Eu odeio a minha chefe

Isso é sério?

Dinah POV

Preciso me abrir com a Camila sobre a conversa que tive com o James. Quero saber o que ela pensa disso tudo, saber se ela também acreditaria nisso tudo. Não dormi nada essa noite, já são praticamente 7 horas da manhã. Será que consigo passar na casa dela antes do trabalho? Não custa nada tentar. Me apressei com o banho para tentar ver Camila antes mesmo do trabalho. Fim do banho, melhor me apressar mais ainda.

Dinah: Lauren! Acorda! – Balancei a garota e aguardei para ouvir alguma resposta. – Lauren, são 7 horas!

Lauren: Já vou. – A garota se movimentou na cama por alguns segundos.

Dinah: Você tem que levar o carro da Camila. – Lauren levantou num salto da cama.

Lauren: Meu Deus! Vamos ao restaurante comigo. A chave está com a Lucy, preciso ir lá e preciso de alguém para dirigir o meu carro.

Dinah: Eu já estou atrasada, não posso. – A mulher parecia debochar da situação.

Lauren: Você sabe que eu sou a sua chefe, certo? – Ah claro... Como se isso me fizesse não chegar atrasada, não afetando o meu desempenho.

Dinah: Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Chegando atrasada vou perder totalmente a minha programação que já foi planejada.

Lauren: Se perder na programação uma vez na vida não tem problema. Agora vamos lá, por favor! Hoje é o primeiro dia da Camila, não quero estragar isso. – Argh! Tudo ótimo, mas só porque agora tenho intenção de juntar as duas.

Dinah: Se você insiste. – Revirei os olhos e soltei todo o ar presente em meus pulmões. – Não vai ao menos tomar um banho e escovar os dentes?

Lauren: Não. – Ew! Isso realmente é nojento, mas não vou julgar. – Preciso ir o mais rápido possível até a Camz...

Dinah: Tá, então vamos descer, ir lá no restaurante e torcer para que Lucy esteja lá.

Camila POV

Abri lentamente os meus olhos. A luz invadindo o meu quarto estava forte demais. Resmunguei com um gemido baixinho. Olhei para o lado e me surpreendi com Lucy que ainda estava dormindo. Logo no meu primeiro dia eu vou me atrasar, eu sou demais. Cutuquei a garota e aguardei por um momento.

Lucy: Oi. – Ela abriu os olhos lentamente e sorriu ao me ver. Sua voz era rouca e fraca, quase inaudível.

Camila: Hora de ir. – Correspondi o sorriso que havia recebido.

Lucy: Eu sei que são ossos do ofício, mas detesto ter que acordar tão cedo. – Ela se espreguiçou.

Camila: Eu avisei que era uma péssima ideia continuar acordadas. – Ergui meus ombros e curvei levemente meu pescoço para à esquerda.

Lucy: Eu sei, mas eu amo aquela série. Séries de investigação criminais são as melhores. – E eu odeio, mas tive que acompanhar a garota até que ela pegasse no sono. Não, não rolou mais nada depois do beijo. Na verdade, Lucy pareceu se incomodar bastante com tudo o que havia rolado.

Camila: Camomila ou Erva cidreira? Tem outros sabores, mas restringi aos que eu mais gosto. – Sorri ao ver minha sinceridade.

Lucy: Se não tivesse sido tão sincera, daria para dizer que é manipulação. – A garota se sentou na cama e pareceu meditar sobre a vida.

Camila: Camomila. Já respondi por você. Estamos atrasadas e não quero fazer com que isso tome mais o nosso tempo. Vou preparar algumas torradas.

Lucy: Tá. – A garota não estava se sentindo tão à vontade, parecia estar muito tímida. Minha atitude ontem foi ligeiramente precipitada. Eu disse para as meninas que era apenas uma fanfic, mas elas insistiram na ideia de que Lucy é apaixonada por mim. Pelo menos agora sei que isso não passa de uma bobagem. Fui direto a cozinha.

Camila: Manteiga ou margarina? – Perguntei para Lucy.

Lucy: Tanto faz. – Um ódio quando ouço esse tipo de resposta. Ouvi a campainha tocar.

Camila: Pode ver quem é?

Lucy: Claro. Vou só me esticar e já vejo. E assim a garota o fez.

Lauren: Bom dia, a Camila está? – Lauren? Essa é a voz da Lauren. Eu estava com um bule na mão. Achei tão estranho, que fui com ele até a porta.

Camila: Ah... Lauren. Bom dia! – Dei um sorriso amistoso. Ao lado dela estava Dinah, de boca aberta e com os olhos arregalados.

