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Kaylane

Sorri ao ver a jogada que Alija fez, ela perdeu de gosto pra Dean, eu mesmo uso esse truque com os novatos. Já conheço seus truques, são os mesmos meus. Estávamos jogando, estávamos mano a mano na corrida quem ganhasse seria por um fio e o telefone dela toca e ela segura o peito.

—Por favor façam silêncio! — disse ela apavorada soltando o controle e pegando seu celular.

Dean desligou a TV, ela parecia com medo. Ouvimos a voz de um homem de voz potente e arrogante.

—Oi Papai (Onde você está Alija?) Já estou chegando em casa papai (Isso são horas de voltar pra casa?) não papai, me desculpe. (Se eu descobrir que você anda aprontando de novo, não vou pensar duas vezes em te casar com o filho...) Não vou me casar com ninguém... (Olhe como fala comigo sua mijada!) Desculpe papai (Onde está?) Já disse, tô voltando pra casa. (Onde estava?) perdi a hora no shopping papai. (Hoje passa, se eu ligar pra casa e você não estiver lá vai se ver comigo quando eu voltar)

Ela olhou o telefone nas mãos inertes em seu colo, não pensei duas vezes antes de abraçá-la e ela segurou pra não chorar, respirou pela boca.

—Sinto muito — seu queixo tremeu. — vocês terem ouvido isso, eu tenho que ir, vejo vocês amanhã na oficina.

—Quer que eu te leve? - perguntou Dean.

—Não se preocupe, eu chego bem rápido em casa.Posso te devolver a roupa amanhã?

—Fica com ela — falei lhe dando um beijo. — Não tenho apresso por roupas.

—Eu adoro isso em você! — disse ela forçando um sorriso.

Lhe dei um beijo no rosto e o resto de nós fez o mesmo com ela.

—Ali...—a chamei quando ela estava saindo na porta. — Sempre será bem vinda nesta casa.

—Bem vinda a família!— disse Jean.

—Obrigado! — disse ela agora com um sorriso verdadeiro.

Quando Dean voltou estávamos todos em silêncio.

—Isso vai ser difícil! — disse ele se jogando em meu colo, o abracei e beijei sua bochecha.

Dean está bem pesado pra isso, mas eu suportaria qualquer peso pra mantê-lo bem.

—Vamos estar com você Dean, não está sozinho! — disse Eros.

—Eu sei.

Ele enterrou o rosto no meu pescoço como fazia quando pequeno, acho que ele se sente seguro quando faz isso, respirou pesado e eu sabia que ele tava a ponto de chorar.

—Eu aposto que eu ia ganhar! — falei o trazendo de volta.

—Duvido! — disse ele sorrindo.— Você estava por um fio de perder.

—Não tava não!

—Eu acho que você tá perdendo a pegada. disse ele.

—Quer testar maninho, eu aposto que ainda tiro suas cuecas!

—Vamos ver!—disse ele se prontificando em ligar a TV.

Yuri me olhou com um obrigado no rosto, Jean beijou minha cabeça.

—Vou lavar a louça!— disse ele.

—Te ajudo! — disse Eros o seguindo.

—Vou me deitar! — disse Yuri. — Boa noite meus bebês.

—Boa noite cunhadinho! — disse Dean lhe dando um beijo e eu fiz o mesmo.

Ficamos os dois jogando e Dean falou.

—Você sabe me tirar da bad.

—Ainda não perdi o jeito! —brinquei o cutucando pra ele perder.

—Ei isso é trapaça! — disse ele cutucando minha costela então começamos a tentar nos atrapalhar enquanto jogávamos.

—Ganheiiii kkkk

Lhe enchi de cócegas até ele me colocar em seu ombro e me levar pra cozinha.

—Eros toda tua!— disse ele.

Eros me tirou do ombro dele e tentei lhe fazer cócegas e ele saiu correndo.

...

Na segunda a tarde Ali me contou como o pai agia com ela e como era sua vida regrada.

—... Então as corridas me faziam sentir livre, era o único lugar que eu podia ser eu mesmo e experimentava o gostinho do medo, da adrenalina, a excitação.

—E agora não, como vai ser?

—Agora eu sinto tudo isso com o seu irmão, não tenho mais porque correr.

—Que lindo Ali.

—Dean me faz sentir como um motor quando o nitro é liberado, a explosão, a velocidade que o meu coração alcança quando me beija vai de zero a duzentos em um segundo.

—Isso é incrível e conversar com uma garota que entende de carros é fascinante, sempre sonhei em conhecer alguém como você. — confessei.

—E eu como você e sua família.

—Quer trazer a Ferrari azul pra cá?

—Confia em mim?

—Óbvio, a chave tá na ignição, vou preparar o elevador.

...

Ela colocou a Ferrari em cima do elevador e esperei ela sair pra levantar um pouco.

—Acho que é a mola traseira da direita! — comentou ela. — Não é nada com motor, ele tá perfeito.

—Vamos ver! —o levantei mais fomos direto ao ponto. — Uau, você tem razão tá torta e querendo quebrar por completo, você é incrível Ali.

—Eu só sei ver os defeitos, mas não sei concertar, já corri numa dessas.

—Como foi?

—Perdi a corrida, percebi que se eu liberasse o nitro ele levantaria voo! — disse ela rindo.

—Vou te contar um negócio, nunca corri em uma corrida clandestina e nem quero, mas eu amo correr quando pego uma estrada vazia.

—Quem nunca! — suspirou ela.

Fizemos a troca da peça rindo das histórias das corridas dela. A semana foi animada, fazemos uma boa dupla, rendemos horrores. Sexta sai direto pro costureiro ele estava animado e o carinha que debochou de mim não sabia onde ia enfiar a cara. Adoro quando isso acontece. Os vestidos eram lindos aos olhos dos outros, pra mim tanto faz eu só quero mesmo é ver o olhar de Eros em mim e nada mais importa.

Coração MecânicoOnde histórias criam vida. Descubra agora