Abro meus olhos com a claridade da fresta na janela, estou no peito do Dani que acaricia meu cabelo, acho que ele percebeu que estava acordada e dispara.
-Bom dia - beija minha testa - dormiu bem?
-Bom dia, sim- sorrio sem graça- Vamos falar sobre o que aconteceu?
-Melhor não, porque se não eu vou me declarar, você vai dizer que ama o Ryder e ai vamos ter a certeza que foi um erro, você vai embora nervosa e nossa amizade acaba- solto uma risada.
-Já pensou em ser escritor ou roterista de novela?
-Não, acho que os leitores iriam acabar com a minha vida, porque com certeza mataria todos os mocinhos e mocinhas que eles se apaixonassem.- continua fazendo carinho.
-Resumindo, vamos fingir que nada aconteceu?
-Sim, vai tomar um banho Soph, passamos da sua casa para pegar as suas coisas e te levo para a aula- assinto me levantando, estou nua e nem me dou conta- não me faz lembrar demais de ontem vai - me entrega um lençol e eu coloco no corpo rindo em direção ao banheiro.
Fecho meus olhos e lapsos da noite anterior passam pela minha mente, meu corpo fagulha e eu tento me concentrar para não agir impulsivamente de novo, mas foi algo tão bom, e por mais que eu saiba que é absolutamente errado meio que me aproveitar do meu amigo, eu precisava ter sentido tudo que senti.
-Daniel- grito do chuveiro e ele corre até o banheiro.
-O que aconteceu? - estou com o box fechado e os olhos também.
-Precisamos falar sobre ontem.
-Você me assusta com esse grito para isso? Não Soph, não vamos falar sobre ontem, eu não quero falar sobre o que não devia ter acontecido, você está frágil e eu me aproveitei, fim.
-Não sou uma criança- contesto abrindo o box e ele me olha entregando a toalha.
-Ainda bem, pelo menos significa que não pratiquei pedofilia- vira as costas- eu não quero falar sobre o que fizemos, por favor, só se vista e vamos buscar as suas coisas.
-Tudo bem- assinto por fim, fecho o vidro e me enrolo na toalha- vamos fingir que nada aconteceu- passo por ele em direção das minhas roupas que estão espalhadas pelo quarto.
Depois de pronta vou até a cozinha, tomo café com ele tentando não me lembrar de nada, pode parecer besteira, mas, transar com melhor amigo pode ser algo muito estranho, acredite se quiser, mas você olha para o corpo do cara que está te ajudando a passar pela pior fase e percebe o quão delicioso foi tocar cada parte, ele está falando e pra mim seus lábios que são carnudos e gostosos de beijar se movimentam em vão porque eu não estou ouvindo nada, e esse sorriso com esses dentes maravilhosos que sabem aonde morder e como morder.
-Você ouviu metade do que eu disse?
-Não- me levanto e vou do outro lado da mesa sentado na frente da cadeira dele - entendo seu medo, estou me sentindo uma adolescente inconsequente, mas eu não consegui te parar quando na verdade o que eu mais queria era você me abraçando, beijando...
-Soph, não quero falar disso...
-Shhh - coloco meu dedo na boca dele e me aproximo do seu rosto, nossas respirações se misturam de tão perto.- no dia que descobri da palhaçada do Ryder, eu achei que a minha vida tinha acabado, mas, ela me trouxe você ainda mais para perto. Eu me odeio por amar aquele idiota e me condeno por te querer, como eu quis ontem, como eu quero agora- ele respira ofegante, posso ver seus cílios enormes, delineados naturalmente e o seu olho brilhando, sento na sua perna e me ajeito mais perto.
-Eu não queria conversar porque sabia que iria ouvir o nome dele seguido da palavra amor, mas, não esperava ouvir você dizer que era o que queria, não dessa maneira- ele coloca a mão no meio das minhas costas fazendo um carinho, ajeita meu cabelo e me encara. - você sabe como eu sofri quando a Luana mudou para o Peru, mesmo que ela quisesse relacionamento a distância eu não iria conseguir, só você sabe o quanto eu amei e sofri - sua mão livre entrelaça a minha e ele me olha profundamente- quando tive a certeza que estava apaixonado por você queria te contar, confesso que quando o Ryder apareceu naquele restaurante eu queria matar ele, porque eu ia te contar naquela noite, mas o que ia adiantar? Você o ama e eu compreendo muito - aproximo ainda mais e com a minha mão livre faço um carinho no seu ombro.
-Você tem sido meu porto seguro, o homem que me faz rir, me salva, me protege e faz de tudo por mim, queria deletar o Ryder do meu coração, mas não posso. Preciso ter amor próprio e encarar o que é melhor pra mim, e estar aqui, no seu colo tão perto, me faz querer isso - nossos lábios em fim se encontra, suas mãos vão para debaixo da minha nuca e as minhas agarram suas costas,me entrego ao nosso beijo e me ajeito em seu colo, é como se só estivéssemos nós dois no mundo, aperto ainda mais as suas costas e ele faz um carinho no meu cabelo.
-Céus- ele fala encostando a sua testa na minha e está com a respiração ofegante- o que a gente está fazendo ?
-Não sei, mas eu quero mais - falo baixinho e ele sorri.
-Vou te levar para a faculdade, tenho que ir auxiliar o Drake hoje e a senhorita tem estágio.
-Queria mais- faço beicinho e ele me dá um selinho.
-O que acha de continuarmos a noite? Posso comprar algo, assistimos um filme e... A gente decide como prosseguir - ri alto e eu acompanho aquela risada gostosa.
- Não posso dizer que te amo ainda, mas que eu estou mexida, isso é a mais pura verdade.
-Corro o risco de ser carência? Confusão de sentimentos?
-Não- ele sorri - por mim passaria o dia aqui.
-Por mim também.
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Paixão Inconsequente
RandomJá pensou como uma paixão repentina pode causar danos? Sophia tem vinte e seis anos e é estudante de medicina, cursando o último ano ela se orgulha em nunca ter dependido de ninguém para realizar suas metas. Ao sair de um relacionamento turbulento...