Mais um pequeno avanço

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Lauren: Famosa? Não tanto. Amei as reações dela ao ouvir cada frase vinda de nós. – Me concentrei em apenas entrar no carro. Ela nunca vai perder o jeito esnobe de ser, isso é um defeito que não parece ter reversão. – Não estava afim de ter alguém no meu pé, não atualmente.

Camila: Por que deu corda à ela? – Ela segurou um sorriso, um sorriso de satisfação. Eu mantive minha visão sobre ela, aguardei uma resposta concreta do porquê.

Lauren: Para nomear você como minha namorada. – Fiz questão de não demonstrar nenhum tipo de reação. Esses joguinhos dela já estão me enchendo o saco, não tenho disposição para esse tipo de brincadeira.

Camila: Você namora, você sabe que é errado. Não sei o porquê de estar surpresa, você já me deixou claro o quanto é uma idiota. Entra no carro, temos que entregar as flores ainda hoje. – O sorriso estampado em seu rosto desapareceu rapidamente.

Entramos no carro, coloquei o endereço do destinatário no gps, e parti para o breve passeio. Lauren se manteve em silêncio, muito possivelmente por conta do que falei. Não tenho a menor intenção de pedir desculpas, ela sabe que está agindo da forma mais egoísta possível e isso não me deixa admirada.

Lauren: Ela me ama, não posso simplesmente acabar com tudo. – Certo, vou me abster, não é da minha conta, não sou eu quem está brincando com o sentimento de ninguém. – Eu gosto muito dela e sinto que posso amá-la. – Mantive minha atenção no trânsito. – Não sei exatamente o que fazer.

Camila: Não acho que seja algo legal eu me intrometer, até porque sabemos quem é a causadora disso tudo. – Ouvi uma risada abafada. Sei mais do que ninguém que, esse sentimento dela se torna mais forte por conta da nossa convivência.

Lauren: Não é por sua causa. – Ela deixou o assunto no ar. Acelerei o carro para que tivesse mais foco ainda sobre o que fazia. – Eu estou nova demais para me envolver com alguém, me envolvi com o Tyren sem ter consentimento. Minha vida amorosa foi um belo teatro, uma novela mexicana sem audiência, sem a audiência de quem mais importa para mim, meus pais.

Reduzi a velocidade do carro, respirei fundo e tentei por um instante me ver na mesma situação que ela. É claro que ela está errada! Definitivamente errada. Ela nunca foi ouvida pelos pais, agora está agindo da forma que quer. É descabido, a forma em que ela age é imprópria, não tem empatia. Agora vamos ver quem teve empatia por ela? Quem ensinou o conceito de empatia para ela?

Seus pais sempre foram focados em seus próprios negócios, dinheiro, fama, reconhecimento, eles esqueceram da própria filha, os sentimentos dela e as vontades. Não é assim que se vive, não é assim que se evolui. Não da para julgar sem analisar o passado dela, principalmente o passado onde se envolve o pai dela.

Camila: Entendo, só tome cuidado com quem você se aproxima, pode acabar machucando essa pessoa. Espero que saiba que está sendo errônea. – Não vou me introduzir em um problema que não é meu, por mais que eu ache que precise.

Lauren: Só isso... Não tem um conselho melhor? – Vou cobrar pelas sessões de terapia e auto aceitação. Reduzi mais ainda a velocidade do carro, quase tive a brilhante ideia de parar em algum lugar, mas são quase 20 da noite, preciso levar essas flores e ir embora descansar.

Camila: Você sabe o que faz, tem uma idade considerável, só não sei opinar com relação ao seu caráter, você conviveu em um ambiente onde o dinheiro e ambição sempre foram predominantes. – Ela virou seu rosto para direção oposta a mim. Não vou insistir em um assunto tão delicado quanto esse, não sou psicóloga, não sei como abordar alguém na situação dela.

Lauren: O problema com meus pais não justifica nada disso, eu só sinto que posso amar ela com o tempo, se é que me entende. – Ergui uma sobrancelha.

Camila: Tudo bem, se você estiver feliz assim, não há nada que te impeça de continuar. – Ela é burra, tadinha, vai se magoar e magoar a namoradinha dela, mas vou deixar para depois poder jogar na cara dela. “Eu avisei!” Brincadeira, nunca faria uma coisa dessas, seria totalmente impróprio e mal educado. – Só não se machuque, seria a primeira a rir de você.

