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Eros:

Louco, ela me deixou completamente louco. Então me dei conta que os medos dela são a de qualquer garoto adolescente, não creio. Respirei fundo me acalmando, e resolvi deixar como está, a ajudei, mais de duas horas até o fim da operação, e finalmente quando desliguei a máquina a vejo pulando, beijou o motor riu até perder as forças e cair de joelhos, e começou a chorar, eu ia deixa-la em paz, mas não pude deixá-la chorando, me joguei de joelhos a seu lado e a abracei ela apertou meus braços chorando e ria de vez em quando. Sentei no chão a puxando pro meu colo, ela passou os braços no meu pescoço, e a deixei em paz, mas não sozinha. Quando ela se acalmou, limpou o rosto e olhou em meus olhos.

—Obrigado!—sussurrou ela.—E desculpe pelo meu ataque de histeria, nem sei o que explicar tudo o que estou sentindo agora.

—Não precisa se explicar.

—É um misto tão grande aqui dentro, sente.—ela pegou minha mão e a colocou sob seu peito, o coração estava a mil.—Eu sei que parece uma bobagem Eros. . .

—Não, não é!

—É meu pai . . .—sussurrou ela.—É como se ele estivesse mais perto e. . . eu não sei o que fazer quando ele estiver pronto.

Ela apontou pro carro.

—Vai dirigir ué.

—Ele não me contou o que mais íamos fazer com o carro, ele só me contava como íamos restaura-lo juntos, mas não o que ele ia fazer depois.

—Eu sei o que podemos fazer, está precisando de um ajudante sem experiência louco pra aprender?

Ela sorriu.

—Você?

—Eu!

—Com essas mãos suaves e . . .

—Acha que minhas mãos são delicadas?—falei fazendo cócegas nela.

—Para Eros kkkk

—Sou rato de academia garota, não tenho calos porque uso um creme esfoliante nas mãos, se não, teria mais calos que você!

—Jura?!—ela olhou as próprias mãos e coloquei a minha aberta em cima das dela, ela passou os dedos no centro da minha mão.—É tão gostosa e macia.—Ela levou minha mão a sua bochecha, esfregou os lábios na minha palma.

Que sensação maravilhosa.

—Aceita?—sussurrei.

—Aceito, se me der o nome do tal creme!

—E deixar de sentir seus calos acariciando minha pele, nem pagando.

Ela riu.

—Idiota!

Seu estômago roncou e nós demos gargalhada.

—Vamos tomar café?—convidei.

—Ou almoçar?

—Café e depois almoço!—falei.

Me levantei com ela no colo e a coloquei de pé na minha frente. Depositei um beijo em sua testa.

—Prometo ser o melhor assistente do mundo.

—Não deixe Dean saber, ele já me pediu várias vezes e eu neguei.

—Eu perco minha vaga se eu perguntar por que eu fui aceito?

—Gosto de. . .das suas mãos!—brincou ela.

Desta vez foi meu estômago que roncou e a levei até meu carro.

—Não quer andar no Baby Blue?

—Amo ele, mas quero que me conheça mais um pouco!—ela levantou uma sobrancelha.—Como amigo, quero que me conheça melhor!

—Tá bem, vou fingir que acredito!

Abri a porta pra ela entrar e ela sacudiu a cabeça enquanto entrava, fechei a porta e fiz a volta.

—Tem algum lugar bom pra tomar café aqui?

—Tem, dobra a esquina aqui!-apontou ela. E foi me guiando até chegarmos a uma lanchonete.

—Doces sonhos?

—É aqui que tem o melhor capuccino da cidade, o melhor sonho do mundo e o melhor misto quente do universo.

—Quero experimentar tudo isso que você falou.

—Então vamos!

Não me deu tempo de abrir a porta do carro pra ela, mas corri na frente pra abrir a porta da lanchonete. O cheiro de pão, queijo, café e canela me assaltou na porta.

—Humm. . .

Lane gemeu ao mesmo tempo que eu quando entramos na porta.

—Bom dia minha querida!-disse um rapaz pouco mais velho do que eu.

—Bom dia Ítalo!—ela o abraçou e ele a girou no colo.

—O de sempre?—perguntou a soltando no chão.

—Sim por favor, mas hoje dobrado!—ela fez sinal de 2 dedos.

—Finalmente trouxe seu namorado pra gente conhecer.

—Nã. . .

—Eros!—a cortei estendendo a mão—Me chamo Eros.

—Mama mia o Deus do amor em nossa casa!—disse ele.—Mama?

—Nona?!—disse Lane abraçando uma senhora.—Voltou quando?

—Ontem mesmo, como passou esses dias?

—Muito bem, conheci um novo amigo, este é Eros!

—O Deus do amor em nosso teto!-a mulher estendeu a mão pra mim.—Sou Carlotta, Nona emprestada de Kay.

—Já que eu não tenho uma avó, eu fiz ela me adotar!—brincou Lane abraçada a mulher.

Entrou outros clientes e eles se despediram enquanto nós fomos pra uma mesa perto da janela da frente. Lane colocou os braços atrás da cabeça recostando-se.

—Amo este lugar, estás pessoas!

—E de comida Italiana!

—Sem dúvida, vai descobrir que está no bairro mais italiano da cidade, muitos colonos vieram pra cá a muitos anos.

—Vejo que vou ganhar uns quilos a mais!—falei vendo Ítalo trazendo uma bandeja enorme com duas xícaras enormes de café fumegando, colocou na nossa frente, ovos mexidos, misto quente, sonhos, uma torta de maçã, pão doce com cheiro de canela, geleia, queijo e manteiga. Olhei para Lane apavorado enquanto ele esfregava as mãos uma na outra sorrindo para a comida.

—Grazie Ítalo!

—Buon appetito!

—Eu não sei nem por onde começar!—confessei.

—Pelos ovos!—disse ela pegando ovos mexidos e enchendo a boca, e deu uma mordida no misto quente junto. Ela me olhou e sorriu cobrindo a boca com a mão.—Vamos tente!

Beberiquei o café primeiro, delicioso, tomei mais um pouco então fui aos ovos primeiro, eram temperados com alguma coisa que não faço ideia, Lane cortou um pedaço de queijo branco e passou geleia nele e o colocou todo na boca gemendo. Apesar das feridas, Lane saboreava a vida, ela tinha prazer em viver, ela pegou outro pedaço de queijo e fez o mesmo.

—Abre a boca!—disse ela mastigando um pedaço de torta, abri a boca e ela enfiou todo o queijo na minha boca.

—Humm. . .

—Bom né?!

—Hurumm!

Como cabe tanta coisa dentro daquela garota era uma informação que eu queria saber. Mas não tive coragem de perguntar.

Coração MecânicoOnde histórias criam vida. Descubra agora