CAPÍTULO 05

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Amanda.

ㅡ Amanda! ㅡ escuto alguém me chamar e me viro.

ㅡ Meu nome. ㅡ falo procurando a pessoa que me chamou.

Meu corpo congela quando vejo Isabela se aproximando.

ㅡ Amanda, a professora mandou um trabalho em dupla, e você é minha dupla
ㅡ Isabela fala e eu sorrio amarelo.

ㅡ Okay, e sobre o que é o trabalho? ㅡ pergunto tentando parecer o mais normal possível.

ㅡ Orações, transitiva e intransitiva e etc, coisas que aprendemos no 9° ano, sabe?! ㅡ ela explica gesticulando com as mãos.

ㅡ Certo, é pra entregar quando?

ㅡ Dia 07 do mês que vem. ㅡ ela fala e eu concordo. ㅡ me passa seu número para falarmos depois, tipo marcar o dia que vamos fazer o trabalho... essas coisas.

Coloco meu número no celular dela, antes de sair ela me dá um beijo na bochecha e murmura um "tchau, Amanda".

É estranho pensar que ela é lésbica, eu não tenho preconceito nem nada disso, longe de mim, mas os pais dela são evangélicos, o pai dela é o segundo pastor da igreja e a mãe dela é diaconista, e pelo que eu sei, eles ensinam que é pecado ser homossexual.

ㅡ Ai meu Deus, o que ela veio falar com você? ㅡ Shiv aparece do nada. ㅡ ela sabe sobre você e o Renato?

ㅡ Não, sua doida, ela veio falar sobre o trabalho de português. ㅡ explico e Shiv suspira aliviada. ㅡ agora vamos que a próxima aula já vai começar.

•••

ㅡ O que está acontecendo com você? ㅡ Anna me pergunta enquanto eu limpo o balcão.

Acho que já comentei com vocês que eu trabalho em uma lanchonete, e eu estou trabalhando agora, Anna é a atendente do caixa da lanchonete e minha colega mais próxima.

ㅡ Nada, por quê? ㅡ falo sem desviar os olhos do balcão.

ㅡ Você parece preocupada, não sei. ㅡ ela fala e continua secando os copos.

ㅡ Não é nada demais, é só um trabalho da escola. ㅡ minto com a primeira coisa que me vem a cabeça.

ㅡ Quer ajuda? Sabe, eu já terminei os estudos então posso te ajudar.

ㅡ O trabalho é em dupla, obrigada por oferecer ajuda, prometo que se tivermos dificuldade eu irei te procurar. ㅡ falo e ela sorri fraco concordando.

ㅡ Amanda, o Simon quer falar com você. ㅡ Kyle fala e eu prendo a respiração.

Simon é meu chefe, por que do medo? Simples, ele está fazendo um corte de funcionários, e eu não posso ser uma das cortadas.

Sorrio fraco para Kyle e caminho em direção a sala do chefe.

Bato na porta e ouço um "entre".

ㅡ Kyle disse que o senhor me chamou. ㅡ falo e ele concorda fazendo um sinal com as mãos para mim fechar a porta.

ㅡ Pode se sentar, Amanda. ㅡ ai, minha nossa senhora das bicicletinhas sem freio.

ㅡ Prefiro ficar de pé, porém, obrigada. ㅡ falo e ele concorda.

ㅡ Acho que você já sabe que vou ter que fazer um corte de no mínimo cinco funcionários, ㅡ ele fala e eu concordo com a cabeça. ㅡ e com o tempo que trabalha aqui sabe também que eu odeio ter que demitir alguém, porém é necessário.

Continuo o olhando com a postura firme, tentando não parecer que estou terrivelmente com medo do rumo dessa conversa.

ㅡ Desculpe, Amanda, mas você está demitida! ㅡ fala com uma expressão... triste?! Engulo em seco e prendo a respiração.

E as contas da casa? E as contas que meu pai deixou? O que é que eu vou fazer agora?

ㅡ Aqui está o seu salário do mês, hoje é seu último dia na lanchonete. ㅡ ele fala com tristeza na voz.

ㅡ Certo, obrigada pela oportunidade, Simon. ㅡ falo serena e ele concorda com a cabeça, pego o envelope com meu último salário e saio da sala.

ㅡ O que aconteceu? ㅡ Anna me pergunta.

ㅡ Fui demitida.

ㅡ Amanda... sinto muito, sei o quanto você precisava desse emprego. ㅡ Kyle fala colocando a mão no meu ombro.

ㅡ Não tem problema. ㅡ falo e ele concorda com um sorriso triste.

Merda. Mil vezes merda.

•••

Entro no meu quarto e me deito na cama, sinto as lágrimas se formarem em meus olhos e não me esforço nenhum pouco para segura-las.

Começo a chorar abraçada ao meu travesseiro, sentindo a cada gota que escorria pelo meu rosto, o peso da falta que esse trabalho vai me fazer.

Minha mãe está doente e precisa de ajuda pra parar de se drogar, e isso vai custar dinheiro, a conta que tenho que pagar vai custar dinheiro, muito dinheiro, sem contar com as contas da casa, a comida... Porra!

Por que tudo tem que ser tão difícil?

Me levanto ainda chorando e entro no banheiro, olho para os remédios espalhados no armário que tinha ali. Eu poderia apenas dormir.

Pego um vidrinho de remédio e abro o mesmo vendo as várias cápsulas de remédio ali dentro. Não! Não posso fazer isso comigo... nem com minha mãe.

Fecho o remédio e o coloco de volta no armário. Começo a me despir para tomar um banho, um daqueles que lava a alma.

Sinto a água bater em minhas costas, logo vou me acalmando aos poucos.

Nunca foi fácil, e eu nem queria que fosse, porque nada que é fácil demais presta.

As coisas apenas ficaram um pouco mais difíceis do que já eram antes, mas nada que eu não consiga vencer, né?

Sex Proposal | Renato GarciaOnde histórias criam vida. Descubra agora