Lauren: Não é esperado menos de você. – Ora... Ora... Ora... Ela pensa que me conhece, não mesmo, quem talvez saiba um pouco mais de mim, seria Dinah Jane, ela não sabe ¼ do meu caráter.

Camila: Irei apenas ignorar o comentário... – Ela sorriu, pois sabia que não iria ignorar. – Só acho engraçado, que... Houveram diversas situações as quais eu poderia jogar na sua cara, e advinha? Fiz o contrário. Fui lá, dei de mamar, dei banho, cuidei, tratei e o que eu recebo? O comentário mais incoerente da face da terra. – Ela deu uma serie de gargalhadas. – Engraçado, né... Porque não é com você.

Lauren: Eu agradeço por ter sido minha amiga todo esse tempo, amiga/inimiga, porque sabemos o quanto o nosso ódio é recíproco. – Nosso ódio parece uma novela mexicana mal paga, ninguém quer assistir, mas passa no SBT.

Camila: Ódio... Você flerta sempre que tem oportunidade, não sei se posso considerar isso ódio, vou procurar o significado da palavra, seus derivados e suas personificações, vamos ver se ele se aplica a nós duas. – Estou rindo aqui, só que é de fachada, no fundo estou preocupada.

Lauren: Dou em cima de você, assim como dou em cima de todos. – Bom, se for assim? Sim... Minha preocupação se torna menor agora. (Ironia detectada).

Camila: Ufa... Que alívio, me sinto mais segura agora. Fshhhhh... – Limpei uma gota de suor imaginaria que escorria pelo meu rosto. – Lauren desaprovou minha atitude, o que não é problema para mim, eu desaprovo a dela também.

Lauren: Você toma pílulas de sarcasmo no café da manhã, no almoço e na janta. Não sinto nada por você, exceto desejo, algo físico, sem emoções. – Ela disse isso, enquanto olhava para outro lado, nem a capacidade de olhar para o meu rosto ela teve. Freei o carro e estacionei no acostamento.

Camila: Uhum... Agora faça o favor de dizer isso olhando nos meus olhos. – Lauren se espantou com minha atitude, parecia não acreditar na situação atual.

Lauren: O que você pensa que está fazendo? Tá doida? A gente está no meio da avenida, Camila, pelo amor... Acelera isso, anda! – Não preciso dizer que ela está nervosa, todo mundo percebeu.

Camila: Você está com vergonha... Oh... Isso é algo surpreendente. Olhe para mim, meu bem, vamos ver se tem toda certeza do que disse, se realmente é só algo físico e que não tem nenhum sentimento por mim. – Segurei em seus braços e forcei o seu torço para que ficasse alinhado com o meu. Seu corpo estava alinhado ao meu, porém ela foi esperta o suficiente para manter seu rosto virado.

Lauren: Camila, vamos embora daqui, essa palhaçada toda é ridícula. – Soltei um dos seus braços e segurei o rosto da mulher, em seguida o alinhei ao meu. Com todas as forças que tinha, ela se soltou de meus braços. – Camila! Da para irmos?

Camila: Da sim, depois que você disser o que disse há minutos atrás, olhando nos meus olhos. – Sua respiração agitada, foi diminuindo o ritmo aos poucos. – Vamos, não é tão difícil. – Lentamente, ela virou o seu corpo alinhando-se ao meu. Ela tinha uma respiração calma, mas sempre que podia, falhava. Ela manteve seu olhar sobre mim, eu abri um enorme sorriso, aquilo estava sendo divertido.

Lauren: Legal! Eu não sinto nada por você, é só algo físico... – Ela queria prosseguir, entretanto algo lhe chamou atenção. Ela ficou calada olhando para... Para... Para os meus lábios? Espera, ela está olhando os meus lábios! Vi uma leve aproximação de sou corpo ao meu. Que merda é essa?! Me dirigi a direção oposta à ela, me afastei ao máximo, o que foi em vão. Recebi um puxão pela gola da blusa. Ela me deu um leve beijo. QUE ISSO?

Eu odeio a minha chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora