Coração Mecânico

75

Eros

Achei muito estranho Lane sair com Lohan sem nem me dar um beijo, e ainda mais pra comprar um presente. Lane nem é chegada nessas coisas. Cheguei em casa e nada deles. Tomei banho e fiquei esperando no sofá com Sian dormindo em cima de mim. Eu acariciava sua bochecha com o indicados, será que meu filho vai ser igual a ele, afinal de contas ele é Wood Black, tem o mesmo sangue que teria meu filho com Lane. Incrível a quantidade de acasos que a vida nos proporciona. Estou noivo da cunhada da minha irmã e sou cunhado do meu cunhado em dose dupla. Ri pensando essas colocações.

—Vamos jantar? — chamou Sarah tirando Sian de cima de mim com cuidado.

—Vamos! — lhe dei um beijo e fui abraçado com ela até a bancada. Yuri colocava os pratos de pizza na bancada. Não vi pizza alguma, lavei as mãos na pia da cozinha, então Lane e Lohan chegaram com as caixas de pizzas. Os dois rindo, fiquei feliz em vê-los tão alegres. Dean sentou sem lavar as mãos e Yuri o correu, Jean ficou rindo dele, Ali sentou ao lado de Sarah mostrando algo no celular. Então Lane colocou as caixas na minha frente.

—Abre aí! — disse ela casualmente.

Abri a caixa tinha a foto de um ultra, do perfil de um bebê e dizia "Parabéns papai!"

—Dean acho que a pizza é pra... — Lane abaixou a tampa da minha mão, colocando um par de sapatinhos de lã cor de rosa. Meu peito parecia uma britadeira, olhei em seus olhos pra ver se o que eu estava pensando era verdade, eu vou...

—Eros?!

Acordei no chão com Yuri esfregando álcool nos meus pulsos, Lohan abana a uma caixa de pizza na minha cara. Consegui abrir os olhos, eu via Lane ajoelhada em meus olhos com as mãos na boca, mas ela parecia querer rir.

—O que ouve? — minha garganta ardeu.

—Você desmaiou! — disse Yuri me fazendo cheirar a mão dele com álcool.

—Eu... Eu...—por que eu desmaiei, o que acontece... — Eu vou ser pai!?! — eu estava gritando.— Eu vou ser pai!

—Vai se não desmaiar de novo! — disse Lane.

Comecei a chorar a puxando pra cima de mim e a abraçando.

—É uma menina! — Sussurrou ela em meu ouvido.—Tem o seu nariz levantadinho.

—Céus! — falei começando a chorar como uma criança pequena. Eu vou ter uma filha, uma mini Kaylane, um fruto do nosso amor, eu não tenho como ficar mais feliz, é impossível uma felicidade maior do que a que estou sentindo.

Lohan e Yuri me levantaram do chão, minhas pernas estão bambas. Me apoiei na bancada pra me sentar, peguei o ultrassom, só da pra ver os ossinhos e o vulto de sua face, mas já a amo, dei um beijo na foto, deixando mais lágrimas sair.

—Eu falei que tava grávida! — disse Jean.

Fazendo todos rirem, Lane jogou um dos sapatinhos em Jean.

—Seu chato!

...

Eu mal conseguia comer, Jean ficou tirando uma que eu estava tão trêmulo que o recheio ia cair da minha pizza. Subi para o quarto com Lane, me sentindo anestesiado. Me joguei ao seu lado na cama.

—Amor...

—Posso fazer uma coisa?

—Quantas quiser. — disse ela maliciosa.

Levantei sua camiseta e primeiro passei a mão em sua barriga, como não percebi o pequeno vulto. Esfreguei meus lábios em sua barriga. Lane acariciava meus cabelos. Minhas lágrimas corriam soltas.

—Oi filha... — sussurrei trêmulo. —Vou te amar tanto quanto amo sua mãe... vou te proteger... Te fazer rir... Meus Deuses como sou abençoado.

Encostei meu rosto na barriga dela e chorei mais, eu não aguentaria tamanha emoção presa em meu peito. Quando finalmente começou a aliviar, beijei sua barriga toda subindo até o pescoço de Lane a fazendo rir.

—Obrigado, obrigado amor da minha vida, minha vida, eu sou tão grato por ter você.

—Está mais calmo?

—Um pouco. — A puxei pro meu peito e a aninhei. — Estou tão feliz Lane.

—Se nossa filha for tão chorona quanto você, de certo que quem vai se levantar pra acalmar ela na madrugada é tu.

—Farei com muito gosto!

Foi a primeira noite que não consegui fazer amor com Lane, dormi abracadinho com ela, eu queria colocá-la dentro do meu peito e guardá-la ali bem segura e amada.

...

4 meses e meio depois.

Não me canso de admirar a barriga da minha Lane. Eu descia no meio do espediente só pra ficar vendo aquelas duas barrigudas teimosas arrumando os carros. Conseguimos reformar a casa comprando a casa do lado, a demolimos pra ficar com um pátio maior, e foram feitos mais quatro  quartos, um pra cada baby. Yuri e Jean não aguentam mais a gente pedir que eles se cocem pra ter um baby também. A mãe de Yuri se ofereceu pra ser barriga solidária para os dois, eles estão pensando no assunto.

—Te peguei! — disse Dean me assustando. — Tava espiando as barrigudas?

—Eu sempre venho aqui espiar. Como conseguem fazer essas coisas com tamanha barriga?

—Mulheres!—respondeu ele como se fosse algo lógico.

Um carro freou em frente ao portão das duas eu e Dean entramos pra ver o que era. O pai da Ali desceu bufando, lembrava um touro bravo. Corremos pra proteger as duas.

—Então é verdade?! —saltou ele apontando pra barriga dela.

Kay ficou na frente dela.

—Que eu saiba isso não é da sua conta! — saltou Lane.

—Como não é, estão mantendo ela em cárcere privado, a usando pra construir sua prole...

—Cala a boca! — saltou Ali apontando pra rua. —Cala a maldita boca e saia da minha oficina!

—Sua oficina? — debochou ele.

—Sim, a oficina é dela! — saltou Lane. — Ponha-se daqui pra fora antes que eu chame a polícia.

—Vocês são duas meretrizes aliás matrizes, só...

—Cala. A. Porra. Da sua. Boca! — gritou Ali enfurecida.

—Ali! — disse Dean tentando acalmá-la.

—Não se preocupe Dean, nosso filho tá bem protegido aqui dentro.

—Um menino? — saltou ele demonstrando alguma emoção.

—Sim um menino que você não vai nem por os olhos! — saltou Ali. — Agora saia daqui e não volte.

Ele olhou com profundo ódio.

—Você vai sofrer muito na mão deles.

—Não chegarei a um milésimo do que sofri com você! — cuspiu ela. — Saia.

Ele saiu sem tirar os olhos da barriga dela. Ali engoliu em seco.

—Vamos voltar a trabalhar! — disse Ali se virando e indo pegar uma chave.

Eu não soltava a mão de Lane.

—Ali... — tentou dizer Dean.

—Acho que não vamos conseguir terminar! — comentou Lane olhando o chão.