Eu odeio a minha chefe

Palidez.

Uma bela manhã, tudo nos conformes, estou feliz por ter feito a organização da fábrica à tempo. Meu telefone tocou, acho que deve ser a Lauren. Bingo!

Lauren: Estamos indo buscar as suas coisas.

Camila: Certo, vou aguardar. - Conseguimos deixar a fábrica bem, não sei se conseguimos o certificado da auditoria, o importante é que cumpri a minha parte. Agora algo que assusta é essa ideia ridícula de outra fábrica aqui, não vamos conseguir mantê-la nos conformes. Peguei meu telefone, disquei o número da Dinah e aguardei.

Dinah: Camila, bom dia! - Ela está bem empolgada, não parece que ficou dias até tarde trabalhando.

Camila: Você parece estar muito bem, parece estar feliz demais para o meu gosto.

Dinah: Acabei de comer um X-bacon.

Camila: Depois me passa o número de onde comprou, porque nunca acho lugar que vende X-bacon nesse horário.

Dinah: E não tem mesmo, é que eu estoquei.

Camila: Novo episódio de acumuladores. No programa de hoje, conheçam: Dinah Jane. Ela estoca o seu cocô, junto com a comida.

Dinah: Nojenta. - Ora... Ora... Olha só quem fala.

Camila: Pelo menos eu não como X-bacon de três dias atrás.

Dinah: Dois dias, dois dias! - Sério isso?

Camila: Nunca vou conseguir absorver o quão nojenta você é.

Dinah: Vamos sair hoje? - É de partir o coração, mas vou ter que dizer "não".

Camila: Lembra da viagem? Chegou o dia, infelizmente.

Dinah: Tudo bem, eu aceito, já fui rejeitada. Mentira, nunca fui, sempre os boys chegam em mim, então eu que rejeito.

Camila: Desculpe ferir o seu ego, espero que me perdoe.

Dinah: Tchau! - Ela desligou o telefone na minha cara, que presunçosa! Ah... Esquece, tenho que terminar com as malas. Me apressei e incluí os últimos itens da lista: Escova de dentes e sabonete. Me sentei no sofá e aguardei até a chegada de Lauren. Alguns minutos depois, ouvi suaves batidas na porta, andei até ela e abri. Um rapaz alto, presumo que seja o motorista.

Camila: Em cima do sofá. - O rapaz entrou e pegou a pequena mala. Acompanhei o homem para ver onde estacionaram, pelo menos foi perto da entrada. Olhei pela janela do carro, Lauren estava séria, não me atrevi a falar uma palavra, apenas entrei no carro em silêncio. O motorista deixou a mala no bagageiro, então entrou no carro para que fôssemos. Lauren não tirava os olhos da janela, ela estava muito pensativa, isso é assustador.

Lauren: Tem algum remédio para dor de cabeça? - Sua visão estava voltada à mim. Seu rosto estava com uma aparência de cansaço, vi olheiras e um leve inchaço ao redor dos olhos dela. Aquilo tudo foi forte demais para mim, nunca cheguei a ver ela daquele jeito.

Camila: Acho que não, posso dar uma olhada, se quiser. - A mulher nada respondeu. Esse clima está me deixando bastante desmotivada, daqui a pouco eu vou começar a chorar aqui. Sempre que tinha oportunidade, olhava para Lauren, ela estava calada, foi assim até chegarmos no lugar para pegar o jato. Chegamos em um enorme hangar, com uma pista extensa. Lauren desceu do veículo sem dizer uma palavra, entrou no pequeno jato e escolheu um lugar na janela. Mais silêncio, quase três horas de viagem em silêncio. Aquilo tudo estava me deixando desesperada. Me sentei ao lado de Lauren, dei alguns petelecos em seu braço. - Você tá legal? - A mulher me olhou por alguns segundos.

Lauren: Com certeza não. - É de partir o coração.

Camila: Eu tenho uma barra de cereal na mala, quer? - Ela não deve estar se sentindo muito bem.

Lauren: Agradeço, mas não. - Ela continuou calada a viagem inteira. Não à culpo, ela deve estar muito nervosa, com certeza não está nada bem. Chegamos no enorme terreno de Michael, era muito grande, fiquei admirada com o tamanho. Descemos do jato, já havia um motorista à nossa espera. Lauren continuou calada, entrou em silêncio e não teve contato direto comigo. Mais alguns minutos de carro e lá estávamos, em frente a enorme mansão, Lauren entrou sem dizer um "a". Passamos pelo enorme jardim e coloca grande nisso, o jardim pareciam 4 campos de futebol, ou mais. Chegamos até a porta da mansão. Lauren respirou fundo e abriu a porta. A primeira a nos receber foi Clara, sempre bem calorosa. Finalmente, um sorriso no rosto da Lauren, já estava achando que ela tinha virado um boneco de cera. Logo após, Michael surgiu, foi muito educado comigo.

Michael: Camila, um enorme prazer te receber aqui. - O homem me deu um abraço caloroso. Sua visão foi até Lauren, a encarou por alguns segundos e logo saiu. Lauren abaixou a cabeça e foi para o andar de cima, segui ela por todo o trajeto. Entramos em um quarto, ela deitou em sua cama e começou a chorar, eu entrei em desespero. O QUE EU FAÇO?! Fui o mais rápido possível para perto dela, puxei ela pelo braço e fiz com que ela sentasse na cama. O choro era tanto que ela soluçava.

Camila: Lauren, olha para mim, fica calma. - Puxei a garota para um abraço. Ela me apertou com tanta força, aquilo sim foi surpreendente. - Acho que você estava precisando disso. - Ficamos alí por alguns minutos. Ela me soltou, eu evitei contato direto com o rosto dela, não queria deixá-la constrangida. - A sua casa é realmente muito bonita. Impressão minha ou vocês tem uma estufa lá em baixo?

Lauren: É da minha mãe. - Ela respondeu enquanto secava as lágrimas.

Camila: Poxa, é bem bonita. - Olhei o grande quarto. - Tá aí algo que eu não vejo todo dia, um quarto do tamanho do meu apartamento. - Lauren deu uma leve risada. - Muito bom ser privilegiada, quer trocar de pai comigo?

Lauren: À vontade, não aceito devolução. - Dei um leve sorriso. Que comentário infeliz o meu, o que adianta um pai rico, se ele não te aceita como é. Como se dinheiro fosse tão importante assim.

Camila: Desculpa. - Desviei o olhar da garota.

Lauren: Tudo bem, não é a primeira a me dizer isso. - Virei meu rosto e neguei com a cabeça, desaprovei minha própria atitude. - Caminhei até a janela do quarto, uma janela que na verdade era uma porta, que dava acesso à sacada.

Camila: Casa de gente rica é tão padrão, né? Tipo, sacada em cada quarto, piscina, estátuas de ouro. Único enfeite que tenho no meu apartamento é um calendário da farmácia da esquina. - Lauren soltou outra gargalhada. - Não é tão engraçado assim. - Olhei para a garota, que deu um sorriso simpático. - Escuta, Dinah disse que você ainda mantém contato com a sua ex. - Lauren balançou a cabeça, afirmando. - Certo, seu pai não pode saber, né? - Mais uma vez ela balançou a cabeça. - Toma um pouco mais de cuidado então, não quero presenciar uma possível briga de vocês, sem entrar no meio para te defender.

Lauren: Terei o máximo de cuidado possível. - Lauren sorriu. Alguns minutos depois, Clara apareceu, chamando nós duas para o almoço.

Camila: Vamos?

Lauren: Eu passo. - Olhei a mulher por alguns segundos. Seu rosto estava mais magro, e seus olhos fundos.

Camila: Sabe o filme amanhecer da saga crepúsculo? Não tem a parte que a Bella morre antes de virar vampiro? Você tá parecendo ela agora, só que mais feia. - Ela sorriu, depois revirou os olhos.

Lauren: Eu sou mais bonita do que ela.

Camila: Há controvérsias. - Levei um tapa no braço. - Au... Essa doeu. - Mas me fala, tu gostava do Edward, ele era mó gostosinho. No auge dos meus 11 para 12, eu queria dar pra ele, até descobrir que chupar mucosa é melhor.

Lauren: Quem nunca... - Demos risadas.

Camila: E aquele lobão que ninguém lembra o nome? Jacó? - Lauren deu uma gargalhada alta.

Lauren: Jacob, Camila, Jacob.

Camila: Tá, esse não é o foco, fala que você não queria um encontro com ele. Aquele lobo sarado, aquele cheiro de macho, cachorro molhado. Raawn...

Lauren: Isso é barulho de um tigre. - Revirei os olhos.

Camila: Você entendeu. Então, Bella Swan, vamos comer alguma coisa? Vou trazer uma marmitinha para você, tá bem? Quer marmita tradicional ou de pedreiro?

Lauren: Se eu for, vai calar a boca? - Fiz um biquinho de menina manhosa.

Camila: Tudo bem, eu aceito, pelo menos vai evoluir de Bella Swan, para Bella Vampiro.