Paixão Inconsequente

[Capítulo 18] Sophia - Doces roubados e Friends

Entro no meio dos dois deixando a minha decisão bem nítida. Brigar nesse momento não irá adiantar absolutamente em nada, minha perna ainda está trêmula do que eu acabei de presenciar e minha cabeça ainda está zonza, quero chorar, mas, está parado tudo na minha garganta me fazendo querer enfiar o dedo nela e tirar tudo isso.

-Ninguém vai brigar, não vai ter nada de exposição! - grito com uma força repentina e os dois me encaram - e vamos parar, porque se alguém nos pegar aqui eu mato os dois. - Dani o solta e Ryder me encara - Me leva Daniel, pelo amor de Deus, só me tira daqui - começo a chorar- quero ir embora e nunca mais olhar na cara desse cretino desgraçado que arruinou tudo.

-Claro- ele fala docemente me encarando e beija a minha testa - ainda bem que dessa vez eu vou conseguir consertar uma burrada sua né seu idiota.- Ryder respira fundo e me encara.

-Me perdoa Lo... Sophia, eu quero me explicar.

-Você não tem nada o que falar, agora volte para a sua noiva e suma de uma vez por todas da merda da minha vida.

-Espero que essas palavras tenham ficado gravadas nessa sua cabeça desmiolada - Daniel fala enquanto tira a minha bolsa da minha mão e coloca delicadamente no seu ombro- preciso proteger minhas munições-  ele fala se referindo aos docinhos que roubou. Sorrio sem vontade e ele beija o topo da minha cabeça me guiando pelas saídas dos fundos- que tal se a gente ouvir Celine Dion, comendo doces roubados e assistir Titanic?

-Você é um babaca mesmo- ele solta uma gargalhada alta e chega até o carro- Se quiser, pode me deixar na minha casa- falo assim que travo o cinto e ele faz o mesmo ligando o som baixinho.

-Negativo mocinha, vamos para a minha, conversar e chorar juntos.

-Obrigada por ser esse homem maravilhoso e estar na minha vida, não sei o que faria sem você- ele liga o carro abrindo um sorriso e eu despenco a chorar- Desculpa por não acreditar na sua palavra.

-Ei ei, shhh, para de se lamentar, agora vamos ficar tranquilos e ir para a minha casa ok? - Assinto.

Ele fecha a porta do apartamento e passa a chave, coloca a bolsa cheia de doces em cima da mesa e eu não aguento, deito no sofá e deixo tudo que queria tirar de mim sair em forma de choro agudo e dolorido, acho que não sofria assim desde o meu ex me dizendo que não queria mais nada, aquilo está doendo como se tivessem martelado meu peito. Daniel senta ao meu lado e pega meu corpo para si me levando até seu colo, beija minha testa e faz carinho no meu cabelo me abraçando forte, de uma maneira carinhosa.

-Vai passar, shhh, vai passar meu bem.

-Dani, porque Dani?

-Porque ele é um doente, um imbecil que merece se foder na vida!

-Eu amo tanto aquele homem, e ele está com a mãe da minha melhor amiga, que é como se fosse a minha mãe, e se elas descobrem? E se eu perder as duas pra sempre? - choro mais ainda e ele me acaricia.

-Só quem sabe somos nós três, ele jamais contaria, eu muito menos e você não vai arriscar essa amizade linda.

-Eu estou com tanta dor na minha cabeça, queria tomar um porre.- falo tentando parar de chorar.

-Nada de porre, nem pensar em bebida hoje... Faz assim, vai para o chuveiro e toma um banho bem gostoso, vou preparar algo para comermos, só me promete que não vai aprontar nenhuma besteira naquele banheiro?

-Eu não vou me matar por causa daquele escroto.

-Se fizer isso eu vou me tornar um assassino, porque eu vou naquela festa e mato ele.

-Quanto drama - falo sorrindo quase sem forças.

-Eu não estou mentindo - fala sério - aquele babaca não vai ser o responsável por mais uma vida, já não basta o próprio filho - me dou conta que a história que Dani me contou é verdadeira e meu choro aumenta - vai lá - beija minha testa - entra na minha banheira, relaxa bastante, deixa a porta destrancada, por via das dúvidas - assinto e vou em direção ao banheiro dele.

Deixo todo meu choro sair enquanto estou dentro da banheira, fazendo com que eu lave o pouco que sobra de dentro da minha alma, estou em pedaços nesse momento, como ele pode fazer algo assim tão escroto e ainda por cima pela segunda vez? A Magie está toda encantada por ele, e poderia ter sido outra mulher, ou menina, ele não liga para isso, eu não fui a Lorenzinha, o amor dele que achava que poderia ter, fui a outra, a amante e algo sem significativa. Tento me recompor, tiro toda a maquiagem esfregando meu rosto e nem ligo para meu cabelo.

Quando termino coloco a camiseta do Daniel que ele separou, e seu roupão por cima, passo a outra toalha no cabelo e vou até a sala, quando entro ele aperta o controle e o som da abertura de Friends se inicia. Olho na mesa e os doces roubados estão em taças grandes e do outro lado dois potes de sorvete Ben & Jerry estão com as colheres devidamente prontas, ele apaga a luz e vejo que abriu o sofá e deixou as almofadas espalhadas.

-Preparada para ver uma competição de bola onde a Monica é a dona da jogada e a bolinha não pode cair? E quem sabe um gato na tigela, ou melhor, o frango para descongelar - sorrio com as referências e ele me ajeita em seus braços. Colocou o episódio vinte e um da quinta temporada, porque sabe que é o meu favorito.

-Obrigada por tudo isso - ele me abraça forte, olho meu celular na mesa vibrando, vou para atender pensando nos meus amigos.

-Possivelmente é ele -Daniel comenta - liguei para o Drake e disse que você tomou um drink e não te caiu bem, e antes de vomitar lá te trouxe para casa, falei o mesmo para Magie, mas, ele ligou quatro vezes durante o seu banho - viro o aparelho e comprovo, ele liga novamente.

-Me dá isso aqui -Daniel pega meu celular e atende -Cara, será que dá para sumir? Não, ela não vai falar com você nem daqui um zilhão de anos, agora dá um tempo pelo amor de Deus - Desliga o aparelho e coloca na mesa.

-Desculpa por acabar com a sua noite - falo me deitando em seu colo, ele hesita e começa a fazer carinho no meu cabelo.

-Acabar com a minha noite? Sério? Você a tornou ainda melhor! Temos sorvetes, docinhos roubados e Friends, quer algo melhor?

-Tudo isso ser um terrível pesadelo.

-Mas é a realidade, e é sobre aquele babaca, e não sobre você, se soubesse tenho certeza que não faria nada disso.

-Nunca - falo sem pensar.

-Então, agora relaxa e vamos ver o gato da Rachel.

-Isso não é um gato - imito o Joey e ele ri baxinho.