Um pouco mais de conhecimento

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Pensei que não haveria a possibilidade de alguém ter me visto ontem, pelo visto, acho que me enganei. Lauren estava próxima, sentia o calor do corpo da mulher que fez questão de perguntar novamente. - Posso saber o que estava fazendo lá? - Permaneci em silêncio. - Parece que alguém está me desafiando novamente. - Andei para trás para enxergar qualquer tipo de reação de Lauren. Nada que me fizesse surpresa, a mesma cara de cínica como sempre e eu... Sem nenhum tipo de expressão, não seria vantajoso para mim demonstrar fraqueza naquele momento.

Camila: Nada demais. - Fui direta. Ela não vai engolir essa resposta.

Lauren: Nada demais? - Insistiu.

Camila: Olha... Se você não se importa, tenho muito o quê fazer. - Andei no sentido contrário à mulher. Fui surpreendida com um puxão no braço. - O que é isso?

Lauren: Acha que pode simplesmente dar as costas para mim?

Camila: Eu estou apenas fazendo o que mandou. - Acho que vou conseguir me safar.

Lauren: Dar de ombros para o que eu digo? Não foi isso que mandei.

Camila: Não, cuidar da fábrica, foi isso que você mandou. Olha... Eu estou te obedecendo. Me afastei das suas amigas, estou sendo submissa à você, não estou nem sequer retrucando, o que quer mais?

Lauren: Quero você longe daqui. - A mulher arqueou as sobrancelhas.

Camila: Com todo o prazer. - Me apressei para sair do local.

Lauren: Quero dizer da fábrica, quero você longe dos meus negócios. - Parei por um momento.

Camila: Isso não vai ser possível... - Nem ao menos virei para ficar frente à frente. - Estou aqui por ordens do seu pai, se quer confrontar alguém, confronte ele, porque não tenho nada a ver com isso. - Tomei em retirada sem ouvir mais nenhum "a".

Andei até a fábrica de salgadinhos... Bom, com relação à fábrica de biscoito ela é bem menor e será mais fácil tomar o controle sobre ela. Observei cada detalhe, ela me parece menos elaborada também, a estrutura não favorece muito. Já sei que as inspeções aqui não estão em dia, muitas máquinas estão soltando ruídos, parecem mal lubrificadas, sem contar a sujeira, preciso relatar isso urgentemente para evitar problemas com auditorias. Auditorias são um problema, me lembra da última que eu passei onde perdemos a credibilidade no mercado, até hoje lutamos para reconquistar, porém é um processo bem delicado. Aposto que esses problemas envolvem mais a manutenção, pois a qualidade é bem rigorosa com esses problemas, talvez já tenham até se manifestado, só que sabemos o quanto elas são ignoradas. Andei por mais alguns metros, até ver um rosto familiar, acho que deve ser Normani... Sim... É ela.

Normani: Dando uma conferida na fábrica?

Camila: Sim, realmente aqui precisa de uma "conferida". - Fiz aspas no ar com os dedos.

Normani: Constantemente entramos em contato com a manutenção para arrumar isso tudo aqui. Piso quebrado, máquinas sem lubrificar, tinta descascando. São tantos os problemas que não da para falar, é melhor anotar. - Respirei fundo.

Camila: Podemos sair daqui? O barulho das máquinas está muito alto, quase não consigo te ouvir.

Normani: Claro. - Ela reforçou gesticulando com as mãos, para que houvesse uma compreensão maior. - Lentamente saímos da fábrica, fomos para o corredor.

Camila: Toma. - Entreguei minha prancheta para a mulher. - Anote tudo o que precisa de reparo, não esqueça de nenhum detalhe, me entregue amanhã às 09:00 da manhã. - Normani abriu a boca, estava surpresa com minha atitude, parece que ninguém nunca fez algo parecido.

Eu odeio a minha chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora