[Capítulo 16] Sophia - Que história é essa?

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Daniel se senta no sofá que tem na sua sala e me encara.

-Ainda não acredito que esse filho de uma puta apareceu aqui e escolheu justo você - ele passa a mão pelo cabelo nervosamente - Eu e Ryder fizemos residência juntos, ele entrou um pouco mais tarde para a medicina, eu fui afobado e quando fui ver já tinha me formado, especializado e estava na residência. Isso tem uns dez anos, éramos bem próximos e saímos juntos como melhores amigos, ele havia se casado com a Bia, um amor de mulher.

-A que eles decidiram que seria o fim né? Que foi tranquilo? - Ele ri irônico.

-Então eu sempre ia na casa deles no finais de semana - ele continua sem me responder- até que um dia levei a minha irmã Carolline de dezessete anos na época na casa deles, ela ia ficar sozinha, meus pais estavam em St Barth , e ai ela pediu para sair comigo, eu era o irmão que toda mulher quer, apoiava em tudo! Aquele dia foi muito estranho, percebi ele a encarando o jantar inteiro- meu coração gela.- por mais que a apoiasse, aquilo me gerou certo ciúmes e nojo, ele tinha trinta anos e era casado com uma mulher que lambia o chão que ele passava. Então os dias se passaram, e eu notava Carolline saindo todas as noite, cada dia era em uma amiga diferente e nunca queria que eu a acompanhasse. Um dia, quando ela saiu eu a segui, peguei ela entrando em um motel com Ryder, parei meu carro atrás e escutei o número da suíte e entrei - ele tem lágrimas nos olhos.- peguei uma do lado da que eles estavam e quando pude entrei e lá estavam eles se pegando.

-Mentira Daniel, não pode ser- ele me olha.

-Continuando... Quando vi aquela cena eu não acreditei, queria matar ele, ela tinha acabado de completar dezessete anos.

-Dani, para de mentir, por favor - uma lágrima desce involuntária e ele me encara.

-Você acha mesmo que eu mentiria para você? - seus olhos se aprofundam nos meus - e então eu liguei de vídeo para a Bia que estava grávida, e eu não sabia, aliás ninguém sabia - ele chora e abaixa a cabeça.- eu não sabia que...

-Não Dani não, não pode ser...

-Eu contei pra ela, minha irmã me xingava e o Ryder queria me bater, foi péssimo, mas eu não podia ser conivente com aquilo, se ela não soubesse que ele era casado, mas, ela sabia! Eu ajudei a cria-la praticamente e não admitia que ela ficasse daquele jeito. Depois daquele dia a Bia perdeu o bebê e largou do Ryder, a Carol ficou comigo e meus pais até completar dezoito anos e depois foi morar com uma amiga em Londres e não fala mais comigo.

Porque quero saber da versão dele. - ele ri - certeza que vai te contar uma mentira tão dramática e fazer cena. - as palavras de Ryder ecoam na minha cabeça e eu estou zonza.

-Dani, me conta a verdade - começo a chorar -eu gosto tanto de você, não admito que minta pra mim.

-Você não acredita em mim Sophia? certeza que vai te contar uma mentira tão dramática e fazer cena... -me responde Sophia?

-Ele jamais faria isso Daniel, jamais! Um dia ainda vou descobrir o que aconteceu de fato- levanto enxugando meus olhos - mas nessa história eu não acredito.

-Certeza que aquele cretino te envenenou.

-Ele tem uma irmã, você acha que ele faria isso para a sua?- ele me encara espantado.

-Oi? Irmã - ri alto - ele é filho único.

-Mentira de novo, ele tem três irmãos Daniel - ele começa a rir.

-O que esse cara fez com a sua cabeça, você está completamente cega.- começo a sentir ódio dele por isso, provavelmente Ryder roubou alguma namorada dele ou algo tão pequeno e ele realmente está fazendo cena.

-Eu não esperava que você fosse assim, sério. - abro a porta.

-Me promete uma coisa? - paro.

-Assim que ele te magoar, pode me procurar, eu não vou te julgar e nem dizer eu avisei, mas faço questão que me procure.

-Espere sentado, porque ele não vai fazer isso - bato a porta.

Ando depressa até o banheiro feminino mais próximo, entro no primeiro que vejo e me permito chorar.
Não sei se meu choro é por conta de tudo que ouvi ou por achar que talvez o Daniel seja um mentiroso. Porque o Ryder mentiria pra mim? Isso não tem nexo nenhum.
Meu celular toca e eu me ânimo de ler o nome de Lizzie na tela, céus que saudades dessa menina. Aperto o botão para atender e já posso ouvir sua voz doce e calma do outro lado do aparelho.

-Sei que está no estágio, mas quero te contar que chegamos. - fala animada.

-Ai céus que notícia maravilhosa.

-Que voz é essa Sophia? Você chorou ?

-Teve um acidente com uma criança hoje - minto - e sabe como eu sou, ainda tentando manter a resiliência.

-Céus, sei que é complicado, mas se quer ser pediatra tem que entender que muitas vão morrer nos seus braços minha amiga.

-Sim - enxugo minhas lágrimas- você tem razão. - mas e aí me conta, quando vamos nos ver ?

-Então, a mamãe vai dar uma festa amanhã a noite para todo mundo conhecer o noivo dela, e já disse que quer a filha postiça dela aqui - com certeza ela revirou os olhos.

-É claro que eu vou. Chamou a turma?

-Sim, mandei no nosso grupo, mas acho que você não olhou aí te liguei. Todos vão sim, me faz um favor? Chama o Dani - aquilo me seca a garganta.

-Chamo sim, pode deixar. - se fosse por mim eu não chamaria, mas, a festa não é minha.

-Obrigada, e se anima... Amanhã você vai conhecer seu pai postiço - dou uma risada fraca. - te amo muito viu.

-Amo vocês também, dá um beijo na tia Magie, e vai dormir que está tarde.

-Ainda estou ligada nos duzentos e vinte meu amor, pensa na alegria, minha mãe sorrindo novamente, todas renovadas e agora estamos bem. Louca pra te ver e encontrar meu povo.

-Todos estamos com saudades. Vou voltar, um beijo.

-Beijos linda.

Paixão InconsequenteOnde histórias criam vida. Descubra agora