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Alija Black

Domingo os pais e Arthur e aquele irmão invejoso dele vieram almoçar conosco para planejar nosso casamento, a mãe dele é um amor de pessoa, fiquei com dó de estar a enganado.

—Então podemos casá-los no fim do mês! — saltou meu pai.

—Mas ainda serei menor de idade!— comentei.

—Quando faz aniversário? — perguntou Arthur.

—Dia 22 do mês que vem!

—Poderíamos nos casar no seu aniversário, iria ser incrível e principalmente pra mim que só terei que me lembrar de uma data todos os anos! — riu Arthur com deboche fazendo nossos pais rirem.

—Esse tá sendo esperto! —disse meu pai.

—Eu ficaria feliz se fosse no meu aniversário.

—E porque não um dia antes! — disse meu pai. — Só pra garantir que vai me obedecer.

—Não tem problema! — falei baixando o olhar pras mãos. Eu esfregava minha aliança com carinho para me lembrar que Dean estava comigo. — Pode ser!

—Será que eu poderia passear no jardim com minha noiva, precisamos nos conhecer melhor.

—Claro, vá filha!

—Com licença! — Falei me levantando e aceitando a mão de Arthur.

No jardim eu e Arthur começamos a rir.

—Foi mal pela minha cretinice lá dentro, parece que eles gostam disso!

—Jamais seja como eles Arthur, não conheço nada da Thiane, mas ela parece uma flor de garota, é meiga, empolgante.

—É, ela é sim, e tem aqueles olhos puxadinhos que quando sorri se fecham, acredita que ela gosta das mesmas músicas que eu e também tá cursando administração?

—Conversaram bastante né?

—Depois que você nos apresentou e saiu de fininho tentei conhecê-la ao máximo, eu queria ouvir a voz dela sem parar pra poder gravar na minha mente aquela melodia - Arthur nem se deu conta o quão empolgado ficou enquanto falava dela. — Eu cheguei a sonhar com ela está noite, e nem ao menos consegui seu telefone.

—Depois você anota o seu pra mim e eu passo pra ela que ficou de me visitar no próximo sábado.

—Cadê seu telefone?

—Meu pai me tirou quando o seu contou a ele sobre Dean.

—Foi meu irmão que contou, acho que ficou com inveja de vocês e achou que me prejudicaria contando, ele sabia que eu não queria me casar.

—Já não queria antes de conhecer Thiane?

—Já, olha pra mim só tenho 21 anos eu queria curtir...

—Não quer mais?!

—Depois de ontem não — ele me olhou apaixonado. — Fiquei imaginando como seriam meus filhos com ela, consegui me ver chegando em casa cansado do trabalho e ela me esperando com um vestido florido, nosso filho no colo... Foi mal, tô parecendo um...

—Louco apaixonado! — falei o fazendo rir.

—Chegou a planejar essas coisas quando conheceu Dean?

—Não muito, mas meu coração martelava tão forte que eu o sentia na ponta dos dedos...

—E nas orelhas também? Porque eu sentia cada batida e uma queimação no peito.

—Sim, quase como fogos de artifícios?

—Isso, exatamente isso!

—Somos dois loucos apaixonados, por pessoas diferentes.

—É!

—Posso te dar um conselho?

—Claro!

—Não tenha em sua mente a ideologia de que mulher tem que ficar em casa cuidando dos filhos, nós também gostamos de trabalhar e nos divertir.

—Desculpe, é que é difícil pensar diferente quando se tem esse tipo de exemplo em casa.

—Imagino que sua mãe seja bem submissa.

—Muito, vem cá gosta de trabalhar com quê?

—Carros—ele riu. — Estou me preparando pra ser a próxima mecânica certificada dos Black.

—Se apaixonou pelo mecânico do seu carro?

—Não, me apaixonei pelo mecânico do meu coração.

Ficamos rindo e conversando até o entardecer, escrevi uma carta pra Dean, e assim começou nossa comunicação durante o mês. Meu pai estava feliz. O pai de Arthur mais ainda, me via como uma bolsa de dinheiro para sua salvação ao invés de correr atrás do prejuízo. Thiane vinha me visitar e contar dos encontros dela com Arthur, ele até agora não perguntou a Thiane com o que a família dela trabalhava, ele não se importava com o status dela. Thiane guardava minhas cartas que eu ganhava de Dean, eu não queria jogar aquela parte da nossa história, mostraria a meus filhos um dia, que o nosso amor resistiu a tempo e distância. Nem pra faculdade pude ir, meu pai tinha medo que eu fugisse e achava que Arthur ia me manter no cabresto, combinávamos dele mandar alguma coisa idiota como a roupa, ele me mandou trocar a roupa que eu havia colocado pra sair com ele e os pais dele, meu pai se encheu de orgulho por eu obedecer e subir as escadas novamente e trocar de roupa. Consegui ver o meu Dean esta semana, Arthur teve permissão de me levar ao shopping, e nos encontramos. Faltava um dia para o casamento e Kaylane apareceu na minha casa em um carro diferente dos que eu conhecia, com um vestido azul marinho curtíssimo, meu pai surgiu a porta.

—Senhor Hudson, vim visitar minha amiga antes que se case e eu nunca mais a veja.

—Alija está indisposta!—eu estava bem atrás dele e Kay sorriu mostrando todos os dentes perfeitos dela, deixou a chave do carro cair para mostrar os peitos a meu pai e eu cobri a boca pra não gargalhar.

—Oops !

—O quê quer aqui?

—Já disse, ver minha amiga, hoje é a despedida de solteira dela, vamos senhor Hudson-murmurou ela fazendo biquinho e tocando em sua camisa com a ponta dos dedos —Ali é minha amiga, olha pode confiscar a chave do meu carro —Ela colocou a chave na mão dele.—Não vou sequestrar sua filha, vai ...

Ele suspirou derrotado.

—Está bem, mas eu fico com a chave. 

—Se quiser dar uma voltinha pode dar, é novinho, faz alguns dias que chegou, combina com este sapato ó!

Eu queria gargalhar, Thiane chegou antes dele deixar Kay entrar.

—Oi , você é a modelo aquela  dos carros que estava no noivado da Ali né?

—Eu mesma, desculpe, como é mesmo o seu nome?

—Thiane.

—Eu sou Kaylane, mas pode me chamar de Kay.

As duas se apresentaram como se não se conhecessem, voltei pra escada correndo e fingi estar descendo quando as duas entraram.

—Meninas, ai que alegria vê-las.

—Hoje é dia de spa!—disse Thiane.—Vem ... Kay né?!

—Isso!

Thiane pegou nossas mãos e subimos juntas para meu quarto, claro que realmente foi um dia de spa, Thiane chamou uma equipe com manicure, massagista, cabeleireira. Depois que foram embora, ficamos as três de roupões para mostrarmos que realmente estávamos fazendo aquilo, descemos daquela forma até a sala de jantar para tomar café da tarde, meu pai se arrumou na mesa quando nos sentamos.

—Estão se divertindo?!—perguntou ele.

—Muito!—disse Kay.

—Amanhã estaremos as três com a pele lindíssima!

—Sim, sua equipe foi fantástica Thi!

—Ah, eles são mesmo!—Disse Thiane servindo-se de geleia numa torradinha.

Eramos boas atrizes. ri me lembrando da Kay me enviando fotos com um desodorante na mão, como se fosse um Oscar.

Coração MecânicoOnde histórias criam vida. Descubra agora