[Capitulo 28] - Daniel

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Eu costumava ir todos os verões para St Barth com os meus pais quando era mais novo.
Lembro de como eu gostava de ver o mar do Caribe tão azul e aquela brisa gostosa que jogava meus cabelos sempre para trás, o cheiro do sal do mar, puro e leve batendo no meu nariz que sempre tinha um monte de protetor solar.
Minha irmã era louca por castelo de areia, e o Otávio nosso pai "dois" a ajudava sempre que estávamos em qualquer praia, ele sempre teve um carinho enorme por ela, era a menininha dos olhos dele.
Minha mãe morreu muito nova e eu mal a conheci, minha irmã muito menos porque era uma bebê recém nascida, e foi aí que o meu pai de sangue August, um cardiologista muito famoso em Vernon, a cidade minúscula que ele insistia em morar, conheceu Otávio, um engenheiro recém formado e dois anos mais novo que ele, eu tinha seis anos quando tudo aconteceu, me lembro de como ele foi ridicularizado por morar com dois filhos e mais um homem.

Meu pai ouvia coisas horríveis, muitas noites escutava ele e o Otávio chorar no quarto. Mas na nossa frente ele era uma rocha.
Eu sempre admirei o amor deles, fui criado por dois homens magníficos e nunca tive um pingo de vergonha em contar para todo mundo que eu tenho dois pais, e que são incríveis.

Acho que pensar nos verões em St Barth trazem a minha essência de volta, aquela criança que só queria ser feliz e brincar no mar.
Não vou mentir que conviver com o amor que sinto pela Sophia não tem sido fácil, sempre desejei um amor gostoso e leve como o deles.
Contei para os dois que havia feito amor com ela e o Otávio foi a loucura, os dois gostam muito dela e sempre torceram para que desse certo, mas depois do que ouvi hoje acho que perdi minha Sophia.

Ela sempre deixou claro o amor que sente por aquele professor de quinta, mas, eu não consigo acreditar que ela não possa sentir um pouco de amor, desejo ou sei lá por mim, o toque dela, o beijo, tudo tão gostoso e verdadeiro.
Ouvi da boca do Ryder que ele largaria tudo para fugir com ela, e com certeza ele vai fazer a maior merda, esse homem é um idiota, eu não sei como ninguém interdita ele, ainda mais os pais sabendo do grau de psicopatia que ele tem comprovado. Queria poder contar isso para a Sophia, mas tenho medo dela usar isso como desculpa e aceitar tudo, achar que vai ajudar ele, quando na verdade é só mais uma vítima. Morro de medo dele machucar ela, acho que eu mataria esse infeliz.

Respiro fundo e encaro a janela, ypês coloridos deixam o céu mais azul, o dia hoje está calmo no hospital, e por mais que eu não queira pensar em nada, preciso me preparar para ouvir mais uma mulher que eu amo por o fim em algo.

Ainda acho que vai doer mais do que com a Luana.

E se ela quiser ir com ele, eu vou apoiar qualquer decisão, porque eu amo muito, prefiro deixa-lá ir e ser feliz do que ficar e se arrepender.

Escuto a porta abrir e respiro mais forte ainda, me concentro nessa lembrança.

"- Homens não choram pai Otávio
- E são todos de ferro então, esse joelho escorrendo sangue e não vai chorar? Eu choro ouvindo Adele, porque sou um ser humano e tenho lágrimas que nem uma mulher.
- Os meninos vão rir de mim.
- Deixa eles rirem, quando crescem serão todos babacas e você vai conseguir conquistar as mulheres, por ser você, sensível e um ser humano. Pode chorar filho."

Se a Soph resolver ir, não vou deixar de chorar.

-Posso cancelar a comida japonesa e o chocolate belga? - continuo encarando a janela, ela fecha a porta e senta na cadeira a frente.

-Perdeu a fome? Ou prefere não ter a minha companhia hoje? - ainda permaneço olhando a janela.

-Não estou afim de fazer nenhuma despedida. - viro para olhar nos olhos dela, minha linda estava chorando, isso corta o meu coração. Pego as suas mãos. -ouvi a conversa Soph, eu te amo, e por isso se quiser pode ir, eu quero você feliz, mas não quero te prender.

-Eu não vou a lugar algum, eu não posso fazer isso com a Lizz, a tia Mag e você, além do mais eu não consigo te deixar, não mais- aquilo cai como uma bomba.

-Como assim?

-Eu não vou saber agir, viver, sei lá, você está em tudo na minha vida Dani, eu não quero te perder, não posso- dispara a chorar, levanto da cadeira e dou a volta na mesa puxando ela para um abraço confortável.

-Ei, ei shhh, calma- abraço mais forte.

-Dani, fica comigo!

-Eu sempre fico com você- falo baixinho.

-Não, Dani, quero ter algo sério com você- saio do abraço para encara-la. - o Drake me disse algo que fez sentido, antes do Ryder aparecer eu achava que só tinha amado o meu ex, e se esse amor por ele for uma ilusão que eu criei? Porque se eu o amasse, não ia me sentir assim com você, o seu beijo me faz bem, seu colo, o sexo com você foi surreal, o jeito com que você me olha- não faz isso Sophia - eu sinto tanta vontade de estar com você, eu...

-Calma, meu roteiro estava pronto comigo chorando e você indo atrás do Ryder, agora você está me pedindo em namoro? - ela assente. - meu Deus Soph, mas, você tem ideia do passo que é isso? Eu sou ciumento, chato, protetor até demais e... Sophia, você não está se precipitando?

-Nos últimos dias eu estava ao lado de quem ? Fiquei mais junto com você do que com os meus amigos. Dani, eu quero isso.

-E se o Ryder aparecer e...

-Eu não quero ele, eu me derreti em ouvir eu te amo dele sim, mas me senti mal só de pensar em como eu iria destruir você, meu coração dói só de imaginar que eu talvez nunca mais iria te ver.

-Você não acha que é carência? Não é melhor esperar?

-Eu quero isso.

-Sophia, eu... Eu vou me foder no fim dessa história, mas eu aceito sim ser seu namorado- ela sorri e me abraça, meu Deus, essa foi a melhor parte do meu dia.

Paixão InconsequenteOnde histórias criam vida. Descubra agora