Nós chegamos na floresta e o céu ainda estava claro, e isso era o que eu mais gostava do nosso mundo interior — não importava quão longe parecesse, sempre chegávamos em alguns minutos. Então lá estávamos, atravessando o riacho que Acqua gostava de nadar, tomando o maior cuidado para não cair nas águas geladas que só aquela sereia e seu golfinho conseguiam nadar.
Nós atravessamos algumas árvores da campina que dava para o acampamento, e lá estávamos, na entrada com um arco de pilares gregos e uma placa de madeira desgastada.
— Será que ela vai nos receber? — perguntei, animado, enquanto praticamente corria em direção à casa grande, onde eu, Jade e Sam ficávamos enquanto estávamos no acampamento.
Quero dizer, nós não éramos alteres baseados em personagens fictícios — pelo menos não eu, ou a Sam, mas a Jade também não era do universo de Rick Riordan — então não éramos semideuses, de fato, e, na verdade, nós até que podíamos ficar em um dos chalés, mas... Bom, como não fazemos parte desse universo, nós respeitamos o espaço deles, né? Então nós temos os nossos próprios quartos na Casa Grande.
Só que já era de tarde, e Sam não estaria em seu quarto. Não.
Nós caminhamos pelos campos de morangos até o campo de vôlei, então até os alvos, onde sempre estavam os filhos de Ares — e Sam — por volta desse horário da tarde. E lá estava ela, junto com Clarisse, em sua armadura metálica com alças de couro, segurando o arco com a flecha, puxando a corda e, então, soltando a flecha.
— Ela está bem ali! Vamos Flynn! — falei, puxando meu irmão adotivo pela mão.
— Não, não! Eli! — ele me puxou de volta, e eu o encarei, franzindo o cenho.
— Que foi? Ela está ali! Você só tem que falar com ela.
— Não é tão simples... Ela está realmente brava comigo.
— O que você fez? — perguntei, cruzando os braços e encarando-o da mesma forma que ele costuma fazer comigo quando está me dando bronca.
— Ah, não! Não me olhe assim. — ele pediu — Eu não fiz nada demais e...
— Flynn? — ouvimos o som da voz de Sam atrás de nós e eu me virei, sorrindo para ela e correndo para ir abraçá-la. — Eliott? O que vocês estão fazendo aqui?
— Eu vim conversar com você! — falei, abraçando seu tronco um pouco mais alto que eu.
— Você tudo bem, mas o que ele está fazendo aqui? — Clarisse se meteu, indicando Flynn com a cabeça com desdém.
— Eu só vim trazer ele. Já estou... — Sam o interrompeu.
— Você não quer lanchar? — a morena perguntou. — Daqui a pouco a trombeta vai soar, por que você não fica para o jantar?
Eu sorri e me aproximei de Flynn, pegando sua mão e fazendo um pedido silencioso — que eu esperava ansiosamente que ele tivesse entendido — para que ele aceitasse ao convite de Sam.
Ele me olhou por alguns instantes e suspirou, assentindo suavemente com a cabeça, com uma expressão de derrota no rosto. E eu sorri.
— Isso! — comemorei, jogando uma mão para o alto e me aproximei de Clarisse, puxando-a para outro lado. — Vem, vamos treinar.
— Treinar o que menino? — Clarisse disse, enquanto eu a arrastava em direção à arena.
Bom, talvez eu tivesse sido um pouco egoísta em empurrar Flynn para Sam, porque eu gostava muito dela e queria que ela voltasse para a vila — afinal, é lá que fica sua casa e... Bom, nós formávamos uma família, apesar de tudo. Além disso, Flynn estava simplesmente miserável sem ela por perto — quero dizer, ele continuava muito chato, mas ele estava muito mais mal-humorado que o normal, e ranzinza.
E no tempo em que estive no acampamento, e a Sam também estava aqui, ela também parecia triste e mais sensível que o normal — e isso não tinha nada a ver com o fato da Jade ficar enchendo o saco dela e da Clarisse, ou com as brigas intermináveis delas duas. Tudo bem, seu semblante sempre ficava extremamente cansado quando tinha que mediar uma briga delas duas, mas ela parecia...
— Você nem está prestando atenção! — Clarisse explodiu, jogando o escuto e a espada no chão. — Por que diabos pediu pra vir treinar comigo se você nem presta atenção?!
Eu ia dizer alguma coisa em minha defesa, mas não tinha mais o que falar — eu não gostava muito de lutar com uma espada, preferia o arco e flecha, como a Sam — só queria que ela ficasse longe do casal, porque... Bom, eles precisavam conversar.
Para colocar um ponto final naquilo tudo ou escrever uma nova canção, eles precisavam revisar a cifra e ver o que poderiam fazer para adaptar.
E aí, gostaram do trocadilho?
HEY JUDE, DON'T LET ME MAD
Como vão, criaturas de bem? Não que eu queira insinuar alguma coisa, nem nada do tipo...
É só pra dizer que vocês são criaturinhas legais, certo?
ENFIM!
Só pra dizer que eu gosto muito de vocês e é isso.
Como foi o dia de vocês? O meu foi... Cansativo, mas pelo menos eu não tive prova, o que foi um ponto altíssimo!
Enfim.
Boa noite
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TDI - Transtorno Dissociativo de Identidade
RandomVocê já esteve em uma situação tão traumática, tão traumática, que não tinha capacidade de aguentar a carga emocional ou física que ela te dava? Uma situação tão ruim, tão ruim, que você achou que não iria sobreviver? Agora, imagine como seria fugir...