1 semana antes de tudo desabar (8 anos atrás)
— Vá para o seu quarto! — ouvi ele gritar, sentada no chão onde eu havia caído por causa da força com que ele havia me empurrado. Também sentia meu braço doer, onde ele tinha me puxado com força, logo acima do cotovelo, e sabia que haveria uma marca ali, que eu teria que esconder com uma manga no dia seguinte. — Quem te deixou sair com aquele moleque?! E pior! Com essa roupa! Quem foi o idiota que te deixou sair assim?
Suspirei, levantando lentamente e olhando para o homem que continuava a gritar comigo, praticamente cuspindo em minha cara. Olhei para a mulher encolhida na porta da cozinha — ela nunca falava nada, só olhava, e, às vezes, desmentia tudo o que eu dizia. Eu já estava acostumada com seu comportamento covarde e arredio, mas mesmo assim, uma parte de mim insistia em perguntar silenciosamente: Você não vai fazer nada? Mas ela nunca fazia.
— Olhe pra mim enquanto estou falando com você! — senti o tapa arder em minha cara e eu pisquei algumas vezes.
Esse babaca bateu na gente? Banguela falou em nossa cabeça, e eu tive que forçar um pouco para que ele se afastasse.
— Quer se vestir como puta? Então será tratada como puta! — ele agarrou meu cabelo bem perto do couro cabeludo. Eu fechei os olhos, sentindo meus olhos queimarem com as lágrimas por baixo das pálpebras.
Ele me arrastou até o sofá de couro de dois lugares, jogando-me ali com a cara enfiada entre as almofadas beges. Ouvi o som de metal contra metal — ele estava desafivelando o cinto — e eu pude sentir a pontada de dor de cabeça que vinha junto com a aproximação de Banguela, e sua tentativa de tomar o controle do corpo, mas eu não podia deixar, ou seria tudo pior.
Ouvi o som de tecido rasgando e o vento feito pelo ventilador em minhas costas, então veio o estalo.
Um estalo alto e forte, que fez minha pele arder em chamas, e uma lágrima escorrer pela minha bochecha.
Mais um estalo. A pontada de dor de cabeça ficou mais forte, e os sentimentos de Banguela se confundiram com os meus, então eu estava com raiva, e, então, a dor se tornou suportável.
Enquanto eu subia pela escada até o segundo andar, tentava absorver tudo o que aquele homem tinha nos dito e nos feito naquela noite, e porquê.
A blusa que eu usava — uma regata comum, branca, com um decote em V — tinha sido largada no chão da sala, aos farrapos. O short... Um short jeans normal, que não cobria nem metade da minha coxa — talvez tivesse sido isso que o fez ficar com tanta raiva — e os sapatos... Bom, eram tênis que um dia já foram brancos, mas agora estavam em um tom de bege sujo.
Suspirei, entrando no banheiro e tomando banho e lavando o sangue que havia escorrido das feridas rasas que ele havia aberto com o cinto. Ardia, mas era suportável.
E era pouco mais de meia noite quando ela bateu na minha porta.
Ele devia estar dormindo — pude ouvir o zunido do ar condicionado vindo do outro lado do corredor — para ela estar ali, com uma caixa de primeiros-socorros e um sorriso culpado e sem graça nos lábios. Eu a olhei, perguntando-me porque não havia ninguém ali em meu lugar.
Você vai ficar bem. Flynn disse, e eu senti um calor ameno aquecer meu peito, e eu pude sorrir minimamente para a mulher baixinha de quadris largos, autorizando-a a entrar em meu quarto e tratar os ferimentos em minhas costas. Eu estou aqui com você.
Subi a blusa do pijama de seda que eu havia colocado, exibindo os riscos suaves que o cinto havia feito em minhas costas e me deitei de bruços na cama, com a bochecha apoiada no travesseiro de fronha de algodão.
Obrigada. Falei para Flynn, com os olhos fechados e fazendo algumas caretas com o ardor da pomada.
E, não sei se foi ali, oito anos atrás, que tudo começou, mas sei que em algum momento eu estava completamente apaixonada por aquele ser humano de olhos monólidos, cor de chocolate.
And if you let go, I'll float towards the sun
I'm stronger 'cause you fill me up
But when the fear comes and I drift towards the ground
I am lucky that you're around
Bom dia meus Cutepies
Como vocês estão? Espero que estejam curtindo esses novos capítulos que eu estou postando.
Talvez daqui a algum tempo eles passem por alguma revisão, mas por enquanto...
É isso, gente. Estou reorganizando algumas coisas da Backstory de TDI, para ver se eu consigo voltar a escrever, e agora que eu estou de recesso na faculdade, talvez venham mais posts com alguma frequência.
Outra coisa que eu gostaria de falar é que na playlist do Youtube (o link está no Perfil do autor), tem o vídeo de uma linda dançarina dançando essa música. Eu vou colocar o vídeo aqui embaixo pra vocês poderem apreciar a coreografia.
Vejo vocês na próxima!
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TDI - Transtorno Dissociativo de Identidade
RandomVocê já esteve em uma situação tão traumática, tão traumática, que não tinha capacidade de aguentar a carga emocional ou física que ela te dava? Uma situação tão ruim, tão ruim, que você achou que não iria sobreviver? Agora, imagine como seria fugir...