[Capítulo 8] - Sophia - Temos um caso?

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Olho por muito tempo tentando entender o que Ryder quer me fazendo essa pergunta, respiro pausadamente por pelo menos umas cinco vezes e por fim agradeço por prestar atenção em todas as aulas de clínica médica.

-Uau Sophia, sabia que não iria me decepcionar.- a sala inteira já não gosta muito de mim e da Lizzie, com isso, a tendência é com certeza piorar ainda mais. O que ele quis com isso ?

Olho no meu relógio e percebo que é hora do intervalo para alguns e o de ir para o estágio no meu caso. Reuno minhas coisas enquanto a sala toda faz o mesmo, sempre é bem tumultuado nessas últimas aulas, porque alguns correm para comer e ir para o estágio ou vão direto para o hospital como é o meu caso.

-Você se saiu muito bem- Ryder aparece atrás de mim quando a sala está vazia.

-Céus Ryder! - falo engolindo seco assustada.- porque você fez isso? Eu estava com vergonha de olhar pra sua cara.

-Sophia, não quero que você misture as coisas, aliás, por sermos professor e aluna, não pega bem ninguém saber do nosso caso.

-Nos temos um caso? - pergunto querendo sorrir satisfeita.

-Depois ...- ele olha pela sala toda procurando sinal de alguém - da nossa noite deliciosa, acho que sim, porque é o que eu quero. - meu sorriso enfim sai e ele sorri de volta - posso te buscar hoje no estágio ?

-Quando termino o meu dia de hospital a única coisa que eu quero é um banho, então assim que ...

-A gente passa na sua casa, você pega suas roupas e toma banho na minha casa, posso fazer uma comida deliciosa pra você. - fecho minha mochila e coloco no braço.

-Saio as seis - prendo meu cabelo e ele assente - até lá professor - faço biquinho mandando beijo e ele retribui.

O que acabou de acontecer meu Deus, eu estou mesmo tendo um caso com meu professor? Nossa, desse jeito parece que estou pecando ou que tenho dezesseis anos e sou alvo de pedofilia, mas, mesmo assim eu já imagino minha cara em todas as aulas de Ryder.

Saio do Uber agradecendo o rapaz e logo meu celular vibra descontando a corrida. Ajeito meu cabelo enquanto caminho até a entrada principal, coloco a minha máscara por ser um protocolo comum do Mount Sinai, já na recepção passo álcool nas minhas mãos e vou até o vestiário me trocar.

Ajeito meu jaleco e coloco a máscara novamente, adoro minha touca de florzinhas e a calça rosa da ala pediátrica, sempre me sinto tão bem no que escolhi.
Abro a porta e logo dou de cara com Drake, parece que ele estava me esperando.

-Ei Sophia, como vai a futura pediatra mega inteligente? - ele está de máscara, touca e uma roupa cirúrgica.

-Ela está bem - falo sabendo que a primeira pergunta vai ser sobre Luma. - Se o Jimmy não a matou até agora, ela está ótima- sorrio sarcasticamente pegando minha prancheta para ver os afazeres do dia, algo comum do estágio.

-Mas eu não ia...- olho seriamente - está bem, ela não me ligou, não me atendeu e...

-Vocês dois são muito crianças, parem e assumam esse amor, meu Deus Drake, ela te ama.

-Não é o que parece...

-Soph - olho quando me chamam e vejo que é o Daniel que voltou de férias da Irlanda. Ele é um pouco mais alto que eu, tem o cabelo baixo e um topete bem leve, a barba semi cerrada e um olho bem castanho que quase chega ser preto. É um mulherengo de lei, que cuida de mim como se fosse a sua filha, ele tem por volta dos seus trinta e cinco anos. - que saudades - ele esquece qualquer regra e me puxa para um abraço apertado.

-Ah Dani que saudades de você.

-Daniel larga ela, não podemos ter contato físico aqui, esqueceu? - Drake o adverte apenas mostrando seu cargo de chefe de ala.

-Foi mal Doutor chefinho - zomba - senti tanta saudades da Soph, de você não porque não sinto falta de homem, aliás, se pudesse eu exterminaria os homens do mundo para ter todas as mulheres pra mim - solto uma gargalhada e reparo Drake ainda de cara fechada. - Está vendo? Ela riu, é isso que importa.

-Vamos trabalhar? - assinto ainda rindo e Daniel faz continência tento segurar minha gargalhada.

-Trouxe um presente pra você. - Daniel fala perto do meu ouvido, e Drake sai nos deixando a sós ainda no corredor. - ia ser um máximo te levar hoje após o seu estágio, saio às seis também- engulo seco.

-Hoje eu tenho um compromisso com o Jimmy - ele me ajudaria mentir caso fosse preciso, até mesmo porque as vezes o Daniel tinha uma proteção muito grande comigo, e era bom que ninguém soubesse do Ryder ainda mais pelo fato dele ser um professor novo na UofT.

-Saudades daquela mona, será que eu poderia ir?

-Se importa se marcamos outro dia? Porque hoje é mais um papo de mulheres - ele dá uma gargalhada e assente.

-Combinado, vejo outro dia pra te levar o presente.

-Agradeço por lembrar de mim - ele assente sorrindo, por mais que esteja de máscara, pelo seu olho percebo que seus dentes com certeza estão arreganhados. - agora preciso ir, tenho mil coisas pra cumprir e hoje vou ficar na ala de pediatria, aí já viu meu coração mole, que aliás, preciso ser mais resiliente se quero mesmo trabalhar com crianças.

-Você vai desenvolver isso, mas, sempre vai sentir por alguns pacientes, porque acima de ser uma médica, você é humana. - ao contrário de muitos médicos, o Dani sempre foi muito sensato, ele acredita em Deus e tem empatia por seus pacientes, acredito que seja influência dos seus pais, ou pai um e pai dois, como ele costuma se referir. O Dani perdeu a mãe muito cedo e seu pai se casou com um homem, e mesmo com todo preconceito  os dois deram a volta por cima e criaram ele e a irmã muito bem. Ele sempre me ajuda e por mais que nossa rotina seja mais no hospital, ele sai muito com o Jimmy e o Lincoln, acabaram pegando uma amizade que eu nem sei como, no início ele estava com a Luana sua ex, e não se misturava com todo o grupo, ele morria por essa mulher de uma maneira absurda.

Vou em direção da pediatria com minha prancheta lotada louca para que o relógio me avise que já são seis horas.

Paixão InconsequenteOnde histórias criam vida. Descubra agora