Lucy: É sobre o carro? Eu já tinha trago para a Camila ontem à noite. – Ouvi uma tentativa forçada de risada.

Dinah: É, eu queria falar um pouco com a Camila, mas vejo que não é um momento oportuno pra isso.

Lauren: Você não estava me enchendo a paciência pra chegar mais cedo no serviço até agora pouco? E você acerto, não é nada oportuno. – Lauren parecia se incomodar com aquilo tudo. Dinah imediatamente levou sua visão à Lauren. Que pareceu disfarçar uma lágrima. Pareceu não, ela realmente secou uma lágrima. Então aí a fixa caiu.

Camila: Ah... E-eu... Eu... Érh... Lucy, eu acho melhor você sair. - Apontei para a porta e virei meu rosto para não precisar ver o quanto a situação era ridícula. Lucy já estava bem ciente do que estava acontecendo no momento, então rapidamente saiu.

Lauren: Tá tudo bem. Era só sobre o carro, nada demais. – Ela mal conseguia me olhar diretamente.

Dinah: Sim, sobre o carro... – Dinah deixou uma reticência na fala. Não estou errada, porém, sinto que talvez eu tenha machucado alguém.

Lauren: Bem, eu acho que vou para a fábrica. Ah, Camz... Meu pai me mandou mensagem logo de manhã, disse que conseguiu liberdade provisória.

Camila: Ótimas notícias! – Sorri, levantei o bule, então me surgiu a brilhante ideia. – Eu vou fazer chá, você quer? – Dinah abafou sua risada com a mão.

Lauren: Não, eu estou sem fome. Eu vou nessa! Bom trabalho para você. – Simplesmente isso, mais nada. A garota se virou e não disse mais nenhuma palavra.

Dinah: Você já sabe o que aconteceu com ela. – Dinah sussurrou, enquanto olhava Lauren se afastar.

Camila: Da para imaginar o motivo. – Me mantive em silêncio e reflexiva. – Não aconteceu nada. Não que isso importe.

Dinah: E você está certa, não importa, não para mim. – Ela realmente parecia não ligar para a situação.

Camila: Você disse que queria conversar comigo. Então, estamos aqui sozinhas e depois de tudo o que houve, acho que Lucy vai entender se eu me atrasar.

Dinah: Você deveria ao menos me convidar para entrar. – Ela manteve em mim um olhar de desprezo.

Camila: Oh, desculpe! Pode entrar, entra! – Disse, enquanto liberava a passagem para que a garota pudesse entrar.

Dinah: E o chá? – Dinah questionou, enquanto tirava os sapatos.

Camila: Você vai trabalhar daqui alguns minutos, não precisa tirar os sapatos. – A garota deu de ombros. – Tudo bem, não vou bancar a sua mamãezinha.

Dinah: Quando você terminar com o seu chilique, me traz o chá. – Claro, não estou surpresa sobre a atitude dela.

Camila: Vou colocar a água para ferver e você já pode ir adiantando o problema. Você me fez esperar a noite inteira, isso acabou comigo. – Ajeitei tudo na cozinha e fui de encontro à Dinah.

Dinah: James. Esse é o nome do nosso problema. Olha, eu não faço a menor ideia do que pode ter acontecido. – Isso não é um bom sinal.

Camila: Certo. Pode prosseguir, estou atenta. – Apontei para o lado esquerdo do sofá, para que a garota sentasse e liberasse espaço para mim.

Dinah: Ele disse que Verônica quer se casar com a Lauren pelo dinheiro, disse que ela vai tentar pegar toda herança de Lauren.

Camila: Mas o pai dela não teria que morrer? – Levei um tapa no braço.

Dinah: Esse não é o foco. Você ao menos prestou atenção no que eu disse? Verônica não é flor que se cheire, se isso realmente for verdade, temos que ajudar a Lauren.

Camila: Não mesmo! Eu não acredito que você acreditou no que o irmão da Verônica disse. Dinah, isso tá na cara que é armação. Olha, eu e você não temos nada a ver com as escolhas dela.

Dinah: Ele disse que a Vero... Tentaria matar Lauren. – Isso só pode ser brincadeira.

Camila: E você acreditou nisso?! Qual é, Dinah. Elas estão prestes a se casar, não vem com isso. E se ele estiver com raiva da Verônica e estiver fazendo isso por vingança?

Dinah: Mas faz sentido, Verônica é interesseira e não vejo outro motivo para ela estar com Lauren. Camila, as duas nem se falam há séculos.