Deslizo minha bandeja e ajeito meu prato ao lado dos talheres, olho novamente para ver se avisto Drake, acredito que ele permanece na sala de cirurgia.
Pego meu frango com uma mão enquanto escuto os mil áudios que minha mãe e meu pai resolveram gravar para dizer que estão com saudades, e claro, falar da Pandora, a Golden do qual eu morro de saudades de ter por perto.
Acho que preciso ver meus pais, as vezes me sinto distante demais deles, na verdade nossa relação nunca foi tão próxima, eles viviam de plantão e eu só queria brincar. Ser filha de médicos não é tão mil maravilhas quanto pensam.-Ela está bem fitness e com uma carinha feliz - Dani para do meu lado com sua bandeja - aposto que isso é - ele me encara por um minuto - você transou - quase grita e o refeitório inteiro me encara.
-Daniel - falo em tom de advertência sentindo meu rosto pinicar de tão quente e vermelho - Shhh- ele ri em tom de desespero.
-Quem é ele?
-Você aparece do nada e quase grita para o mundo que transei e quer saber quem é? - pego mais salada, o sal e vou em direção a mesa e ele me acompanha com apenas uma carne em seu prato.
-Sim, eu conheço mulher que está satisfeita.
-Começou o machista - coloco um pouco de salada na boca e agradeço aos céus em matar a minha fome.
-Já disse, não é machismo, é experiência! -dou graças a Deus em avistar o Drake, faço sinal para ele se juntar conosco - quando terminarmos aqui posso te dar seu presente?
-Eba, com certeza! - falo sorridente. Meu amigo senta ao lado dele se acomodando.
-Hoje está difícil, um paciente não resistiu na mesa de operação - ao contrário do Daniel, Drake sempre foi mais frio e cético, ele acha que fomos jogados ao mundo apenas pra sobreviver, como se fosse um jogo. Ele lida com a morte como alguém lida com a gripe.- mas acabou, a Tina disse que você me procurou duas vezes ? - e lá vamos nós.
-Sim, eu queria saber porque você não engole o orgulho e fala com a Luma de uma vez por todas.
-Passei um mês na Irlanda e você continua sendo a cupido desses dois? - Daniel indaga de boca cheia - e eu que me considerava brasileiro até - ri sozinho e eu o encaro tentando entender a piadinha - nunca viu essa frase que o brasileiro não desiste nunca? - ri mais uma vez e o Drake me encara.
-Acho que o período noturno não faz bem para o Daniel - sorrio e corto meu frango. - ela não sabe o que quer, eu cansei de me meter no meio dessa relação e ser só mais um, eu amo a Luma. Por mim casaria com ela.
-Por você, por ela não - Daniel fala sério - sei que a Soph é a cupido dessa relação e quer que vocês conversem e ainda é amiga dela, porém, como seu amigo eu já te disse! Pula fora disso.
-Daniel não acredito- falo indignada.-Você também pensa assim, só está aqui pedindo porque ela é sua amiga e está no seu pé com certeza não é? - coloco muita salada na boca e mastigo em silêncio - viu? - Drake nos encara.
-Eu não sei, preciso pensar o que vou fazer, estou sem fome. - fala enquanto se levanta - são três e quarenta ainda e eu só queria a minha cama, vou para o meu consultório tentar cochilar - assinto de boca cheia e o Daniel faz o mesmo.
Meu celular apita uma mensagem e eu pego depressa.
*Acordei agora e acredita que parece que me acostumei com você na minha cama? Saudades Lorenzinha*
Sorrio ao ler a mensagem do Ryder e o Daniel me encara.
-Eu sabia! Não me fala que é seu ex, pelo amor de Deus. - ele está especulando muito.
-Nem pensar, é outro cara que eu conto assim que der certo ok? - ele engole seco e sorri sem graça.
-Está bem Soph, vamos até meu consultório? Quero te entregar seu presente - viro o suco e assinto empolgada.
Passamos pelo corredor e ele me conta tudo que passou na sua viagem, dos costumes, músicas e de tudo que aconteceu, e sem pudor algum me fala das mulheres que pegou e de tudo que rolou.
O que eu mais amo nesse homem é o amor dele pela vida e as coisas simples que existem.-Aqui está - ele me entrega um pacote médio, prateado com uma fita vermelha, nele está escrito, com amor: Daniel.
-Já amei o embrulho - abro devagar e dentro tem um baú de madeira estilo aqueles antigos, os detalhes são sensacionais e lindo. - uau.
-Abre ele- faz menção para eu colocar na mesa, abro ele assim que o apoio e sorrio, dentro tem uma mulher de porcelana, os cabelos bem vermelhos e trançados, com um vestido verde cumprido e todo detalhado, ela está sentada em uma pedra com uma arpa entre seus braços, seus olhos fechados, em volta tem outras pedras com algumas flores. - é lindo demais Daniel.
-Apertando aqui- ele puxa uma alavanca e começa a tocar uma música celta relaxante, sorrio encantada. - esse tipo de música lá é tradição, em todos os lugares que eu ia tocava, estava com medo de ser decapitado por algum Lanister - solto uma risada e continuo observando os detalhes. - ah e esse é algo que eu quero que use - é uma caixinha preta com um laço.
-Mais um? - pergunto desligando a caixa e fechando.
-Não quer é - tira da minha não e eu vou até ele.
-Quero sim - sorrio - dá aqui seu bobo. - abro e me deparo com um colar, ele tem o cordão fino e uma pedra verde da cor esmeralda toda trabalhada em um ferro, lembra muito algo medieval.
-A Irlanda é conhecida como a ilha da esmeralda, por conta da sua vegetação e a chuva abundante que mantém tudo sempre verde, essas pedras são vendidas como poder da natureza, capaz de afastar sofrimento, dor, perdas e até curas. Gosto tanto de você que quero você protegida - esboço um sorriso - você merece.
-Eu amei - o abraço forte - esses presentes são lindos, eu vou usar essa pedra com certeza, só não coloco agora porque aqui não é permitido.
-Eu sei - nós afastamos e ele está sorridente. - fico feliz que você gostou.
-Doutor Daniel? - é o Olavo enfermeiro plantonista - emergência.
-Tenho que ir - assinto.
-Obrigada- ele sorri e coloca a máscara, pego meus presentes e ajeito para levar até a minha mochila.
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Paixão Inconsequente
RandomJá pensou como uma paixão repentina pode causar danos? Sophia tem vinte e seis anos e é estudante de medicina, cursando o último ano ela se orgulha em nunca ter dependido de ninguém para realizar suas metas. Ao sair de um relacionamento turbulento...