Assino o primeiro protocolo do dia e vou até o sistema para fazer minha liberação rotineira. Ryder para atrás de mim, estamos no corredor, na ala principal da pediatria e hoje está tranquilo sem muitas pessoas. Pego a ata e vejo que o setor que fico ainda não tem nenhuma emergência.
-Agora você vai me ouvir - ele começa debruçado no balcão me olhando.
-Se for sobre a sua aula eu quero porque fui mal na sua prova, outro assunto não!- falo sem olhar na cara dele, de repente ele pega meu braço me obrigando a olhar fixamente em seus olhos. - você está me machucando- ele afrouxa a mão.
-Só assim para você me ouvir? Eu fui errado, inconsequente, mas eu não imaginava que você era a filha postiça do qual ela tanto falava, se eu soubesse...
-Teria sido outra!- ele me encara- você tem tesão em trair, porque você gosta de magoar pessoas que te amam? Tem noção onde se meteu? No meio de duas amigas e a mãe de uma delas que é como se fosse a minha mãe! Eu estou em choque até agora - travo uma batalha com meu choro- não acredito que você fez isso - solto meu choro - não tem o que te ouvir Ryder, isso é coisa de doente - seus olhos estão fixos nos meus.
-Eu me apaixonei por você- meu coração gela - foi isso que aconteceu, queria sim que fosse só uma aventura não nego - que nojo! - mas, eu me apaixonei pelo seu jeito, sorriso, eu...
-Some- falo com a voz embargada -só isso, sai da minha frente e só fala comigo se for algo relacionado a aula, estágio, prova o que for, mas nunca mais fala nada.- aquilo mexeu comigo, confesso. Respiro fundo e me solto da sua mão indo em direção ao banheiro.
O silêncio me permite ouvir crianças chorando e pessoas conversando, durante o tempo que fiquei, consegui medicar alguns pacientes e ele acompanhou calado só me encarando de vez em quando. Olho no relógio e agradeço aos céus que está dando a hora de sair, foi a tarde mais horrível, ficar com ele ali perto de mim depois de tudo que aconteceu foi a tortura mais horrível. Sinto como se meu coração estivesse quebrado em mil pedaços.-Que tal uma carona?- agradeço a Deus em ver o Daniel parado na ala principal da pediatria - Combinei com a Luma, Drake e Jimmy de darmos uma volta- ele sorri - o Lincoln disse que se der ele vai. - ele está ignorando completamente os olhares fulminantes de Ryder nele.
-Eu aceito com certeza - falo aliviada - espera eu ir até meu armário? - ele assente- aliás - puxo ele - vamos comigo. - Evitar que os dois fiquem sozinhos é a melhor coisa.
-Vai me ignorar completamente ou vai pensar no que eu te disse?- Ryder quebra o silêncio -espero que pense- sem dizer nada viro puxando Daniel até o meu armário.
-E o que ele te disse que você teria que pensar? - pergunta de uma vez.
-Que está apaixonado por mim- falo baixinho.
-Cretino - ele corre a mão no cabelo - e você não acreditou né?
-Dani, por favor... Eu só quero ir está bem?
-Claro que acreditou- fico quieta- tudo bem, vamos, te levo para a sua casa, depois te busco para irmos no CityDown, fiz questão de ser lá, porque sei que ama aquele lugar.
-Acho que não estou com cabeça.
-Acho bom você arrumar cabeça para isso, porque todo mundo quer te ver lá -sorrio- você é um grande filho da mãe- ele beija a minha testa assim que retira a máscara.
-Vamos logo!
Olho para todos meus amigos rindo, estamos em um sofá de madeira com a mesa na frente aonde o monte de garrafa descreve a quantidade de bebida que consumimos em menos de duas horas de conversas e risadas. Estou alterada, com certeza, bebi muita cerveja e virei duas tequilas do Jimmy, agora eu simplesmente me levanto para dançar alguma música da Katy Perry com meu melhor amigo. Vejo de relance e embaçado os rostos dos meus amigos, e tudo está estranho, minha cabeça gira e eu começo a sorrir, pela primeira vez em horas eu estou bem!
-Bebe Soph- ouço Daniel com um copo de água atrás de mim - bebe a água vai.
-Eu quero tequila, uhul- saio correndo e Luma vem até mim.
-Tequila - fala enrolado- uma rodada de tequila- ela fala sem força e Drake vem com a bandeja oferecendo os copos, pego e viro de uma vez sentindo tudo queimar.
-Diva- Jimmy grita e me puxa para um selinho- te amo!
-Eu amo você Jimmy - Daniel solta uma risada e não vejo mais nada, só tudo bem bagunçado. -Eu amo o Ryder- grito e sinto Dani me abraçar quando perco o equilíbrio.
-Meu Deus, cuidado com o que fala, vamos embora- nego - então bebe água agora- fala nervoso e me entrega o copo, bebo de uma vez e ele coloca mais no copo. Ninguém sequer ouviu, todos estão distraídos demais com suas bebedeiras.
-Dani, me leva embora- falo por fim.
-Mas já? - Drake fala mole- eu te levo!
-Você não vai levar ninguém - Luma grita bêbada e Dani vai até eles.
-Ainda bem que vocês estão de Uber, quer que eu leve os três?
-Não, vamos ficar - Drake nem consegue falar.
Só percebo que sai dali e estou do lado de fora com meu celular na mão mandando áudio para Ryder.
"Você é um babaca, cretino inconsequente que roubou a merda do meu coração, agora eu estou aqui sofrendo porque te amo e não vou te ter nunca, eu te odeio, não, eu te amo" - falo mole e minha voz se atrapalha.
-O que eu temia!- Dani fala me olhando- mandou áudio pra ele né? Me dá seu celular.
-Não- falo um pouco mais alto.
-Dá Soph, você vai me agradecer!
-Eu não quero, para de bancar o meu pai! Chega de achar que pode me proteger de tudo, porque você não pode- perco o equilíbrio e caio no meio fio, solto meu choro e perco o sentido.
-Infelizmente não posso te proteger - ele me pega em seus braços e leva até o carro.
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Paixão Inconsequente
RandomJá pensou como uma paixão repentina pode causar danos? Sophia tem vinte e seis anos e é estudante de medicina, cursando o último ano ela se orgulha em nunca ter dependido de ninguém para realizar suas metas. Ao sair de um relacionamento turbulento...