Descoberta.

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Lauren: Vamos lá, vira para esquerda, depois vira para direita na terceira rua depois da rótula. – Ainda falta tanto assim? Não aguento mais, achei que seria mais rápido. – Eu estou vendo essa sua cara, o que quer me dizer? Desembucha.

Camila: Não é nada, só estou um pouco pensativa. Você sabia que... Vacas não conseguem subir escadas? Deve ser por isso que você só usa elevador. – Olhei imediatamente para Lauren. Lá está, aquela expressão de dar medo até no demônio.

Lauren: Cretina! – Levei um tapa no ombro. Argh... Dói tanto, a mão dela só tem osso, deve ser por isso que machuca tanto.

Camila: Cretinismo é uma doença, cuidado. Laur... – Chamei pela garota e aguardei para que ela voltasse sua atenção a mim.

Lauren: Hm? – Eu preciso apelar para humilhação, pelo contrário, meu nome não é Camila.

Camila: Se você me ajudasse, qual seria a probabilidade de uma eleição vencida? – Ela não pareceu dar tanta importância para a minha pergunta. – Laur...?

Lauren: Olha, isso está fora de cogitação, não pense que eu vou te ajudar. Respondendo a sua pergunta... Você teria 100% de chance. – Mantive o silêncio, fiz o trajeto que foi me informado há alguns segundos atrás. – Agora segue até o final da rua. – Fiz o que foi dito. Lá estávamos nós, em frente à uma casa bem simples. Descemos do carro e fomos até o portão.

Camila: Eu não sei se é essa casa mesmo. Bom, vamos chamar, vai que alguém responde. – Senti a visão de Lauren sobre mim.

Lauren: Escuta... – Um breve silêncio que foi quebrado por ela mesma. – Não sou complacente, você sabe muito bem que não terá nada meu. – Mas o quê? Não da para acreditar no que estou ouvindo. – Não irei te ajudar, se quer vencer, vença pelo seu mérito. – Eu realmente não acredito no que estou ouvindo.

Camila: Entendi. – Meu rosto estava sem qualquer tipo de expressão, porém, não e difícil saber que estou tomada pela raiva nesse exato momento. Dei algumas batidas no portão e aguardei, nem sinal de alguém aparecer, esperamos por alguns minutos e nada. Minha paciência já tinha se esgotado e tudo graças ao comentário infeliz de Laur... – É, eu acho que não vai aparecer alguém, estamos aqui faz quase dez minutos, amanhã eu volto e tento entregar.

Retornei ao carro que estava estacionado. Não chamei a atenção de Lauren, nem sequer abri a boca para dizer nada e não é difícil saber o porquê. Dentro do carro, aguardei até que a mulher adentrasse. Ela me observou e pareceu refletir sobre a situação. Isso, reflita, é o melhor que você faz depois das merdas que disse.

Lauren: Está tudo bem? – Se tem algo que ela nunca aprendeu, foi se colocar no lugar de alguém, antes de falar as coisas que ela fala.

Camila: Claro, está sim. – Notei por diversas vezes que a garota me olhava, talvez ela tenha enxergado a baboseira que ela disse.

Lauren: Você já foi mais convincente. – Isso é sério? Eu estou exausta. Eu trabalho na porcaria da fábrica dela, ela já ameaçou de me demitir diversas vezes, mesmo assim eu sempre a tratei bem, ela não merece nem metade das coisas que eu fiz por ela.

Camila: Não, não está nada bem. Você se recorda do que acabou de me dizer? Cara, quantas vezes eu movi céus e terras para te ajudar... Eu enfrentei o seu pai, eu enfrentei o meu ódio por você, bati de frente com o meu orgulho só para tentar ajudar você. Me responde uma coisa, qual o seu problema? – Pronto, pronto... Botei tudo para fora. Aposto que estou vermelha de raiva.

Lauren: Você já sabe que não vou te ajudar, nada de inovador. – Depois de tudo o que eu disse, ela não se sensibilizou nenhum pouco, caramba!

Camila: Eu gostei de você ter vindo, me recordei de tudo o que você me fez passar, lembrei de quanta raiva eu sinto por você. Hoje o dia foi bom, me lembrei do quanto você é idiota. Vou te deixar em casa, fiz bem em não pegar o seu carro, porque não aguentaria ir até a fábrica com você, ficar no mesmo ambiente que você não é saudável para mim. –

Lauren: Tudo bem! Pensei que fosse madura. – Isso é para ser uma piada, com certeza é. Lauren querer falar sobre maturidade. – Você está irritada por algo que eu já tinha deixado claro.

Camila: Me desculpe, eu não estava recordando o quão idiota você é, não me julgue, eu acredito que as pessoas podem mudar. Quer saber? Não há a menor necessidade de termos essa conversa, está tudo claro.

Lauren POV

Não era de se esperar menos do que isso. O clima estava tenso, nada do que eu dissesse iria amenizar a situação e talvez eu não esteja tão preocupada com isso, de fato não estou. Camila me levou o mais rápido possível para casa. Nada de despedidas, nem troca de olhares, realmente o nosso ódio se reacendeu como uma chama que fora estimulada por gasolina. Segui o carro da garota com os olhos, observei até não tê-lo mais em vista.

Algo mais difícil do que a paz mundial, é a paz entre mim e Cabello. Algumas vezes parecíamos tão próximas, em outras ocasiões parecíamos distantes. Não sei o certo sobre nós, nem o tempo ajuda nesse caso.

Andei até a entrada de minha casa, caminhei até a porta e senti meu celular vibrar. Nada demais, assunto referente ao trabalho, mereço descanso. Ignorei e prossegui para a entrada da casa. Seja quem for que esteja me ligando, essa pessoa é bem insistente, já é a quarta vez que está tentando. Por um minuto me veio em mente Vero... Peguei meu celular e olhei quem era. Mãe?

Lauren: Alô? – Nada foi dito. – Mãe? – Insisti.

Clara: Filha, onde você está? – Ela estava com a voz trêmula, parecia estar segurando para não cair aos prantos.

Lauren: Casa (?) – Respondi fazendo uma pergunta, para deixar explícito o óbvio.

Clara: Lauren... O seu pai... – Ela ficou em silêncio. Ah... Fala sério, drama uma hora dessas?

Lauren: O meu pai...? Hm... O que tem ele?

Clara: O seu pai... – Silêncio de novo, assim não vai rolar.

Lauren: Mãe, olha... Eu estou cansada, hoje o dia não foi muito legal, a senhora poderia me dizer logo o que está acontecendo? Eu só quero deitar e dormir.

Clara: O seu pai está preso. – Inclinei o meu pescoço para o lado e me fiz pensar no porquê.

Lauren: Tá legal... E por que? – Continuei tentando adivinhar o motivo. Briga de trânsito, agressão aos vizinhos, caça ilegal... Não sei.

Claro: Seu pai foi descoberto em um esquema de corrupção. – Estou tentando agir com naturalidade, sem desespero, vamos manter a calma.

 Lauren: Tudo bem, mas que “esquema de corrupção” foi esse?

Eu odeio a minha chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora