Vencer!

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Eu pensei que fosse uma babaca... Acabei confirmando o que eu pensei, estou sendo conivente com uma traição. Conivente? Eufemismo para “babaca", isso é o que eu realmente estou sendo. Camila está sendo babaca e choca no total: Zero pessoas. Uma troca de olhares entre mim e Laur... Fez com que um sentimento ruim pairasse no local.

Camila: Não preciso falar o que estou pensando, não é? – Ela fixou o olhar sobre mim. Claro que está decepcionada, quem ficaria feliz com um fora? Particularmente não ligo muito, ela eu já não sei.

Lauren: Vai me deixar aqui? Não entendi. Muito mais fácil para nós duas se você não tivesse começado. – Revirei os olhos. Não sei se ela recorda, mas acho que vou ter que dar uma ressalva.

Camila: Talvez eu esteja sendo um pouco precipitada. – Não estou, não, mentira. – Mas ambas começamos com isso tudo, não é coerente colocar a culpa em mim. – Ela soltou uma longa lufada de ar e virou o seu rosto. Não é necessário ser esperta para saber a raiva que ela sentia naquele momento, não acho que eu me importe muito com isso. – Sabe o que é mais engraçado? Eu repeti diversas vezes que não faria nada com você, ainda assim, você teve a brilhante ideia de continuar. – Ela permaneceu em silêncio. Procurei por minhas roupas, encontrei peça por peça, me vesti rapidamente.

Lauren: É, tem razão, eu sabia sim que você não queria nada. – Ela tomou a mesma atitude que eu, procurou por toda a sua roupa. Acho que a vergonha era tanta que, não senti vontade de olhar em seu rosto. Quero sair daqui, quero distância dela, não estou nada confortável com essa situação.

Depois de vestida, fui para o banco da frente. Lauren não estava nenhum pouco inclinada a se sentar no banco do passageiro, talvez a razão da atitude da mulher fosse a raiva. Agir como uma criança não vai me incentivar a continuar, será que ela tem ciência disso? Observei a garota pelo retrovisor.

Camila: Eu sinto muito por isso e você sabe. – Permaneci calada e aguardei algum tipo de resposta. Lauren se manteve em silêncio, pelo retrovisor, pude ver que a garota estava com um olhar distante. Liguei o carro e mantive uma velocidade razoável.

Lauren: Eu devo reconhecer... Você tem razão, isso é errado. Entendo que essa não é a primeira vez que erro, me desculpar com você seria desperdício de tempo. – Eu sei, é óbvio que ela está errada, mas acabei de lembrar que eu correspondi, melhor não ser hipócrita e tentar resolver a situação.

Camila: Não é do meu feitio jogar a culpa em alguém. Erramos, não foi só você quem errou e essa conversa é desnecessária, sabemos que isso não irá se repetir, sabemos também que foi um erro, não há necessidade de estender esse assunto. – Eu sei que com certeza há necessidade, porém o meu foco é sair daqui, e antes de sair... Preciso entregar as malditas flores. – Vem para o banco da frente?

Lauren: Não acho que seja uma boa ideia. – Soltei uma risada abafada, por saber que era óbvio o motivo pelo qual ela quer distância. Balancei minha cabeça e continuei encarando a garota pelo retrovisor, quem sabe ela acabe desistindo de ficar no banco de trás.

Camila: Eu devo cobrar por transportar você? Já que está me tratando como taxista, nada mais justo. – Ela me olhou pelo retrovisor, ambas nos encaramos. Ela abriu um leve sorriso, eu correspondi o mais rápido possível. – Vai sentar no banco da frente, ou, vou ter que te puxar?

Lauren: Não consegue olhar o GPS sozinha, certo? Eu tenho certeza... Por isso quer que eu sente com você. – Aquela leve dúvida, admitir ou fazer de conta que nem ouvi? – Tudo bem, eu te ajudo. – Ela sabe exatamente que é verdade.

Camila: Não sei do que a senhora está falando, eu posso muito bem colocar som no GPS e ouvir as instruções. – Ela revirou os olhos.

Lauren: Pode, disso eu tenho certeza, só tem um problema... – Reduzi a velocidade do carro e observei a mulher. – O GPS não tem essa voz linda e maravilhosa, vulgo minha voz. – Estou certa de que isso é uma piada. Dei uma gargalhada, uma gargalhada debochada.

Camila: Com certeza, menina, sua voz é muito linda, a mais linda que eu já ouvi em quase 3 décadas de vida. – Ela franziu a testa.

Lauren: Quase 3 décadas? Não acha que errou nos cálculos, não me recordo de você ser tão velha assim. – Choremos.

Camila: Você entendeu bem o porquê da hipérbole, a intenção era enfatizar o drama, ou devo dizer... Enfatizar o elogio. Mudando de assunto... Como será a eleição? – Lauren deu uma leve risada.

Lauren: Você realmente quer se eleger? Eu não acho que tenha chance, eu serei contra você, está ciente disso? – Não estou surpresa, ela sempre foi contra qualquer coisa que viesse de mim, nada novo.

Camila: Nothing new. – Ela me encarou e revirou os olhos. Ela sabe que é verdade, não sei qual foi a da reação. – Você sempre foi contra mim, está revirando os olhos, por quê? – A garota se moveu para o banco da frente. – Hey! Vai devagar, eu estou dirigindo. – Ela se sentou no banco do passageiro.

Lauren: Eu nem sempre fui contra você, não mesmo. – Mantive meu foco sob a estrada. – Houveram situações que eu te apoiei, só que você não ficou sabendo. – O mais estranho é acabarmos de ter transado e ainda existir uma rixa entre nós duas, nunca vou entender isso.

Camila: Só tem um problema... Eu e você, nós nos odiamos, não existe essa de se ajudar. – Ela riu. – Da para você me guiar? Quero ir para casa descansar, só isso. – Lauren pegou o aparelho e observou o trajeto por alguns segundos.

Lauren: Pega pra direita. – Freei o carro o mais rápido possível, mudei a direção para onde a mulher havia dito. – Não precisava dessa freada brusca, quer acabar com o pneu do carro?

Camila: Você me avisou em cima da hora, quer o quê? – Recebi um olhar de desprezo. Não é incomum receber esse olhar dela, posso dizer que faz parte da minha rotina. – Eu acho interessante me eleger, mas ainda estou com receio.

Lauren: Receio por saber que vai perder? – Soltei uma longa lufada de ar e ignorei por completo o comentário. – Eu já entendi que foi um comentário maldoso. Olha, a chance de você ganhar... Hm... É... Menos que 25% porcento, te apoiar agora seria desperdício do meu precioso tempo.

Camila: Tudo bem, eu não necessariamente preciso do seu apoio. Viro novamente para direita? – Lauren balançou a cabeça de forma positiva. – E sobre o casamento? – Olhei de relance para o rosto da garota.

Lauren: Tá lá... Esperando para ser planejado. Você gosta de vencer, né? – Dei um leve sorriso. Ela deve estar se referindo a eleição.

Camila: Com certeza, principalmente essa eleição, quero muito ganhar. – Ela soltou uma gargalhada. Bom, não sei o que isso significa, provavelmente é mais algum deboche da parte dela, nada novo.

Lauren: Vencer minha namorada. – Argh! Que merda foi essa? Dei um tapa em minha própria testa, em seguida olhei para a mulher que estava rindo.

Eu odeio a minha chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora