Ser inconveniente é o lema

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Camila: A pergunta que não quer se calar, como eles têm acesso a essas informações tão rápido? Não faz nem 24 horas que fui demitida.

Lauren: Jornalistas podem ter amizade com funcionários internos. Uma fofoquinha aqui, outra alí.

Dinah: Pouco tempo depois de você sair, alguns funcionários perceberam a sua ausência, principalmente os da produção.

Camila: Entendi. Existe realmente uma possibilidade de alguém da fábrica ter dito? – Isso é assustador.

Lauren: Não da para ter exatidão, mas tudo indica que sim. – Dinah estava pensativa, talvez tivesse uma sugestão de alguém. – Isso não tem tanta relevância, é apenas um jornal local, não será transmitido em outras regiões. – Outra ligação no meu celular. Tirei do viva voz, olhei no visor do celular. Minha mãe?

Camila: Lauren, vou colocar essa ligação em espera. Preciso atender minha mãe. – Mal me justifiquei à ela e já atendi minha mãe.

Sinuhe: Você pediu demissão? – Eu pensei que fosse uma programação local. Que merda é essa?!

Camila: Não, eu não pedi. – Olhei para
Dinah. Não tinha nada a ser dito.

Sinuhe: Está passando em dois canais. Estão falando sobre Michael desde ontem. - Coloquei o dedo no microfone do celular.

Camila: Que porcaria é essa? Lauren disse que só transmitiriam na programação local. Até no Rio de Janeiro está sendo transmitido, Isso é nacional? – Retirei o dedo do microfone. – Mãe, eu fui demitida. – Ouvi um surto do outro lado da linha. Afastei o telefone do ouvido e aguardei até minha mãe terminar de falar.

Sinuhe: Foi aquela babaca daquela gerente? Que pirralha mimada, não acredito nisso. Michael não soube educar aquela criatura, agora ela pensa que manda no mundo. Eu tenho certeza que foi isso. – Dinah abafava as gargalhadas com a mão. – Isso não é um comportamento de quem se preze. Eu vou aí quebrar a cara dessa megera.

Camila: Mãe, mãe, não é isso. É bem mais complexo do que isso. Lauren é uma ótima pessoa, sério.

Sinuhe: Não me parece uma ótima pessoa, parece uma criança mimada, isso sim. – Dinah assentiu.

Dinah: É verdade! – Shhhhh....

Camila: Fica quieta. – Disse, enquanto tentava tampar o microfone.

Sinuhe: O que? Tem alguém aí com você? – Pigarreei.

Camila: Não, não tem, mãe. É a TV. Estou assistindo um canal de receitas, aí a assistente da cozinheira concordou com a temperatura de pré-aquecimento do forno. – Dinah estava surpresa, talvez com o meu talento em mentir.

Sinuhe: Isso não importa. O que importa é que eu quero você aqui! Minha filha, volta pra cá, a mamãe vai cuidar de você direitinho. Não fique aí nesse ninho de cobra. – Dinah só sabia rir do que minha mãe falava.

Camila: Mãe, está tudo bem. Não posso voltar agora, mãe, tenho muita coisa para organizar aqui ainda.

Dinah: Ela tem que casar com a Lucy. – MEU SENHOR. Dei um tapa na garota que estava do meu lado.

Sinuhe: O que? Minha filha? – Eu estava praticamente rosnando.

Camila: Mãe, é a TV. Agora mudei para um filme romântico lésbico. Aquele caso comum de lésbicas que mal se conhecem e já querem casar. – Dinah já estava no chão de tanto rir.

Sinuhe: Tudo bem, minha filha. Eu tenho que passear com o cachorro da sua irmã. Depois te ligo.

Camila: Okay, mãe. Beijos! – Encerrei a ligação. Dinah já estava cansada de tanto rir.

Dinah: Não sabia que sua mãe odiava tanto a Lauren.
Lauren: Eu também não. – Arregalei os olhos.

