Coração Mecânico

48

Kaylane

Dean chegou na oficina me dando um beijo e se jogando no puff ao meu lado.

—Viu passarinho verde?

—Vi uma princesa!

—Quem é?

—Não se faça de boba, sabe que tô caidinho por Ali.

—Caidinho? — comentou Eros ao entrar.—Você está despencando por ela.

—Pode ser, mas eu não sei o que vai acontecer daqui pra frente.

—Por que disse isso?—Perguntou Eros se calçando no carro que estou iniciando. Ele cruzou aqueles braços sobre o peito e a camisa parecia que ia explodir com seus músculos. Ele viu meu olhar de cobiça e me puxou pra si.

—Parece que o pai dela a quer casar com o irmão do Amilton.

—Aquele imbecil do Arthur?

—Ele mesmo!

—E ela quer isso? — perguntei.

—A coitada nem tava sabendo.

—Nossa!

—O que pretende fazer se isso acontecer? — perguntou Eros me abraçando por trás. Me recostei sobre ele analisando meu irmão.

—Não vou deixar isso acontecer.

—Os dois são menores de idade! — falei.

—Vai roubar uma noiva no altar?! — brincou Eros.

—Tá aí, já tenho o plano! — disse Dean.

—Tô brincando Dean!

—Não, se eu não conseguir fazer nada vou roubá-la de dentro da igreja. — disse Dean se levantando. —Vamos comer, estou faminto!

...

Estava quase no fim do expediente, quando consegui tirar uma peça do carro que estava rachada. Liguei pro dono pra avisar que ficaríamos mais três dias com o carro até a peça chegar. Ouvi alguns insultos e já imagino que ele vai vir bater boca comigo.

Buffei de raiva.

—Odeio gente assim! — falei e Ali levantou uma sobrancelha.

—Ele não quer ficar sem o carro?!

—E eu faço o quê, cago uma peça nova?! — falei e ela caiu na gargalhada me levando junto.

Tirei o macacão da oficina depois de limpar as mãos. Ali tirou a parte de cima e o amarrou na cintura.

—Preciso de roupas novas pra trabalhar! — comentou ela.

—Adoro ver você de salto, mas deve ser incômodo, não prefere um tênis.

Ela se recostou do meu lado no balcão enquanto eu fazia o pedido da peça por e-mail.

—Acho que nunca usei, talvez quando minha mãe fosse viva eu usasse, mas não lembro dela.

—Tá de zoeira?

—Não lembro se algum dia usei algo que não fosse salto.

—E eu levei 17 anos pra por um! — falei rindo.

—Gosto de como se veste!

—Ninguém gosta de como me visto, tenho meia dúzia de jardineira e uma de camisas e físicas brancas, tenho delas até no meu armário caso eu suje.

—Posso deixar umas roupas aqui?

—Claro, vou te dar um armário.

—Sábado quer ir ao shopping comigo?

—Claro. — Look entrou atrás de um homem carrancudo, mas bem vestido, ele parou subitamente ao nos ver e nos enquadrou nos dedos. Olhei pra Ali revirando os olhos. Respirei fundo e me virei pra ele. — Olha senhor...

—Espere! — disse ele me enquadrando naqueles dedos dele, chegou mais perto e girou na minha volta.

—Algum problema aqui? — perguntou Eros com Luigi de trás esbaforido.

—Foi mal chefe! — disse Luigi.

—Tudo bem! — falei e ele se foi.

Quando eu vi o cara tava fazendo o mesmo com Eros.

—Isso aqui é uma fábrica de modelos? — disse o homem.

—Olha, eu sei que meu futuro noivo é um Deus grego, mas aqui é uma oficina!

—Eu sei, esse carro é meu! — apontou ele sem olhá-lo. — Vocês não querem fotografar?

—Hamm... Eros quer! — falei o incentivando já que era o sonho dele.

—Então realmente tenho um Deus grego em minhas mãos?!— disse o homem juntando as mãos.

—Não é pra tanto.

—Tá brincando os dois são perfeitos pras fotografias que quero, olhe só essas tatuagens, você tem mais?

—Muito mais!— falei descendo o olhar e Eros sorriu molhando os lábios.

—Olhe esse sorriso cafajeste que delicia, quero os dois, você é divina, olhe suas pernas e essa cintura.

—Não veio brigar por seu carro?! —perguntei.

—O carro pode esperar, mas eu preciso fotografar vocês neste final de semana em Las Vegas numa convenção de carros esportivos e de luxo, sou Paolo Macgonagan, fotógrafo da revista Luxos sobre rodas.

—Uau!— falei olhando Eros.

—Aceitamos não é amor?

—Mas e a oficina, Lohan chega só na segunda...

—Dean pode cuidar da sua parte ele tem Ali pra ajudá-lo e Jean e Yuri podem dar conta no sábado. — Ele passou as mãos por meus braços e colocando fios soltos do meu cabelo pra trás da minha orelha.

—São perfeitos! — disse o tal Paolo ainda nos enquadrando.

—Está bem! — falei dando um selinho em Eros. — Mas segunda tenho que estar aqui!

—Estarão!

Me virei pra Alija que sorria com a peça do carro na mão.

—Sobre seu carro...

—Esquece garota, eu tenho uma mina de ouro na mão, quando ficar pronto me avisa. Tem alguma foto de vocês juntos pra me enviarem?

—Tenho uma que você vai gostar! —disse Eros mexendo no celular dele e virando pra ele.

—Uau, preciso desse vestido em você, quem desenhou? Peça mais umas três peças dele, a revista vai pagar pelas peças e por o nome dele nos créditos. Preciso planejar nossa ida até mais meus... Como é mesmo seu nome?

—Kaylane!

—Kaylane e Eros, vocês são diamante pra mim. — disse ele rindo e saindo da oficina.

Eros levantou uma sobrancelha. E me virei pra Alija.

—Que tal matar aula na sexta feira pra gente fazer suas compras pela manhã?

—Não se preocupe comigo Kay, eu levo seu irmão! — apontou ela pra Dean entrando.

—Soube que o cara do carro chegou furioso, conseguiu se virar sem mim?

—Sabe que dou conta! — brinquei.

—Sei, como dá última vez que tive que te segurar pela cintura pra não arrancar a peruca daquele véio?

—Ele insultou nossa família!

Dean riu e foi até Ali pegando em sua mão e ela corou.

—Eu não sei se você quer ou pode, mas estou te convidando pra ir jantar lá em casa Yuri prometeu fazer comida mexicana pra nós e...

—Eu vou! — sorriu ela. — Se eu tiver uma partida com a Kay. — Ela me olhou divertida.

—Bora! — falei rindo.