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Eros:

Quase vomitei de tanta felicidade ao ver o rosto de Lane quando viu as flores, e depois eu sabia que ela estava me olhando, eu sentia sua inquietude pelas suas mãos, mesmo assim mantive os olhos fechados, então aquela pergunta, falei o que me veio a cabeça, e depois que ela falou, o modo como me julgou, como me conheceu tão rápido quanto eu a ela, isso me disse que essa cabeça dura gosta de mim, só não vai ser fácil fazer ela admitir isso, mas não sou de desistir, pelo menos não dela.

Quando percebi que ela começava a ficar impaciente apaguei as velas e deixei tudo ali caso precisasse outra vez, peguei sua mão e a levei até a cozinha.

—Preciso ir ao banheiro!—disse ela soltando minha mão e aproveitei para guardar alumas coisas que comprei de geladeira, fui até o carro e busquei a melancia que eu tinha me esquecido, quando voltei ela já estava sentada na ilha me olhando.—Pra que tudo isso?

—Pra te ajudar!

—Tem bastante comida . . .

—Eu fiz uma pesquisa!—a cortei.—E comprei tudo o que eu ia precisar pra te ajudar.

—As flores. . .

—Não, as flores eu quis te dar, meu coração me disse que você iria gostar.

—Eu. . . nunca ganhei. . . flores antes!—confessou ela corando outra vez e passou as mãos nas bochechas.—Que saco isso!

Tirei as mãos dela do rosto.

—Não imagina o quanto me sinto feliz por ter sido o primeiro.

Ela riu descarada, como se eu tivesse dito uma piada infame.

—Mas que mente poluída a sua!—brinquei mordendo seu queixo.

—Ei, eu não disse nada!

—Mas pensou!—acusei envolvendo sua cintura e a abraçando, ela respirou fundo e retribuiu.

—Não teve medo que eu te machucasse com aquela garrafa?

—Não, eu sabia que você não ia fazer nada com aquele otário também, só estava o assustando, você tem um bom coração Kay!

—Hoje eu sou Kay?

—Hoje você é o mar para mim, e como adoro nadar, resolvi me jogar de cabeça.

—Cuidado, pode se afogar!

—Morreria feliz!

—Não diga isso . . . por favor!—sua voz saiu embargada.

—Perdoe-me. Ah, eu trouxe uma coisa pra você experimentar, mas primeiro vamos comer uma salada de frutas que eu vou fazer pra nós.

—Vai cozinhar pra mim?—seus olhos se iluminaram.

—Tecnicamente vou descascar e cortar. —A peguei pela cintura e a coloquei em cima da bancada da cozinha.—E você vai me olhar.

—Ok!

Ela roubava alguns pedaços enquanto eu cortava e colocava na tigela, de vez em quando ela colocava pedaços na minha boca, acho que os irmãos dela exageraram e muito. depois de pronto comemos ali mesmo puxei uma banqueta e sentei na frente dela, que colocou as pernas em cima das minhas.

—Quer ver um filme ou outra coisa?

—Me da dor de cabeça!—disse ela.— Mas gostei das suas músicas místicas.

—Vamos pra sala?

—Hurum!

—Pega aqui!—dei meu pote pra ela segurar e a peguei no colo ela riu com a boca cheia e deixou cair um pedaço de fruta que eu peguei com minha boca ainda em seu queixo.

—Eca Eros.

—Já roubei chiclete de sua boca e semente de uma uva. . .

—Não me lembre disso!—riu ela.

A coloquei no sofá e sentei ao seu lado, coloquei na pasta de músicas místicas comemos em silêncio e depois a puxei pros meus braços, ela deitou a cabeça em meu peito e ali ficou até adormecer.

. . .

Acordei com o som de um trovão que ecoou pela casa. Lane deu um pulo acordando com um xingamento.

—Puta que pariu, cagaço véi!

Eu não aguentei e ri, ela beliscou meu mamilo.

—Au meu piercing!

—Quê horas é isso?

Olhei em meu telefone.

—23:15, dormimos horrores.

—Estou com fome!

Um clarão de um raio lá fora.

—Tape os ouvidos!—sugeri.

—Não tenho medo de raios, eu me assustei porque não es. . .CABRUMM. . .

O telefone dela começou a tocar.

—To bem!—disse ela ao telefone antes de mais nada.—Não se preocupe comigo. . . é só uma chuvinha, ja vai passar. . . não irmão eu não to sozinha. . . não sei. . . ok, não se preocupe não vou matar ninguém. . . boa noite.

Eu já estava ligando pra pizzaria.

—De que sabor você quer?

—Uma Portuguesa e uma Napolitana e você?

—Ok, vou de marguerita!

—Pedi as três pizzas e uma de chocolate com morango. A chuva tava caindo pesada quando o entregador chegou.

—Eros. . . você vai passar a noite aqui?

—Se você permitir sim!—falei carregando as caixas de pizza pra sala.

—Então vamos pro meu quarto, podemos assistir algum filme lá, tem Tv.

A acompanhei até o quarto dela. Simples, um poster do Marlin Maison, um quadro cheio de lembretes, fotos de carros e dela e dos rapazes, alfinetados em varias posições diferentes, nada organizado. A mesa abaixo do quadro uma bagunça de papéis. A cadeira de gamer, uma TV enorme ao pé da cama na parede. Nenhum bicho de pelúcia, ou qualquer coisa feminina.

—Foi mal, não era o que esperava né?

—Isso é o que mais amo em você!

—A bagunça?!—brincou ela.

—Não, o fato de sempre me surpreender!

Ela revirou os olhos.

—Se importa de ir comendo sozinho vou tomar um banho rápido e volto.

—Vai lá!

Tirei a camiseta e me joguei na cama dela a esperando, ela voltou de camiseta e cueca boxer, correu e se jogou na cama.

—Não comeu?

—Não, fiquei te esperando!

Assistimos uma série enquanto comíamos, Lane estava concentrada, no intervalo entre um episódio e outro fizemos uma pausa pra escovar os dentes, limpamos a sujeira e nos jogamos debaixo das cobertas enquanto a chuva caía pesado lá fora. A puxei pros meus braços e ela aceitou, dormimos abraçados. Acordei com ela acariciando meu rosto, mas não ousei abrir os olhos, deixei ela delinear meu lábio com os dedos e depois espalmou a mão em meu rosto.

—Lindo!—sussurrou.—Mais do que mereço!

Dei um longo suspiro, Lane tirou a mão do meu rosto e fingiu dormir, sorri ao vê-lá de olhos fechados e lhe dei um beijo e já que ela estava fingindo fiz o mesmo.

—Queria acordar com você do meu lado todos os dias da minha vida!

Coração MecânicoOnde histórias criam vida. Descubra agora