Véspera de um desentendimento.

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Camila POV

Antes tarde do que nunca, já é praticamente a hora do almoço. Bom, pelo menos já estou na fábrica, agora é só tomar os remédios e aguardar para ver se minha dor irá diminuir um pouco. Lucy tinha razão, até eu me familiarizar com o novo ambiente, com essas pessoas novas será um longo processo.

Lucy: Quer almoçar comigo hoje? – Levei um susto. Não ouvi ela se aproximar e não havia o menor indício de que ela apareceria.

Camila: Eu não esperava você por aqui. – Pigarreei. – Eu gostaria de almoçar com você... – Respirei fundo matutando o que dizer. – Temo que isso não seria vantajoso para mim. Atrasei bastante os meus planos, por mais que seja o meu primeiro dia, não conheci nada da fábrica.

Lucy: Por não conhecer nada da fábrica, você deduziu que seria melhor ficar sem almoçar. Essa não é e nem chegou perto de uma ideia inteligente. – Abri minha boca. Nossa, foi quase um gancho de direita.

Camila: Foi bem crítico. – Não tive nenhuma reação, na verdade, eu estava apenas processando o que eu havia acabado de ouvir. Lucy me observou por alguns segundos, talvez percebeu o quanto estava sendo ríspida.

Lucy: Olha, eu não quis dizer isso. Quer dizer... Quis sim, talvez não dessa forma. Vou reformular! Srt. Camila, por mais que esteja aqui para trabalho, seria menos preocupante para mim se você colocasse sua saúde mental e física acima do processo. Eu não sei se você chegou a perceber, mas a fábrica não tem só você de engenheira... Pegar toda essa responsabilidade pra si, é ignorar o fato de você ser uma pessoa normal, não uma máquina que trabalha 24hrs.

Camila: Eu vou levar isso como um tipo de manipulação, você sabe, né? – Ela soltou um sorriso malicioso. Ela realmente está tentando me manipular, não vou cair nesse papinho dela, não depois de todos esses anos trabalhados em que eu passei raiva e fui facilmente manipulada. – Conta outra, vai... Eu entendo dos joguinhos das pessoas que gerem.

Lucy: Em partes você está certa. Só deixando claro, que: Em uma manipulação não se usa bolo de chocolate. Vamos comer um bolo de chocolate, por favor! Escuta, eu estou em uma dieta ridícula faz quatro dias e já estou pedindo arrego. Se uma pessoa me ajudar a sair dessa porcaria de dieta, minha consciência vai pesar menos. – Comecei a rir e tampar meus olhos. Eu sinceramente queria não ter ouvido aquilo.

Camila: Hahaha... Não deveria nem ter começado a dieta, ainda mais por saber que não consegue. Pode se chamar de masoquismo isso, porque você sabe o quanto é torturante e continua. – Ela sorriu levemente.

Lucy: Masoquismo é quando a pessoa gosta de sofrer, eu não estou gostando nenhum pouco, inclusive estou saindo dessa dieta desnecessária. Paguei tão caro em uma das melhores nutricionistas da cidade, banquei a geração saúde no primeiro dia, até ver o pudim de chocolate e o sorvete de morango na sobremesa do almoço.

Camila: Não entendo como existem pessoas que gostam de sorvete de morango. Só de ouvir esse nome me dá ânsia. – Lucy arregalou os olhos e abriu a boca. Lá vem! Provavelmente ela vai me xingar por não gostar de sorvete de morango.

Lucy: Se eu ignorasse meu lado profissional, sua demissão seria iminente. Não existe a opção de odiar sorvete de morango, ou você gosta... Ou você gosta. – Segurei minhas gargalhadas. – Isso não é engraçado. Quem em sã consciência rejeita sorvete de morango? É tipo rejeitar chocolate.

Camila: Diferente do sorvete de morango, chocolate é muito bom. – Lucy abriu a boca e puxou todo ar existente na atmosfera. Juro, ela ficou uns 10 segundos puxando ar, com aquela expressão de. “Meu Deus! Que absurdo é esse que eu acabei de ouvir?!”

Lucy: Tem razão, melhor você ir trabalhar. Eu posso escrever isso no meu caderninho de mágoas, da para dizer que nunca me senti tão desgostosa falando com você. – Com a minha mão esquerda tapei meus olhos e levantei meus ombros, como se quisesse expressar que não tenho culpa.

Eu odeio a minha chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora