CAPÍTULO 15

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AMANDA

ㅡ Olha, eu sei que você está passando por um momento difícil, mas acho injusto tu deixar o Renato assim, no escuro. ㅡ Shiv fala fazendo eu prestar atenção nela. ㅡ ele não tem culpa de nada, você não pode esperar que ele venha te pedir desculpas por ter feito algo que ele acha legal.

ㅡ Eu não sou obrigada a aceitar isso, Shivani! ㅡ falo e ela se levanta.

ㅡ Claro que não é, mas um relacionamento maduro é assim, Amanda, vocês dois evoluem, descobrem gostos e coisas que o outro não gosta, e cedem a algumas coisas... ㅡ ela fala e eu me levanto pensativa.

ㅡ Vo...você tem razão. ㅡ droga! odeio me sentir assim. ㅡ ele deve estar confuso e me achando uma maluca.

ㅡ Explica pra ele o porquê de você ter "surtado". ㅡ Shiv fala e eu suspiro a olhando. ㅡ não precisa fazer isso hoje, pode ser amanhã na escola.

ㅡ Acha mesmo que devo me abrir pra ele? ele vai me achar uma fraca que depende dele.

ㅡ Não vai? Amanda, para de ser teimosa, você é a pessoa mais forte que eu conheço e que já suportou o bastante. Você é só uma adolescente, e todo mundo tem problemas, e nem por isso tu precisa carregar o mundo nas costas. E a reação dele vai mostrar se realmente vale a pena entrar num relacionamento.

ㅡ Certo! ㅡ falo suspirando e me dando por vencida.

Por mais que meu orgulho estivesse gritando na minha cabeça para sentar e esperar ele assumir que errou, eu devo fazer o certo se quiser que o que nós estamos construindo vá pra frente.

ㅡ Agora vamos, você precisa descansar e tomar um banho, está fedendo a hospital. ㅡ Shiv fala estendendo a mão.

Olho para minha mãe e suspiro.

ㅡ Só um minuto. ㅡ falo e abraço minha mãe, mesmo que ela não vá saber nunca que isso aconteceu eu sinto que preciso fazer. ㅡ eu sei que você está dando o seu melhor para cuidar de mim mãe, mas agora é minha hora de cuidar de você, e eu vou cuidar, eu prometo. ㅡ falo e dou um beijo na testa dela. ㅡ amanhã eu volto depois da aula. ㅡ pego meu celular e dou a mão pra Shiv.

ㅡ Ela vai ficar bem. ㅡ Shiv fala do meu lado.

ㅡ Eu sei que vai. ㅡ falo e sorrio fraco.

•••

RENATO

ㅡ Isabela! Posso falar com você? ㅡ falo me aproximando dela.

ㅡ Claro! ㅡ ela fala me olhando.

ㅡ Eu... queria... ㅡ pigarreio.

ㅡ Você queria...? ㅡ ela pergunta me incentivando a falar.

De longe vejo a Amanda me olhando, com um olhar curioso e pra baixo. Quando ela percebe que eu a olhei ela desvia o olhar tentando disfarçar.

ㅡ hm... ㅡ olho para Isabela. Vejo de relance que a Amanda voltou a me olhar.

Será que ela estava esperando eu ir até lá e pedir desculpas igual um cachorrinho? Porque se for isso ela irá se cansar!

ㅡ Nada, depois eu falo com você. ㅡ falo e vejo seu olhar ficar entediado.

ㅡ Ok, depois da escola nos falamos. ㅡ ela e fala e beija minha bochecha.

Ela sai rebolando pelo corredor e passa pela Amanda ignorando-a. Vejo Shivani falar alguma coisa para Amanda e ela suspira fechando os olhos. Ela caminha até mim com certa rapidez.

ㅡ Eu preciso... falar com você. ㅡ ela fala e eu a olho.

ㅡ Pode falar. ㅡ digo e ela olha em volta.

