Complicações e um pedido de socorro.

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Pessoal, boa noite! Comentem a fic, divulguem. Conto com vocês!



Camila POV

Acho que posso colocar mais um atraso na minha lista de vezes em que Dinah conseguiu estragar meus planos diários. Como ela também se atrasou, vou reconsiderar a ideia de não colocar. Olha essa fábrica... Uau! Ela é bem menor com relação à fábrica dos Jauregui, só que... Me transmite uma sensação de ser mais moderna.

Lucy: Aah... O planejamento e controle fica no prédio ao lado do administrativo. – Eu imaginei que seria mais próximo à fábrica.

Camila: Ah... – Me mantive pensativa. Lucy não conseguiu deixar de reparar.

Lucy: Eu senti uma ponta de desaprovação. – Arregalei os olhos e dei um pequeno passo para trás.

Camila: Não, não, não. Nada disso, eu só achei diferente ser tão longe da fábrica. Aliás, eu nem vi onde fica a fábrica.

Lucy: Só subir, na primeira você vira à direita. – Ela apontou para onde eu deveria ir. Eu segui com meus olhos onde a mão estava apontada.

Camila: Hm... Um rhum... Eu já vou pra lá. Escuta, você por acaso não teria alguma bolsa de gelo e... Sei lá, algum remédio pra dor? – Recebi um olhar desconfiado. Aparentemente, Lucy procurava alguma coisa para explicar o meu pedido.

Lucy: Você se machucou? – Ela entortou a cabeça e mordeu a unha do polegar esquerdo.

Camila: Sim, ontem, o meu braço, lembra? – Ela abriu a boca.

Lucy: Aaaah... É, é verdade... Verdade... Verdade... – Ela bateu seus dentes uns sobre os outros, duas vezes. Encheu os seus pulmões de ar e os liberou de uma só vez. – Nossa, eu realmente não lembrava disso. Até porque hoje pela manhã você me pareceu tão bem.

Camila: E você está certa, eu realmente estava me sentindo muito bem. Esse incômodo na minha mão surgiu por agora. Estou até pensando se existe uma razão específica para isso acontecer.

Lucy: Você pode ir no ambulatório, mas alguns remédios que foram pedidos pelo RH ainda não chegaram. Tivemos um problema com o nosso fornecedor, ele está atrasando as entregas. Enfim... Se você quiser ir à farmácia.

Camila: Eu não sei se é uma boa eu sair no meio do meu expediente. – Dei um sorriso desapontado. Lucy balançou a cabeça desaprovando o meu comentário.

Lucy: Olha, seu primeiro dia já vai ser bem estressante. Ambiente novo, pessoas novas, falta de familiaridade, estresse por conta das coisas fora de ordem. Além disso, não acho que seja vantajoso uma dor que pode ser evitada com remédio. – Observei Lucy por alguns segundos. Ela realmente tem razão, não parei pra pensar dessa forma.

Camila: Eu não sei, só não queria atrapalhar a programação geral do setor. – Cocei o meu couro cabeludo e ergui os ombros. – Já trabalhei em um estado físico e emocional pior do que esse.

Lucy: Isso não é nada saudável. Fica tranquila, não quero traumatizar você ainda. Logo no seu primeiro dia, nem deixei você pegar afinidade com a empresa. Vai lá... Demore o quanto quiser. – Eu não sei lidar com isso, é empático demais. O mais estranho, é: Isso não é nada demais. Ela só está fazendo o mínimo por mim, porém, pelo que eu passei na Sparksmaster... Isso deixou de ser “mínimo.”

Camila: Eu realmente acho muito diferente isso tudo. Eu não tive o melhor tratamento enquanto trabalhei com a Jauregui. Isso me deixa inconformada, porque eu queria ter trabalhado com você desde o princípio. – Lucy sorriu.

Lucy: Vai lá! – Ela exclamou, enquanto soltava uma gargalhada simpática.

Alana POV

O problema dessas mudanças climáticas, não é apenas o pico de calor, ou de frio, ou também a falta de umidade no ar. O pior desse clima instável é como a minha pele reage a tudo isso, não só minha pele, meu organismo por completo. É o terceiro pote de creme que eu esvaziou em menos de 3 meses. O tempo todo tendo que hidratar. Chatice!

Não aguento comprar mais maxidrate para o meu nariz, mas sem ele, eu sinto tanta dor pra respirar. Que tortura! Parei em uma farmácia mais próxima que vi. Respirei calmamente, sem fazer muita força, pra evitar sentir um desconforto no meu nariz. Andei até o balcão de atendimento da farmácia e pedi o farmacêutico uma unidade do produto.

É realmente muito ruim sentir o nariz ressecado durante esse clima. Um dia vai, até que dois ainda consigo suportar, mas isso já faz quase uma semana. Pelo que eu vi na previsão do tempo, não haverá chuva, ou uma melhora na umidade relativa do ar.

Alana: Ah... Preciso de um hidratante labial, por favor! – Isso vai me ajudar também, não vai demorar muito até que meus lábios também se desidratem.

Farmacêutico: Claro. – O rapaz procurou por todo o local, parou, refletiu por alguns segundos. – Na verdade, é próximo ao caixa que você vai encontrar. Pra ser mais específico, atrás do caixa. É só pedir na hora de pagar.

Alana: Oh... S-sim, sim... Entendi. Então, obrigada mesmo assim. – O rapaz estendeu a mão com o meu produto, eu o peguei e fui diretamente ao caixa. – Enquanto aguardava na fila, pensei ter visto uma figura familiar. Camila, sim, ela mesma. Senti meu corpo estremecer, um nó na minha barriga e minhas mãos suarem.

Observei toda a trajetória dela, não consegui ao menos tirar meus olhos da garota. Mordi meus lábios e me forcei a mudar meu foco. Que exagero, não é para isso tudo. Eu hein! Briguei comigo mesma. Ela é uma garota comum, é como qualquer outra. Respirei fundo e olhei disfarçadamente para ver se ela já estava vindo ao caixa.

Camila: Oi! – Aquele famoso gay panic, eu estava apavorada com a presença dela, mais ainda por ela ter conversado comigo. Justo hoje? No dia em que meu humor está tão instável.

Alana: Oi. – Respondi e abaixei a cabeça. Da para deduzir que meu rosto está vermelho. Não estava com minha visão sob ela, mesmo assim, conseguia ver pelo cantinho do olho onde ela observava.

Camila: Esse tempo castiga. Meu nariz também fica horrível. – Ela deu uma risadinha abafada.

Alana: É sim. Eu sempre sinto o pior durante esses meses. Primeiro aquele momento mais frio do ano, depois o calor repentino. Meu corpo nunca acostuma com isso. – Ela sorriu de leve, enquanto eu mudava meu foco total para ela.

Camila: Essa fila não anda nenhuma pouco, né... Eu cheguei aqui, vi você, peguei meu remédio com o farmacêutico, fofoquei com ele, li uma bula de Omeprazol. Fiz isso tudo e você aparenta estar no mesmo lugar da fila. Poxa, já temos licença poética para agir fora dos padrões de uma pessoa educada.

Alana: É, você tem razão. – Sorri e coloquei uma mexa de cabelo que estava no meio do meu rosto de volta no lugar.

Camila: Esse hidratante labial é bom? Eu geralmente passo cacau, nunca tentei esse. – Ela olhava fixamente para ele. Por reflexo eu estendi minha mão e entreguei o hidratante para que ela pudesse ver.

Alana: Ele é bom sim, gosto bastante do cheiro inclusive. Acho o cheiro de cacau muito enjoativo, então prefiro esse hidratante.

Camila: Cheiro de cacau não é parecido com chocolate? Você não gosta de chocolate? – A garota arqueou uma das sobrancelhas.

Alana: Não é a mesma coisa que chocolate. Eu gosto de chocolate, gosto e muito. – Dei um sorriso amarelado.

Camila: Finalmente a fila tá andando, achei que iríamos ficar aqui mais tempo. – Olhei para os caixas, percebi que de 4, só 2 estavam funcionando. A conversa se encerrou alí. Se passaram mais alguns minutos até chegarmos na atendente, que logo se desculpou, dizendo que a o computador do caixa estava com problema para registrar as compras.

Camila POV

Me pergunto se teria como demorar mais. Quase 20 minutos esperando, olha que haviam só 6 pessoas e a Alana na minha frente. A menina do caixa pediu desculpas, disse que o sistema estava com problema, eu na verdade estava tão entretida com os remédios na sacola que nem entendi o motivo da demora. Agradeci a caixa e me apressei para que chegasse o mais rápido possível ao carro.

Alana: Espera! – Cessei meus passos no mesmo momento e olhei para trás. Alana parecia estar um pouco tímida.

Camila: Esqueci alguma coisa, não é? Com certeza, é a minha cara fazer isso. – Apalpei todos os meus bolsos para verificar as chaves do carro. Bom, as chaves estão aqui. Olhei dentro da sacola para checar se não havia deixado algum remédio para trás. Enquanto isso Alana se aproximava.

Alana: Não, você não esqueceu nada. Eu só queria te dar isso. – Acompanhei o movimento de suas mãos, até que fosse visível o que ela queria me entregar.

Camila: Chocolate? – Eu estava ao máximo tentando segurar minha emoção. Eu gosto tanto de chocolate, gosto mais ainda quando não gasto um centavo do meu bolso para comprar.

Alana: Sim. Acho que você vai precisar, ainda mais com essa mão machucada.

Camila: Bom, você foi a única pessoa que lembrou disso, ninguém entendeu o porquê fui à farmácia comprar remédios.

Alana: Um braço tá maior do que o outro, não teria como passar despercebido, pelo menos não para mim. – Deixei os dois braços estendidos e encarei ambos procurando uma diferença.

Camila: Tem razão, tá bem feio. – Dei uma risada forçada.

Alana: Vai melhorar, fica tranquila. Escuta, você não quer sair comigo? Não sei... Érh... Jantar? Café? E-eu... Eu sei lá... Algo amistoso talvez. – Franzi a testa e virei minha cabeça levemente para o lado. Alana percebeu minha leve desconfiança. – Quer saber... Esquece, falei sem pensar.

Camila: Não quer ouvir a resposta? – Insisti no pedido. Ela abriu um sorriso tímido, mas bem cordial.

Alana: É uma resposta boa? Se for, talvez eu queira ouvir sim. – Agora o sorriso foi mais caloroso. Acho que seria bem interessante sair com ela, ainda mais se ela quiser contar o motivo do James querer acabar com o casamento da própria irmã.

Camila: Eu adoraria sair com você. Seria deveras interessante, com certeza eu não me arrependeria. – Ah... Aquele sorriso, esse sorriso eu sei o que significa. Um sorriso de satisfação, ela realmente estava satisfeita com a resposta.

Alana: Talvez eu esteja um pouco ansiosa agora. Quando você pode me encontrar e onde?

Camila: Bom, onde você quiser... Posso até te buscar se você achar melhor. – É um tiro no escuro, porque não sei se ela também está junto com o James pra tentar acabar com o casamento.

Alana: Nossa! Bom, agora eu realmente estou surpresa. O que você quer em troca? Que eu espione alguém? Uma informação confidencial? – Fiquei tão nervosa que acabei engasgando com a minha própria saliva.

Camila: Que? – Tossi descontroladamente. – Não. – Mais duas tossidas. – Claro que não. – Peguei fôlego e mais algumas tossidas. – Me desculpa, acabei me engasgando.

Alana: Eu também fui bem sacana, tenho que admitir. – Ela sorriu.

Camila: Eu só quero te conhecer melhor, nada mais. – Segurei as últimas tossidas. Que droga! Detesto engasgar com a própria saliva.

Alana: Me busca às 19? – Ela deu um sorriso tímido. E eu correspondi, porque achei muito legal ela sugerir justamente a hora que eu iria.