Camila: Um momento, eu pensei que a sua ligação estava em espera. – Dei um sorriso amarelado.

Lauren: Bom saber que pra minha futura sogra pensa que eu sou uma megera. – Eu ainda estava em dúvida. Eu juro que coloquei a chamada em espera.

Dinah: Não se sinta mal, até eu te acho uma megera. – Nós três rimos. Laur... Já está tão acostumada, que nem liga para isso.

Camila: Você me disse que a notícia seria regional, que não sairia do jornal local. Argh... Minha mãe quer que eu volte para casa.

Lauren: É só não voltar, ué... – Claro, óbvio! Por que não pensei nisso antes? Se está com um problema, resolva o problema.

Camila: Ah sim... Obrigada pela ajuda. Muito útil.

Lauren: Não precisa agradecer. Se precisar de mais ajuda, estarei aqui. Pode chamar por esse mesmo número.

Camila: Cala a boca! – Rosnei. – Ainda é questionável o motivo de alguém expor sobre a minha saída.

Dinah: Esquece isso, Camila, isso não é relevante. Sabe que horas são? Hora de começar a espalhar currículos.

Camila: Já quero saber sobre o meu acerto. Trabalhei por quase dois meses, e as horas extras então... espero que seja decente.

Lauren: Se preocupe em arrumar outro emprego, do seu acerto cuido eu. – Hum... Ah... Está bem.

Camila: Vou permanecer em silêncio, quem sabe assim eu mantenho a nossa amizade. Amizade questionável, eu diria.

Dinah: Já mandou o currículo para a Lucy? Ela vai amar saber que você está disponível. – Dinah fixou seu olhar sobre o meu celular, a velhaca aguardava por algum tipo de manifesto vindo de Lauren. Não foi dessa vez, Dinah foi ignorada por completo.

Lauren: A demissão da Camila tem relevância, mas não tanto quanto parece. Um jornalista pode ter oferecido dinheiro para um funcionário, ganhou informações sobre a Camila e liberou essa notícia.

Camila: Não se consegue tanto dinheiro com isso, mas vou concordar.

Lauren: Já fui ameaçada por um paparazzo. Não sou tão famosa assim, porém, já não posso dizer o mesmo do meu pai.

Dinah: Bateu uma fome agora, que tal o restaurante da Lucy? – Lá vai ela, mais uma vez. Ela não cansa!

Lauren: Ótima ideia. A fome está falando mais alto, me impedindo até de raciocinar. Eu preciso arrumar algum jeito de tirar o foco do meu pai, só que isso vai ser bem difícil agora.

Camila: Eu precisava descansar um pouco. Essa fábrica acabou comigo.

Lauren: Você está falando isso para a dona da fábrica. Isso não é legal. – Não é legal a dona da fábrica assediar moralmente, muito menos sexualmente os funcionários, ela conseguiu fazer os dois comigo. Que proeza!

Camila: Me abstenho de um manifesto. Você não merece a minha atenção, não mesmo. 

Dinah: Vem sair com a gente, vai ser legal. – Eu sei as intenções dela, não quero dar audiência para esse tipo de situação.

Camila: Ah... Eu passo. Realmente o melhor para mim agora, é descansar por um bom tempo, de preferência deitada na minha cama.

Dinah: Vou com você. – Mais uma provocação. Quero ver onde vai dar.

Lauren: Bom, eu tenho que falar com o meu pai, ou pelo menos tentar. Até mais, garotas. Beijos! – A ligação foi finalizada.

Dinah: Ela está sendo mais resistente do que de costume. – Olhei para a mulher, balancei minha cabeça em negação.

Camila: Não imagino o que você ganha para fazer essas coisas. – Ela riu e revirou os olhos.

Dinah: Satisfação. Amo ver a cara que ela faz. Já sofri tanto nas mãos dela, nada mais justo do que devolver na mesma moeda.

Eu odeio a minha chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora