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Kaylane:

Ouvir aquelas barbaridades e ficar calada não é pra mim. Então abri minha boca.

—E você uma suja, sua família inteira é...

—Limpe sua boca pra falar da minha família! — apontei o dedo pra ela. — Somos pessoas dignas e honradas que não precisamos recorrer a promessas pra ter o que queremos.

—Está me dizendo que queria meu filho...

—Ow não, não, não, eu não o queria, eu o quero, e ele é meu.

—Eros eu te proíbo de...

Eros começou a rir histérico, apertei sua mão preocupada.

—Quantos anos acha que tenho?— perguntou ele.

—Ainda é meu filho e...

—Mande em Ares, ele é seu filho.

Eros me puxou pro quarto dele, passou outra água no corpo e se vestiu, ele estava brabo, não deu uma palavra e fazia tudo com raiva, pegou uma mochila e começou a jogar algumas roupas dentro. Pegou a carteira e o laptop. Pegou minha mão. Eros estava tão furioso que nem me olhava. Ela estava sentada no sofá chorando, Ares passava as mãos em suas costas.

—Onde pensa quê vai? — gritou sua mãe.

—Não é da sua conta!

—É sim, eu ainda te sustento...

—Não preciso mais de seu dinheiro...

—Ah, claro, a mecânica graxenta vai te sustentar! — ironizou ela.

Eu ri com deboche, Eros deu um passo pra frente e o puxei pela mão.

—Não gaste mais sua saliva meu amor! — ronronei. — Vamos, quero te levar pra se divertir.

—Ah, claro!

Eros pegou a chave da camionete e ela apontou pra chave.

—Se não fosse por mim nem carro você teria...

Peguei a chave da mão dele e joguei nela.

—Enfia no cu! — Falei. — Eros não precisa de um carro velho, e não precisa do seu dinheiro.

Abri a porta o fazendo sair na minha frente.

—Virou gigolô...

—Agora eu sei porque a Sarah não a quer se metendo na festa de casamento e menos ainda em sua vida! — bati a porta é peguei a mão de Eros.

Essa foi uma facada no peito dela, aí como sou má. Entramos no elevador e Eros calçou a cabeça no espelho, peguei meu celular e coloquei uma música remixada, comecei dançar como se tivesse numa festa, Eros me olhou e sorriu largo, peguei sua mão girando em baixo de seu braço.

—Você dança depois de uma brig...

—Shiii!— o calei com o dedo. — Só curte!

Ele soltou a mochila e segurou a minha cintura dançando comigo, o elevador abriu e ele riu me pegando no colo com um braço e com o outro pegou a mochila, saímos do prédio nos beijando. Abri o Baby Blue e lhe joguei a chave.

—Pra onde senhorita Black?

—Vamos pra oficina!

Enquanto ele nos levava pra oficina pedi um táxi por mensagem. Abri o portão e ele estacionou dentro da oficina.

—Tava planejando me trazer...

—Shiiii... Guarda essa grana aqui no seu bolso pra mim e meu celular?

—Claro, mas...

—Shiii... — falei rindo e o levando pra fora da oficina, bem na hora o táxi chegou. Entrei já dando o endereço em voz baixa antes de Eros entrar.

—Vai custar uns...

—Aqui! —lhe dei 100 dólares. —Isso resolve?

—Claro!

—Onde vamos? — sussurrou ele e o beijei, ele retribuiu, me acariciando. — Me conta porque estamos saindo da cidade?

—Eu quero te ver feliz hoje!

—Lane...

—Adoro quando me chama assim...—sussurrei em seu ouvido e passei a mão por sua calça no escuro, já estava pronto pra mim.

—Você acaba comigo desse jeito!— sussurrou, passando a mão por minha coxa.

Enquanto namorávamos não vi a hora passar, chegamos em frente a balada que tava lotada.

—Você me trouxe pra uma balada? —perguntou perplexo.

Peguei sua mão e agradeci o taxista, fui pra fila com ele. A música aqui fora já nos fazia dançar imagina lá dentro. Fiquei o beijando e dançando na fila. Quando chegou nossa vez.

—Seus documentos! — disse o segurança enfiei a mão no bolso de Eros e peguei meu celular, tirei a carteira da capinha ele olhou desconfiado.

—Olha é bem verdadeira, fiz 18 tem pouco tempo e essa é minha primeira balada, vim da cidade vizinha, não me faz...

—Tudo bem gatinha, aqui! —disse ele sorrindo. — Divirta-se.

—Quer os meus documentos também? —perguntou Eros.

—Pode entrar.

Lá dentro não se ouvia nada a não ser a música, o arrastei pra pista de dança, caramba isso aqui é demais, comprei um drink num copo enorme pra nós dois.

—Marguerita? — gritou em meu ouvido.

—Meio litro! — gritei.

Dançamos muito, ficamos alegremente bêbados, já estava amanhecendo quando saímos da festa. Fomos pra um hotel ali perto e apagamos. Acordei com o telefone tocando.

—Alô? — falei com voz de sono.

*Kay, estão bem? — perguntou Sarah.

—Sim, estamos em um hotel, assim que eu acordar nós voltamos pra casa.

*Kay por que Ares disse que Eros fez a mamãe chorar?

—Ares é um fofoqueiro mentiroso e ardiloso, se alguém a fez chorar fui eu!

*Ela não me atende!

—Só falei verdades! — falei rindo.

*Kay...

—Cunhadinha eu te amo tanto, me deixa dormir mais um pouco vai?!

*Ok!

Eros me puxou pra seu peito onde apaguei novamente.

...

Acordei e vi Eros fitando o teto, uma das mãos atrás da cabeça e a outra me envolvendo.

—Para de pensar ou seu cérebro vai pifar! — falei o fazendo sorrir.

—Só tem uma coisa que me faz parar de pensar! — murmurou ele.

—Eu sei o que é, só preciso ir no banheiro primeiro! —falei me levantando e correndo pro banheiro.

Fiz bochecho com água mesmo, entrei pro chuveiro, o box se abriu e um Deus grego entrou pra tomar banho comigo.

—Nunca me diverti tanto em uma balada quanto esta noite!

—Posso dizer o mesmo! — falei o fazendo rir. — E você vai ter que me ajudar a pôr aquele vestido de novo.

Eros molhou os cabelos e me puxou pra um beijo debaixo d'água, prensada contra a parede gelada do banheiro, e ali fui sendo encaixada bem devagar, suspirei quando o senti completamente dentro de mim.

—Eu...

—Amo você! — me interrompeu ele, me levantando devagar— Amo além desta vida. — Desceu-me lentamente.

E assim lento e tortuoso ele me amou, como se o mundo pode-se acabar e nós não estávamos nem aí.

Coração MecânicoOnde histórias criam vida. Descubra agora