[Capitulo 5] Sophia - Resultado do Desastre

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Encaro o homem alto, aparentemente ele tem mais de trinta anos, por mais que não demonstre nada disso, sua barba cerrada, olhos em um verde água que parece estar aceso, uma boca tão carnuda e um cheiro amadeirado que faz o meu lado detalhista aflorar, e ainda por cima descrever o quão profundo e intenso é olhar nesses olhos nem que sejam segundos até...

-Oh meu Deus, me desculpe - falo em uma tentativa de querer limpar a bebida com as mãos e ele gargalha - little talks toca bem alto ao fundo.

-Primeiramente, não me chamo Deus, prazer Ryder Brown. - ele sorri - Vamos sair daqui, assim posso ouvir seu nome, porque a velhice me impediria de escutar qualquer coisa - ele grita de uma maneira além do necessário, como se ele fosse muito velho.

Aonde estou com a cabeça? Achando que sou a mocinha de um filme clichê de natal da Netflix? Derrubo bebida em um estranho e aceito sair da pista de dança para me sentar do lado de fora, próxima a uma piscina que provavelmente tem aquecedor, porque tem muitas pessoas pulando de roupa e tudo, com um estranho.

Ryder volta com um guardanapo em uma mão e a cerveja em lata que pedi e eu sorrio ao ouvir um som do Imagine Dragons pegando a lata de sua mão. Ele passa o pano na bebida sem se importar muito e senta-se próximo a mim.

-Acho que agora posso te ouvir.

-Como se você fosse tão velho assim - zombo e ele me encara.

-Tenho quarenta anos, acho que a idade é suficientemente velha- solto uma gargalhada.

-Fiz vinte e seis recentemente - abro a lata de cerveja e viro no copo de vidro que está sobre a mesa.

-Interessante, mas sei a sua idade e o nome não? - sorrio e beberico o meu copo colocando de volta á mesa.

-Me chamo Sophia! - estendo a mão e ele pega prontamente- prazer, e me desculpe por ter derrubado bebida na sua camisa.

-Imagina, Sophia é um nome lindo, italianos na família?

-Na verdade não, meu pai era apaixonado pela Sophia Loren e convenceu a minha mãe que me chamasse Sophia, por mais que ele quisesse colocar o Loren eles decidiram que seria apenas Sophia Hopper.

-Um lindo nome, não que Sophia Loren não seja - bebo mais um gole da cerveja e sorrio concordando.

-Você trabalha no Mount Sinai? Ou estuda na UofT? Ou está somente acompanhando alguém?- porque Deus me fez tão curiosa?

-Quantas perguntas -ele solta uma risada e se ajeita na cadeira.- Eu sou o novo professor de Clínica Médica na UofT - me arrepio - E você? Devolvo sua pergunta.

-Eu sou aluna do último ano.

-Bingo! - ele coloca os braços na mesa e se aproxima. - Então serei seu professor!

-Sim, a Kátia se afastou por licença maternidade, presumi mesmo que seria meu professor.

-Vou te dar um "E" por essa saroba na minha blusa- não evito a gargalhada e ele devolve com seus dentes brancos perfeitamente quadrados e bem cuidados um sorriso extremamente iluminado.

-Então já está no estágio? - me olha ficando sério novamente - se importa? - Pergunta pegando a lata de cerveja e eu nego com a cabeça, ele leva até a boca bebendo um gole.

-Sim, estou fazendo residência já, serei Pediatra, amo crianças, só não tive a sorte de ser mãe, então...

-Você só tem vinte e seis anos!

-É eu tenho vinte e seis anos! Até encontrar alguém que valha a pena, ainda vão mais uns dez, quinze anos, e quero ser mãe, não avó do meu filho- bebo mais um pouco da cerveja e ele me encara.

-Logo, logo você encontra um homem que estará pronto para te amar, respeitar e te dar tudo o que merece, afinal, você é uma menina muito especial pelo que eu percebi!

-É, eu tenho meu valor- mexo no meu cabelo e ele sorri.

-Amiga- escuto a voz estridente de Luma atrás de mim e me viro quando a vejo com a cerveja na mão, ela prontamente senta do meu lado e coloca a garrafa em cima da mesa.- Você é perfeita, sabia?- me abraça e começa a chorar- o Drake foi embora porque brigamos, estou tão péssima- a abraço de maneira que ela desabe, Ryder me olha preocupado.

-Vou buscar um copo de água para ela e tentar achar glicose.

-Obrigada! - falo ainda abraçada com a minha amiga que não para de chorar.

-O que eu faço? Minha vida está uma merda, eu amo ele mas não me vejo sem o Josh, e ele está lá passando por um monte de coisa, e o Drake simplesmente não entende.

-Ele te deixou sozinha nesse estado?- Ele não faria isso.

-Não, quando te viu me acompanhou até aqui e foi embora!- ela se afasta e me encara com os olhos inchados e tortos por conta da bebida.- só queria que nada disso estivesse acontecendo, eu amo ele, eu...- chora mais - você acha que um dia vamos ficar juntos?

-Se vocês pararem para perceber que o amor de vocês é mais forte que tudo, ficarão!

-Aqui mocinha, toma essa água - Ryder volta com uma garrafa de água, derrama o líquido dentro do copo e entrega a ela - consegui achar um chocolate - entrega um bom bom a ela que recusa.

-Só quero a água - abro o bom bom e a entrego.

-Come isso por favor!- ela come e bebe a água desesperada.

-Espero que a motorista seja você- ele me fala sentando em seu lugar novamente.

-Estamos de Uber, minha intenção era beber muito nessa festa, mas não deu.

-Ainda bem - levanta a mão em agradecimento ao céu e eu dou de ombros. - Eu levo vocês! - por mais que ele seja professor, não sei se é uma boa ideia.

-Um homem mais alto que eu, com uma mulher bêbada e a outra que não pratica karatê ou defesa pessoal desde os doze anos?

-Mocinha, nunca diga isso a nenhum homem! - solto uma risada e minha amiga soluça.

-Vamos embora amiga, por favor!

-Eu aceito sua carona, até mesmo porque Uber a essa hora iremos demorar, e meu amigo que sempre está de carro deve estar em algum motel.

-Amigos peculiares- fala se levantando e eu sorrio, aliás, acho que não ria dessa maneira há muito tempo.

Paixão InconsequenteOnde histórias criam vida. Descubra agora