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Alija Hudson

—Vai se acostumar com a cidade, depois de se formar vai pra Londres cuidar da empresa.

Sorri fingindo aprovação.

—Claro papai.

-Segunda feira começa as aulas, vai gostar dessa escola, a filhas de magnatas na escola então pode fazer amizade com elas, não se enamore de nenhum garoto da cidade me ouviu, tenho planos pra você!

—Sim papai.

Eu já não ouvia muito as coisas que ele falava, só tinha que dizer "sim papai" e deu. Depois do café fui ao meu quarto. Procurei minha agenda e lembrei que deixei no porsche.

—Papai vou sair pra conhecer a cidade e passar na oficina pra pegar minha agenda que ficou no porsche.

—Ok, cuide-se!

—Pode deixar!

Sai dali na maior bad do mundo, peguei um táxi até a oficina e quando cheguei, perguntei pelo meu carro, um senhor me apontou uma porta e fui até lá, me deparo com um lindo casal se abraçando. Uau que garoto lindo, tem os olhos cristalinos a ponto de eu não identificar a cor, mas a pupila dele se dilatou ao me olhar e eu corei sentindo um calor subito, lindo ele era impressionantemente lindo.

...

Agora estou me sentindo tão feliz quanto quando eu corria, só que desta vez tem pessoas de verdade comigo, e que amam o que fazem. Não se importam com roupas ou com onde comem e são incríveis. Agora estou aqui na oficina com Kay.

—Vem vou te emprestar meu macacão pra você não sujar sua roupa, parece cara.

—Acho que sim! —falei a seguindo até um armário, coloquei por cima da roupa ficando com meus saltos expostos. Estou tão acostumada com saltos que eu não sei se saberia usar tênis.

—Vem vamos abrir uma nave! — disse ela rindo.

A acompanhei.

—Luigi não deixe ninguém entrar pra falar comigo sem me avisar pelo interfone.

—Pode deixar chefe!

Kay sacudiu a cabeça rindo. Entrei com ela em outra sala diferente de onde ela estava, ligou as luzes e na minha frente tinha um...

—Jesko Absolut! — murmurei com o coração na boca.

—Isso aí, garota você entende mesmo de carros.

—Não muito.

—Vem, vou trocar os pneus dele, os novos chegaram a uma semana, mas só hoje pela manhã o cliente trouxe ele... Oi filhote! — disse ela pra um cachorrinho tigradinho com as patas e o focinho branco.—Ali este é meu filho Look!

—Oi bebê! —falei brincando com ele e o peguei no colo enquanto ela apertou um botão e o carro subiu uns 20 cm do chão, soltei Look que encontrou uma bolinha pra brincar.

—Tá vendo isso aqui, é pra usar assim!—disse ela colocando uma chave eletrônica pra tirar as calotas e depois o pneu. — Viu como fiz?

—Haram.

—Quer tentar fazer no outro?

—Quero! — meu coração estava a mil com medo de estragar aquela nave.

Com cuidado consegui repetir e ela levantou o pneu o tirando, ela é bem forte pra uma garota, seus braços são bem definidos. Trocamos até a palanca de câmbio por uma estilizada em forma de diamante. Trabalhar com Kaylane é muito empolgante.

—Então Ali o que achou?

—Tô apaixonada! —falei suspirando. — Kay que inveja de você.

—Não me inveje Ali, não sou a garota popular e nem a bem falada da cidade.

—Mas você é incrível Kaylane.

—Bom depois da minha cunhada, você foi a primeira garota que me falou isso.

—Não de atenção.

—Nunca dei, tenho bons amigos, que fiquei sem porque foram pra faculdade, mas eles voltam pra mim.

—Nunca tive bons amigos e nem amigas.

—Me parece bem popular! — comentou ela rindo.

—Isso é que eu não gosto, as pessoas que te rodeiam quando se é popular só estão na sua volta porque querem aquilo pra si, não porque são suas amigas.

Meu telefone tocou era meu pai.

*Onde estás Alija?

—Ah, eu já estou voltando pai, meu porsche ficou pronto.

*Ok, já está pago, é só pegar e voltar pra casa, temos visita pro jantar, o filho de um grande amigo meu vem para te conhecer.

—Sim papai!

Ele desligou o telefone e olhei com pesar pra Kaylane.

—Eu aposto que não gostaria de estar em meu lugar esta noite.

—Pôr?

—Vou ter que fingir não estar me sentindo bem no meio do jantar! — falei colocando a mão na testa e ela riu.

—Te vejo amanhã?

—Que horas chefe? — ela riu me abraçando.

—Abrimos as 8:00 mas pode vir a hora que poder.

—Estarei aqui, só que a partir de segunda volto as aulas, vou poder ajudá-la só a tarde.

—Perfeito! —disse ela.

A abracei de novo, aquilo foi bom. Tenho uma amiga. E... Dean que veio limpando o rosto.

—Queria que desse uma olhada no bugatti... Já vai?— perguntou ele tristonho.

—Infelizmente sim, mas amanhã estarei aqui. — Falei voltando a me empolgar, fui até ele e lhe dei um beijo no rosto, minha pele ficou arrepiada e meu lábio formigando com a eletricidade do meu ato. — Até amanhã Dean!

—Até! — sussurrou ele corado, tocando onde o beijei.

Fui pra casa maravilhada. Meu sorriso se foi assim que cruzei a porta da mansão.

—Vá se vestir Alija, os convidados já vão chegar! — disse papai com a voz firme.

—Sim papai! — subi as escadas e no meu quarto eu queria me jogar na cama e ficar  lembrando do que vivi hoje.

Dos olhos de Dean, do sorriso e da pele dele, da conversa e do jeito de como me passou confiança e me abri com ele...

Toc toc

Droga

—Senhorita Hudson, seu pai...

—Sim, sim, diga que estou tomando banho.

—Está bem!

A empregada saiu e fui pro banheiro, lavei meu cabelo com meu shampoo favorito de cereja. Coloquei um dos vestidos favoritos do meu pai, um meia pata nude e desci as escadas encontrando suas visitas. O tal filho do amigo dele não tirava os olhos do meu decote e eu queria enfiar a cara dele no prato. Suspirei frustrada por não ter força, não ter voz pra o que eu queria fazer. Cheguei a me imaginar eu me levantando pegando ele pelos cabelos e dando com a cabeça dele no prato até entrar um escargot pelo nariz dele. Me permiti um sorriso. Eu não ouvia nada do que eles conversavam, me permiti viajar pelas lembranças do meu dia.

Coração MecânicoOnde histórias criam vida. Descubra agora