ㅡ É particular, Renato, não posso falar aqui. ㅡ ela fala e pega na minha mão, me puxando.

Fomos para trás da arquibancada e ela suspira soltando minha mão.

ㅡ Pode falar agora. ㅡ falo a olhando com atenção.

ㅡ E-eu... vo-você precisa... ㅡ ela fala gaguejando e desvia o olhar do meu.

ㅡ Amanda... pode falar, eu não vou te morder. ㅡ digo e ela engole em seco.

ㅡ Me desculpa por ter surtado, Renato. ㅡ ela fala calmamente. ㅡ é que eu não tenho uma boa experiência com drogas. ㅡ okay, isso realmente me surpreendeu.

ㅡ Você era... viciada? ㅡ pergunto e ela suspira.

ㅡ Não, meu pai era... ㅡ nesse momento percebo o quanto ela estava tentando parecer forte.

ㅡ E... ele te machucava? ㅡ pergunto.

ㅡ Não! ㅡ ela responde de imediato, ela suspira e se senta no chão olhando para as próprias mãos. ㅡ ele se matou há algumas semanas. ㅡ ela fala e é a minha vez de engolir em seco. ㅡ por causa de uma dívida com uns traficantes, ele era viciado em álcool e drogas.

ㅡ E-eu sinto muito, Amanda! Não tinha ideia e... porra! ㅡ falo me sentando na frente dela e segurando suas mãos.

Ótimo, tem como eu me sentir pior?

ㅡ Você não tinha como saber. ㅡ ela fala e sorri triste. ㅡ eu apenas descontei minha raiva em você, e você não merecia, me desculpa. ㅡ sinto um nó na garganta ao ver uma lágrima escorrer de seus olhos, e ela logo trata de limpar.

ㅡ Por que você me chamou ontem pra praça? ㅡ pergunto e ela engole em seco.

ㅡ A dívida que meu pai fez ficou pra mim e pra minha mãe, e ela também é viciada. ㅡ ela fala. ㅡ e está desempregada, eu trabalhava pra sustentar tudo lá em casa, mas aí... eu fui demitida...

ㅡ É pra isso o dinheiro que eu te dou? ㅡ pergunto.

ㅡ Sim, pra pagar a conta do meu pai. ㅡ ela fala em um suspiro. ㅡ e ontem uns caras foram lá em casa receber a grana, e bateram na minha mãe por dinheiro. ㅡ ela fala e as lágrimas começam a escorrer de seu rosto. ㅡ eu dei tudo o que eu tinha, mas não era nem a metade. Então eles prometeram ir todo mês pegar um pouco de grana.

Eu me sinto um lixo agora. A minha vida é tão fácil, enquando ela está sofrendo pra caralho! E eu achando que ela era apenas mais uma garota que gosta de comprar coisas caras e depende dos pais pra tudo.

ㅡ E eu te chamei por que... ㅡ ela soluça e me olha nos olhos. ㅡ porque sua companhia me faz bem, me faz esquecer os problemas.

Senti meu coração se esmagando nesse momento. Ver as lágrimas lavarem o rosto dela, seus olhos brilhando em tristeza, e ainda saber que ela havia me chamado para fazê-la se sentir bem, havia me chamado pra ficar do lado dela. Ela ainda tinha expectativas em mim, ela me queria por perto.

ㅡ E-eu sei que posso parecer uma... ㅡ eu a interrompo a beijando, no intuito de passar confiança para ela, dizer que ela poderia contar comigo.

Escutamos o sinal bater e nos separamos.

ㅡ Você não parece nada, Amanda. ㅡ falo colocando a mão no rosto dela. Meu coração acelera quando ela abre um pequeno sorriso.

Ela me beija de novo, um beijo... apaixonado. Era diferente, não havia malícia, apenas carinho e afeto, um beijo onde os sentimentos faziam todo o trabalho.

Sex Proposal | Renato GarciaOnde histórias criam vida. Descubra agora