moça e ela franziu o cenho. — Sou eu, o Eli, tia!
— Ah! Oi Eli, como você está? — ela perguntou, anotando qualquer coisa em seu notebook. — Faz muito tempo que não te vejo na terapia, o que aconteceu?
— Tia, você sabia que nós temos um acampamento muito, muito, muito legal? — falei, empolgado, pulando um pouco na cama.
Depois, quebra a cama e não sabe porquê. Flynn falou na minha cabeça e eu parei de pular, bufando.
— Eu tinha esquecido quão chato o Flynn é falando na minha cabeça. — falei, rolando os olhos e a psicóloga sorriu do outro lado da tela.
— Flynn falou com você agora? — ela perguntou e eu assenti. — O que ele disse?
— Ele disse que eu tinha que parar de pular na cama.
— E você acha que ele estava errado? — perguntou...
Qual é o nome dela mesmo?
Justine. Flynn disse em um tom cansado — era a terceira vez que eu perguntava.
— Não é que eu ache que ele está errado... É só que... — dei de ombros. — É chato. Ele sempre quer estar certo quanto a tudo, e exige que as coisas sejam do jeito dele, sempre e sempre.
— Eli, você está com quantos anos mesmo? — perguntou ela, com o cenho franzido.
— Oito, tia. Você já esqueceu? — perguntei.
— Eu? Já. São tantos pacientes que eu não lembro a idade de nenhum, acredita? — ela falou, e eu pude ouvir o som dela digitando alguma coisa em seu computador do outro lado da tela.
Além disso, você estava com 12 anos quando você falou com ela a última vez.
Paraaa! Falei, inconscientemente fechando minha expressão do lado de fora também.
— Aconteceu alguma coisa? — Justine perguntou de novo.
— O Flynn está enchendo o saco de novo. — rolei os olhos e mordi o lábio por alguns instantes, então arregalei os olhos novamente quando me lembrei de algo que eu queria falar. — Nós nos mudamos! Pra uma casa enoooooorme!
— Ah! Eu fiquei sabendo! — disse ela e se aproximou mais da tela do computador do outro lado — E aí, como foi a mudança pra você?
— Foi legal. Sabe o que a gente tem aqui? — falei, pegando o computador e levantando da cama onde eu estava sentado.
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TDI - Transtorno Dissociativo de Identidade
RandomVocê já esteve em uma situação tão traumática, tão traumática, que não tinha capacidade de aguentar a carga emocional ou física que ela te dava? Uma situação tão ruim, tão ruim, que você achou que não iria sobreviver? Agora, imagine como seria fugir...