Camila: Claro. – Ela me encarou por alguns segundos, mordeu os lábios e logo em seguida abaixou a cabeça, provável que esteja muito sem graça agora. – Olha, eu vou indo. – Alana me puxou pelo ombro e deu um beijo em minha bochecha.

Alana: Até mais tarde então. – Por essa eu não esperava, não agora. Meu rosto estava completamente vermelho, eu nem precisaria de um espelho pra ver.

Camila: ............... Até mais (?) – Falei baixinho, tirando um sorriso da garota, deixando bem escancarado que ela ria do meu nervosismo. Dei alguns passos para trás sem tirar a visão da garota. Ela deu uma rápida olhada, reparando que eu ainda não tinha tirado os olhos dela.

Lauren POV

Mais problemas por toda a fábrica, estou pensando seriamente em não fazer mais nada a respeito. Por mais que eu resolva um problema, aparecem mais cinco no lugar daquele que eu resolvi. Parece até algum tipo de piada. Andei de um lado para o outro em minha sala.

Dinah: Lauren! – Ouvi um grito do lado de fora da sala, logo em seguida a porta sendo aberta.

Lauren: Oi? – Dinah parecia estar um pouco nervosa. – Acho que você veio para me contar algo, prossiga.

Dinah: Eu na verdade não queria que você soubesse, porque isso vai dar um problema, um baita de um problema.

Lauren: O que? Desembucha. – Meu coração já estava acelerado.

Dinah: Alguém da produção foi fazer a higienização do laminador e acabou tendo a mão esmagada.

Lauren: Meu Deus. Isso é sério? Como isso foi acontecer? – Por um momento eu estava tão desesperada.

Dinah: Eu não deveria ter contado. – Respirei fundo e tentei me acalmar.

Lauren: Tem razão, eu não precisava saber disso. Mas, não tinha nenhum técnico de segurança acompanhando essa higienização? O que aconteceu? Na verdade, não me diga nada, do contrário eu demitirei todos os técnicos por não estarem presente lá.

Dinah: Você sabe que não é assim. Lauren, você precisa se acalmar. – Tampei meus olhos com a mão.

Lauren: Estamos próximo a uma auditoria, Dinah. Eu não sei se você lembra.

Dinah: A gente não consegue abafar isso? – Meu Deus, que grande ideia, Dinah. Tragam o prêmio Nobel para ela.

Lauren: Escuta, eu não quero saber, não vou me envolver... Eu pago funcionários pra isso, para acharem uma solução no meu lugar. Cansei, peguei um problema para resolver e se transformaram em mil.

Dinah: Bom, pelo menos ciente você está. – Dinah respirou fundo e negou minha atitude.

Lauren: Eu não posso ser gerente, diretora e sei lá o que mais.. Não ao mesmo tempo. Desde que meu pai foi preso, eu não tenho paz. Por mais que os advogados tenham revogado a prisão do meu pai, ele não pode nem sonhar em ficar perto da fábrica. Isso mancharia o nome dos Jauregui.

Dinah: Michael faz uma falta enorme. Eu entendo que esteja sendo muito pesado para você, mas se anime, isso vai melhorar. – Tentativa fracassada de me deixar otimista.

Lauren: Sou eu e mais 4 diretores para as duas sedes, a de São Paulo e a do Rio. Estou tão saturada. – Sentei em minha poltrona e encarei o chão por alguns segundos.

Dinah: Lauren, tem um forno parado tem 2 dias, porque o pessoal do PCM está atolado de serviços para fazer e não conseguiram gerar uma ordem de serviço. – Um suspiro.

Lauren: É tarde demais para querer a Camila de volta? – Coloquei meus dois cotovelos apoiados à mesa e minhas mãos tampando meus olhos.

Dinah: É, eu acho que sim. – Ela engoliu em seco. Eu não sei mais o que fazer. Não tenho muita escolha.

Lauren: Poderia me deixar sozinha por alguns minutos? – Pedi à Dinah. Ela rapidamente atendeu o meu pedido. Peguei meu celular e disquei um número. Aguardei e...

Lauren: Alô... Gostaria de falar com Lucy.

Eu odeio a minha chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora