-Três meses Drake, eu estou completamente sem esperanças- falo depois de virar de uma vez meu café frio, tenho certeza que minhas olheiras estão péssimas, depois de um estágio exaustivo e mais intenso por conta dos momentos finais de curso, estava eu no refeitório com o meu amigo que estava cansado do plantão, mas, me ouvindo.
-Sophia, tem casos de coma que dura anos!
-Animador!- falo com ironia.
-Esperança mulher, você só provou o quanto seu amor é grande e resiliente, aquele quarto virou sua casa, e ainda por cima afastou um gavião - sorri- empurrou o Heitor para a Lizz hein. esperta.- não contei nada de Ryder e Lizz para ele.
-Sim, mas, viu como está dando certo? Ela aparece aqui todas as noites e ele é todo fofo com ela.
-Mas cuidar da senhora nada né? O Dani vai ter certeza que está com a própria noiva cadáver- reviro os olhos.
-Acho que ele já dormiu demais - ele assente.
-Nisso tenho que concordar, ele vai fazer plantão dobrado.
-Falando nisso, vou tomar meu banho e ficar com ele para descansar.
-Vai para a sua casa Sophia!
-Respeita minha vontade vai- suplico- preciso ficar com ele, me faz bem.
Dr Drake, emergência no quarto vinte e um, comparecer urgente.
-É o quarto do Dani- falamos em coro.
O medo me invade e minha pele está gelada, tento respirar pausadamente enquanto corro, mas o medo me corrompe tanto que não sei o que pensar, tenho vontade de parar e chorar, e nem pensar em ver ninguém reanimando ele ou o aparelho em um som único.
Entramos no quarto e o que vejo não é nada do que pensei, meu amor está com os olhos abertos, imóvel e com lágrimas devido o tempo em coma, me olha paralisado, aquilo enche meu peito, Drake começa a fazer os procedimentos eufórico, nem ouço o que ele diz, meus olhos não saem dos seus, esse homem é tudo pra mim, ele está vivo.
-Meu amor- ele me encara e eu me lembro que cortei meu cabelo que ia até as costas para o ombro e fiz mechas, sorrio e me aproximo com calma, como se buscasse a aceitação em seu olhar, o Dr Heitor havia me explicado que quando um paciente volta do coma, sua memória é tão viva que ele acha que foi ontem tudo que viveu antes do acidente, mesmo que passasse anos.- você voltou- falo quase sem voz. Ele tem um semblante bravo e eu me aproximo mais um pouco. - não vou falar nada - limpo minha lágrima - posso só te dar um beijo na testa?- ponho minha mão na dele, meu corpo esquenta e estilhaça em sentir aquela pele viva novamente.- Assim que fizer eu vou sair, o Drake fala com você e se quiser me ver eu volto está bem?- ele aperta a minha mão devagar depois de um tempo e eu me dirijo até a sua testa, meus lábios tocam suas têmporas e eu caio em choro.
-Cuidado Sophia, ele pode assustar- Drake está calmo olhando o amigo- deixa eu falar com ele.
-Eu senti tanto medo meu amor.- volto a olhar seus olhos- eu nunca mais espero para dizer isso, dane-se qualquer coisa, eu preciso dizer- choro mais forte- eu te amo - ele me encara- te amo muito, tanto que até dói... Fica bem, eu vou sair está bem?
-Isso, já falou demais, o cara acabou de acordar- fala bravo no canto sussurrando- vai com calma.
-Eu não ia esperar mais... - Dani está confuso e me encara sem conseguir falar, provavelmente sua fala vai vir aos poucos.
Abro a porta e vejo meu amigo se aproximar dele, não posso ficar, mas quero como nunca quis, Dani me acompanha com o olhar e eu saio em um misto de alegria e tristeza.
Como sou teimosa, resolvo ficar mais um dia no hospital, sei que ele precisa assimilar muita coisa, mas, esperei tempo demais para simplesmente ir embora. Tomo um banho demorado e relaxante no próprio hospital, como algo e tiro um cochilo que não dura nem vinte minutos, a noite toda é péssima, e estou em um quarto vazio ouvindo emergência a noite toda. Assim que o sol aparece levanto depressa, me arrumo e preparada para levar bronca do Drake vou em direção do quarto, meu amigo está no corredor instruindo a enfermeira sobre o caso do Dani.
-Mas é claro que ela iria ficar - sorri -como se eu não te conhecesse né Sophia?
-Como ele está?
-Confuso, a voz está voltando aos poucos, atualizei ele de tudo, como o Daniel é médico, não é tão complicado certos assuntos, agora ele está descansando, de novo, bom que ele descanse porque quando estiver bom eu vou botar ele para trabalhar- sorrio.- pode ir lá, mas vai com calma, ele lembra de tudo.
-Obrigada Drake- o abraço e saio em direção do quarto, vejo a mesma cena dos últimos meses, mas, agora sei que é apenas sono.- ei meu amor, eu estou tão feliz, que mesmo que você me mande embora, ou fale que não me quer mais, o fato de você estar vivo me deixou tão feliz- enxugo as minhas lágrimas- eu vivi meses de pânico, remorso, sim, remorso do que eu nem fiz... Mas só de lembrar de tudo, do acidente, do medo que senti com o Ryder, do sentimento de perda- choro e me aproximo da sua cama- sei que você está dormindo, mas queria tanto dizer tudo isso para você, e agora sei que será possível...
-Estou acordado- ele fala devagar e abre os olhos- ainda estou com dor nas pálpebras ai prefiro ficar de olhos fechados- fala sério e eu sorrio.
-Bom te ver bem, falando- me seguro para não correr até ele.- fora a dor nos olhos, está sentindo algo?
-Enjoo, náuseas, mas o Drake me explicou e eu sei que é normal, três meses é muita coisa- assinto e um silêncio paira na sala- está bonita com esse cabelo novo.
-Obrigada- sorrio.
-Gostei da decoração do quarto- comenta, eu havia espalhado fotos nossas, dos pais dele, e trazido as coisas que ele mais gostava para cá.
-Eu quis fazer de um jeito que você se sentisse bem quando acordasse- ele sorri.
-Vem aqui- mostra a cama e eu me aproximo dele- o Drake me disse algumas coisas do dia do acidente porque pedi, inclusive sobre aquele babaca ter te ameaçado.
-Mas você não acredita- ele me encara.
-Quando eu acordei, você me disse uma coisa... Queria saber se foi desespero, ou se falou de coração.
-Não foi desespero- encosto na cama- eu te amo Daniel, e você sabe que eu nunca disse isso porque não queria te machucar, porque eu nunca pensei nisso, você se tornou parte da minha vida e esse acidente só provou que eu te amo- ele sorri bobo.- pode me mandar embora, xingar, dizer que tem ódio de mim, eu vou sofrer muito, mas, você está vivo.
-Acho que a Netflix está perdendo uma excelente roteirista de drama- o olho confusa- não acha que eu fiquei tempo demais sem um abraço da minha namorada?- corro até ele sem pensar duas vezes e sento na cama me aninhando no seu peito, permito meu choro e ele afaga meus cabelos. -ei meu amor, eu estou vivo, está tudo bem- choro mais forte e ele me abraça- calma, está tudo bem, passou meu amor.
-Joga aquela merda de moto no lixo- falo soluçando e ele ri- se acontecer qualquer outra coisa com você de novo eu não vou aguentar- o encaro- não faz isso comigo.
-Eu te amo muito sabia?
-Eu te amo mais, porque eu aguentei te ver morto todos os dias por conta desse ciúme e daquela moto.- ele sorri.
-É tão bom ouvir de volta- me abraça.
-E tudo terminou em pizza- Drake entra com os prontuários nas mãos- ai que casal mais lindo, olha Daniel briga com a noiva cadáver ai, porque sinceramente, não saía por nada desse mundo, e quando inventava de trazer a turma pra cá? O Lincoln uma vez escreveu o nome dele no seu braço e fez um monte de bonequinho- dou risada de lembrar- ai dá o Drake lavando seu braço.
-Me lembre de brigar com ele- fala ainda abraçado comigo.
-Oh Sophia, sai de cima dele- meu amigo fala quando se dá conta que estou deitada com meu namorado.
-Deixa ela aqui- Dani rebate- depois ela sai, quando eu tiver alta- solto uma risada e meu amigo faz cara de bravo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Paixão Inconsequente
RandomJá pensou como uma paixão repentina pode causar danos? Sophia tem vinte e seis anos e é estudante de medicina, cursando o último ano ela se orgulha em nunca ter dependido de ninguém para realizar suas metas. Ao sair de um relacionamento turbulento...