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Eros: 

Por que eu senti ciúmes de ver Kay acariciando Konan se eles são só amigos e ela nem é minha. . . ainda, mas . . . 

Sexta feira.

Estou quase no fim do expediente, todos lá em baixo já tinham ido embora, menos Kay, Lohan a cutucou e ela se virou rindo, ele lhe entregou alguma coisa e ela pulou em seus braços, encaixando as pernas em sua cintura, o enchendo de beijos e ficou com a testa e o nariz encostados no dele. Fechei os olhos. Algo insano dentro de mim queimou. Ele não pode estar traindo minha irmã, eu to vendo coisas, isso não tá certo. Amanhã na hora da social vou dar um aperto nele, ele sendo meu chefe ou não. Ela é menor de idade e ele tem 21 e . . . que bobagem eu tenho quase a mesma idade e estou locou por ela. Sexta não saí de casa com a cabeça fervilhando se contava ou não a minha irmã.

Sábado pela manhã, fui pra empresa dar um gás, Kaylane não vai estar lá e eu vou conseguir me concentrar. encontrei alguns erros de cálculos e resolvi deixar separado pra mostrar para Lohan na segunda. Meu estômago roncou, me estiquei na cadeira olhando lá pra baixo o portão estava entreaberto procurei alguém e em baixo da minha pajero um par de pernas que eu reconheço a quilômetros.

Fechei meu escritório e desci, fiz barulho com os pés para não assusta-la. 

—Lohan já que está ai me alcança a chave de boca numero 11? 

Peguei uma chave qualquer e estiquei o braço pra baixo do carro sem dizer nada. 

—Lohan isto não é uma chave de. . . —ela saiu de baixo do carro e me olhou surpresa levantando a cabeça antes de sair totalmente debaixo do carro.—Porra!

—Lane?!—falei já a puxando e a olhando.

—Eu tô bem!—disse ela.—Vou sujar você Eros.

—Não me importo—falei passando a ponta dos dedos pra abrir o cabelo pra ver se chegou a cortar.

—O que faz aqui . . . ah, veio ver se o seu carro tava pronto, Luigi não conseguiu trocar o cabo, e eu vim fazer isso hoje, segunda já vai estar. . . pronto.

Passei meus dedos deslizando pelas bochechas sedosas com uma mancha preta de graxa. Meus dedos criaram vida própria deslizando para seus lábios que agora se entreabriram e senti o halito dela quente em meus dedos. Seus olhos tão cristalinos, nossas respirações se uniram e olhando em seus olhos encostei meus lábios nos dela, quente, Kaylane era quente, doce, encontrei um chiclete de tuti-fluty em sua boca, passei a língua e o roubei pra mim e ela riu. Fechei os olhos ainda sentindo o calor e seu gosto.

—Isso. . .—ela limpou a garganta.—Foi. . . 

—Delicioso!—sussurrei enfiei o chiclete na lateral atrás do dente e voltei a beija-la.—Me diz que não é só mais um sonho.

—Tem sonhado comigo?—sussurrou ela.

—Todos os dias desde que a conheci.—sussurrei voltando a pegar seus lábios entre os meus dentes, eu precisava sentir mais dela, aquilo era tão absurdo, meu coração batia estrondosamente. 

—Eros. . . isso é um erro!—sussurrou ela.

—Eu sei, sei que é menor de idade e. . .

—Não!—riu ela.—Não é por isso.

—Então?—perguntei agora voltando ao meu corpo depois de uma viagem extracorpórea. 

—Eu não sou uma garota pra você Eros, não sou uma garota fofinha e cheirosinha, eu fedo a graxa meu amigo, a óleo de motor, não me visto como uma garota. . .

—Mas eu . . . não me importo.

—Mas eu me importo, não quero ver você todo. . . lindo. . . e com uma mulher suja de graxa, sei meu lugar meu amigo.

—Não. . .

Ela se levantou e pegou um pano pra limpar as mãos e eu fiquei ali de joelhos sentindo o chão desabar debaixo de mim.

—Quer almoçar comigo?—perguntou ela.

Assenti, piscando algumas vezes, e ela me estendeu a mão.

—Agora não tá mais tão suja!—brincou ela com um sorriso.

—Mas aqui está!—falei passando o polegar em sua outra bochecha.

—Vai se sujar Eros!—disse ela pegando minha mão e passando o pano úmido em meu dedo, estou sendo rejeitado porque ela não quer me ver sujo de graxa é isso? 

Eu a segui surpreso, caminhei ao seu lado até o carro dela que abriu a porta pra mim outra vez me fazendo sorrir. Mordi a bochecha para não rir quando ela entrar, é isso ela inverteu os papéis, ela me vê como uma ''donzela'' e ela . . . claro os meninos a tratam como se ela fosse um menino.

—Desculpe Eros, não queria te magoar!

—Não, tudo bem, eu não . . . eu não imaginei que você não fosse gostar me desculpa.

—É com isso que está preocupado?

—É!—menti.

—Eu não sou lésbica se é o que está pensando, e eu gostei sim, não viaja.

—Gostou mesmo?

—Óbvio, mas não vai se repetir Eros, quero que seja meu amigo como os meninos.

—Você gosta muito deles não é?

—Amo, são como meus irmãos, a mesma coisa.

—Por quê?

—O quê?

—Por que sente isso por eles?

—Bom, eles me fazem sentir que sou parte deles, tipo, não sei explicar direito, mas com eles eu não sou uma garota e não sou um garoto, eu não sou nada além do que uma igual a eles, fazemos tudo sem vergonha uns dos outros se eu tiver que levar um soco ou carregar um deles nas costas, é tudo igual, eles não me deixam de fora porque sou ''delicada'' ''quebrável''  não, eles me mantem dentro, não sou gay e não quero ser, nem quero ser homem, só. . . não sei te explicar direito.

—Eu. . . eu entendi!

—Sério?—perguntou ela erguendo uma sobrancelha. 

—Hurum!

Ela estacionou na frente de um restaurante e eu esperei pra ver se eu estava certo, Kay abriu a porta do carro por dentro como da última vez que estive aqui, e eu a fechei, depois abriu a porta do restaurante pra mim e deu um soquinho na mão do garçom.

—Da-lhe remela!

—Shii Kay?!

—Foi mal, força do hábito, este é meu amigo Eros!

—Prazer Eros, sou Julian.

—Prazer. 

—O que vai querer espevitadinha?

—Aquela gloriosa no capricho!

—E pra você?

—O que é a gloriosa?

—Macarronada com almôndegas!

—Humm. . .

—Mas se você quiser eles fazem um frango na grelha e tem salada também. . .

—Vou te acompanhar, quero o mesmo que ela.

Coração MecânicoOnde histórias criam vida. Descubra agora