Lauren: Certo. – Ligação encerrada, ligação encerrada na minha cara! Mal educada, mereço. Todas olhavam para mim, estavam curiosas. – O quê? É pessoal, nem vem. – Todas ficaram caladas. Apenas tentei puxar outro assunto. – Temos que deixar tudo em ordem, amanhã é último dia.
Normani: Não, nem me lembre disso. – Todas estavam desanimadas. Escolhi o assunto errado, péssima ideia. Alguns minutos depois, estava tudo posto à mesa. Era tanta coisa, é até um crime ter tanta comida para apenas quatro garotas. Todas estavam se esbanjando, aproveitando muito bem o dinheiro gasto. – Falando sério, a comida daqui é ótima. – Todas concordaram.
Dinah: Mila... Olha o molho, experimenta, vai amar. Experimenta com a costelinha de porco, e vê se não morre de amor. – Fiz o que a garota disse.
Camila: Hmm... Difícil não morrer de amor. – Respondi ainda com a boca cheia. Lucy apareceu com uma garrafa de vinho, pelo nome e pelo ano, não era nada barato.
Lucy: Cortesia da casa. – As garotas só sabiam rir.
Camila: Obrigada. – Aaaaaaah... Para, não aguento mais ser zoada, não quero. Lucy se retirou e os olhares de todas se voltaram à mim.
Normani: Agora vai dizer que não. Acorda, Mila... – Risadas e mais risadas.
Camila: Vamos comer, né? Estou cansada e ainda tenho muita coisa para fazer. – Mentira, não tenho. Voltamos aos pratos magníficos que estavam na mesa, mais alguns minutos e mais nada para contar história. Todas nos retiramos. Para a minha surpresa, antes da saída, Lucy me viu. Todas me puxaram para que eu esperasse.
Lucy: Foi um imenso prazer recebê-las aqui, venham sempre que quiserem.
Normani: Nenhum beijinho? – O QUÊ?
Camila: Cala a boca! – Lucy ficou constrangida. Olhei para Mani... Desaprovando a atitude. Saímos do restaurante, quando senti que estávamos longe, trouxe minha indignação de volta. – IDIOTA.
Normani: O quê? – Sempre bancando a desentendida. Todas estavam rindo, eu fui a única a desaprovar totalmente a situação.
Dinah: Legal, quem vai dividir o uber comigo? Hoje estou sem carro. – Todas elas se foram. Comemos, bebemos, fofocamos, hoje a noite foi melhor do que o esperado. Entrei no carro e aguardei alguns segundos. Olhei o celular, por que estou feliz por Lauren aceitar? Não é por ela, sim por mim, por conseguir convencer ela. Acho que ela realmente da importância para a família, ou, o quê pode ter sido? Peguei o telefone, tentei ligar, a primeira foi rejeitada. Mais uma tentativa.
Camila: Lauren? – Estava com receio de ser mal interpretada.
Lauren: Oi, eu mesma. – Ela tinha uma voz fraca.
Camila: Estou atrapalhando algo? – O medo de levar uma má resposta, hahaha...
Lauren: Não, eu só estava... – Voz trêmula, ela não está muito bem. Queria poder ajudar, ela está com medo de algo.
Camila: Você está bem? – Vai vir com o mesmo papo de "pena".
Lauren: Na verdade não. Sempre ouvi das pessoas próximas à mim: Você precisa ser forte. Não estou conseguindo mais. – Então foi isso... Ela chorou do outro lado da linha e eu também, simplesmente por entender exatamente o que ela sentia.
Camila: Eu não consigo, me desculpa, isso dói muito. – Encerrei a ligação, todas as minhas piores lembranças vieram à tona. Acho que é por isso que amamos mais nossas mães, pais sempre rejeitam tudo. Ouvi meu celular tocar de novo e atendi.
Lauren: Você entende o que eu estou passando, o que fez para dar a volta por cima? – Ela realmente estava mal. – Eu não estou com quem eu amo, estou tão confusa. Não quero ver meu pai, ele sempre piora as coisas, mas e minha mãe? Já faz anos que não à vejo. Ela nunca concordou com o meu pai, sempre me apoiou. Não sei mais que decisão tomar. - Respirei fundo, permaneci em silêncio por alguns segundos.
Camila: Eu... Tive que sair de casa. Deixei minha mãe e minha irmã, pessoas que eram importantes para mim. Seu caso é um pouco mais delicado, Laur... Você não precisa ter tanta pressa assim. Você precisa ver a sua mãe, eu vou com você. – Ela pareceu estar mais calma. – Não, não é pena, é apenas... Empatia... Ser você não é fácil, eu tenho plena consciência disso, quero te entender para poder ajudar. O primeiro passo, é acabar com esse casamento de fachada, isso está te fazendo muito mal. – Ela ficou em silêncio, mas com certeza deve concordar. – Dinah me contou sobre você... Olha, antes de ficar com raiva dela, ela estava muito preocupada com você e eu confesso que também estou. Eu sei, eu e você somos bastante diferentes, a gente não se encaixa de forma alguma, mas eu não posso deixar isso acontecer com você, se não te ajudar, estaria dando as costas para o que eu já fui. – Tudo estava paralisado alí. Lauren manteve o silêncio.
Lauren: Você tem razão. – Abri um sorriso.
Camila: É claro que tenho. – Ouvi uma risada baixa.
Lauren: Não é tão simples quanto parece, pelo menos satisfação aos meus pais eu preciso dar. Minha mãe entenderia, meu pai não.
Camila: Ótimo, a gente tenta quando formos lá. – É, super fácil.
Lauren: Eu vou tentar dormir. Obrigada, eu ainda te odeio. – Soltei uma risada.
Camila: Vou considerar isso algo bom. Dorme bem, dorme no sofá, tá? Não deixa aquele imundo te tocar.
Lauren: Seu desejo é uma ordem. – Nos duas rimos.
Camila: Boa noite. – Um pouco chateada demais, não tem algo que me afete mais do que isso. Observei atentamente a movimentação da cidade. Tudo tão quieto, acho que esse é o pior horário, horário onde as pessoas se sentem sozinhas, escuridão nos traz uma sensação ruim, um vazio, é muito difícil controlar os pensamentos. Hora de ir. Liguei o carro, olhei mais uma vez para toda a movimentação e enfim... Decidi sair do lugar.
O estacionamento do prédio estava vazio, optei por estacionar mais próximo da estrutura. Abri a porta do carro e saí. Sempre muito observadora, olhei toda aquela paisagem, enquanto sentia o vento mexendo o meu cabelo. Algo que não é tão comum nessa época, o tempo estava se fechando, observei atentamente as nuvens ocupando o espaço da lua. O vento estava ficando cada vez mais forte... Constantemente era possível ver alguns clarões, provavelmente são raios. Não é o clima que eu goste muito, o melhor são as nuvens e a umidade no ar. Mantendo minha visão ocupada, andei até a entrada. Não é de rotina usar o elevador, então não faz mal usar hoje, o cansaço falou mais alto. Finalmente em casa! As coisas estão correndo bem, as inspeções estão quase todas realizadas, só temos mais algumas da fábrica de chocolate e são tão poucas que nem preciso me preocupar. Como será que a Lauren está? Melhor, como será que todas estão? Todas tem dificuldades, gostaria de poder ajudar todas. Uma pena não estar ao meu alcance, realmente é uma pena. Andei pelo quarto até o banheiro. Tirei toda a roupa e abri o chuveiro, me encolhi e tive o momento reflexão do dia. Algo pior do que a noite? É um banho noturno, esse é de trazer todos as suas piores lembranças e maiores desafios, longos minutos de reflexão, planos, "achismos", tudo isso em baixo do chuveiro.
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Eu odeio a minha chefe
FanfictionUma jovem chamada Camila, foi movida do seu acomodo para uma rotina totalmente diferente, onde há uma desafios e uma gerência um tanto controversa e inconveniente. A garota terá de enfrentar os desafios de sua chefe e ainda manter toda a fábrica em...