[Capitulo 2] Ryder - Sentimento Ruim

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Encaro mais uma vez a menina de pele extremamente branca, cabelos castanhos e o olho em um tom de castanho claro tão incandescente que me faz sorrir toda vez que lembro-me deles lacrimejando na noite passada na transa mais deliciosa que já tive. Eu a acho incrível por ser quem é, e tenho ódio de saber que ela confia tanto naquele babaca do Daniel, e o que é pior, dessa vez eu não tenho como fugir, ela viu com os olhos dela! 

Pare, você não pode se apaixonar pela sua aluna.

Seus olhos percorrem a sala toda e ela não para de virar a maldita caneta, eu estou a ponto de ir até a sua mesa e retirar ela da sua mão, mas, lembro da raiva e o tom de ameaça que ela estava naquele dia fatídico. Encosto na mesa e abaixo a cabeça de braços literalmente cruzados sabendo que não tenho exatamente nada a fazer e muito menos falar algo nessa sala tão lotada.

O que eu fui fazer? Porque eu deixei isso se agravar? Mas como eu iria adivinhar? Puta que pariu Ryder!

O que eu mais queria era que o mundo acabasse agora e eu não tivesse que enfrentar a verdade de uma maneira tão surreal como ela havia se tornado. Sophia olha para a melhor amiga e ajeita os cabelos atrás da orelha, ela me evita mais uma vez, percebo que ela está chorando e me sinto mais canalha em lembrar do momento mais marcante de ontem.

Eu te amo Ryder, eu sei que não deveria, mas, eu te amo! Achei que isso nunca fosse sair da minha boca, nem imaginava que um dia teria uma pessoa como você na minha vida, mas, eu te amo muito.

Saio do local que estou encostado e vou até a mesa, sento na minha cadeira e pego seu relatório de estágio do qual tenho que entregar, viro a segunda folha e de maneira discreta e delicada escrevo:

Precisamos conversar, deixa eu me explicar Lorenzinha... Não acredito no que vi mais cedo, não é possível que não mereça uma explicação!

A música que até um tempo atrás estava alta na rua agora cessa de maneira bruta e eu agradeço ao céus.

-Turma, não temos muito tempo para terminar- percebo alguns alunos afoitos virando depressa as folhas e outros levantando com suas provas nas mãos, começam a empilhar o bloco na minha mesa e saem com alívio, a única que eu queria ali ainda está em devaneios sem sequer me encarar.

Ela se levanta e eu me ajeito na cadeira observando sua luta com as lágrimas que querem descer de maneira teimosa, sei que o único que percebeu fui eu, ninguém está preocupado com ninguém, e além do mais, pessoas choram em provas de medicina todo tempo.

-Lore... -quase solto o apelido que dei a ela de maneira carinhosa como um elogio em compara-la com a Sophia Loren- Sophia - corrijo, ela não me olha em nenhum momento- Tem algumas anotações importantes no verso da segunda folha- ela apenas assente com a cabeça e depois de jogar a prova na pilha puxa o relatório da minha mão e simplesmente sai, me seguro e continuo entregando os relatório, porém, queria correr atrás dela e a abraçar pedindo todas as desculpas do mundo, o que não vai adiantar. 

O que foi que eu fiz? 

Dar aula nessa faculdade não foi uma boa escolha Ryder, não mesmo!

Paixão InconsequenteOnde histórias criam vida. Descubra agora