[EM ANDAMENTO]
Eleanor está no seu último ano de faculdade e a essa altura tudo que deseja é seu diploma em mãos e os beijos do capitão do time de baseball, Kim Taehyung. Mas era incrível como o universo inteiro conspirava para que o mala do Jeon Ju...
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Dedicado ao Clã.
Tudo se dispersa como uma neblina densa.
As horas mortas se arrastam até que os dias, um a um, terminem. Não faço ideia do que acontece lá fora, exceto pelas mudanças no clima que consigo ver por entre as cortinas da janela do dormitório desde que me enclausurei aqui, em um exílio auto proclamado.
Ontem nevou pela primeira vez, na madrugada, arrastando todo resquício de calor que ainda restava entre os dias cinzentos de Outono.
Estava acordada quando a nevasca caiu e fiquei observando o amontoado de neve se formando lá fora, encobrindo o gramado verde até que não fosse possível identificá-lo debaixo de tanto branco-sem-fim; enquanto ouvia um podcast qualquer sobre a história do Elton John e acarinhava os cabelos de um Hoseok manhoso que deveria me fazer companhia, mas já tinha adormecido.
A neve se acumulava na grama assim como os post-its mandões de Trine se acumulavam no meu painel de visualização, cobrindo todas as outras tarefas diárias que não cumpria há mais ou menos uma semana; poderia muito bem obedecê-los quando ela está sendo incisiva e assustadora, desenhando monstrinhos e dizendo que me tiraria daqui pelos cabelos se fosse necessário.
Mas a possibilidade de cruzar as portas da sala de convivência e de dar de cara com um pátio lotado de alunos me olhando torto faz com que a sensação do medo crescente queime no fundo de minha garganta, chacoalhando meus sentidos até eles se chocarem contra as paredes do meu corpo e me transformarem outra vez em nada, porque era exatamente assim que me sentia: um grande e insignificante amontoado de porcaria alguma.
A publicação tinha atingido a marca de trinta mil acessos em apenas três dias, os últimos que consegui conferir, antes de Christine desinstalar todas as redes sociais do meu aparelho para evitar qualquer outro dano permanente, como se àquela altura fosse possível não sair disso queimada. Marcada a ferro e fogo.
Para mim, o número simbolizava um desastre, uma prova significativa de que não só um campus inteiro tinha colocado os olhos naquele vídeo, mas qualquer criatura com acesso a internet dentro de Seul.
E os comentários foram a pior parte de tudo, pra deixar bem claro. Uma grande merda!
Sei que não se pode esperar nada bom vindo de quem se esconde por trás de um nome falso, de um rosto que não é seu em um fórum cheio de fofocas, mas ainda me surpreendia com as intenções maldosas de tantos desconhecidos, que não poupavam esforços e tempo pra me deixarem ainda mais machucada.
Havia recebido bilhetes também, a criatividade de algumas garotas no dormitório ainda me surpreendia, (estavam usando todos os métodos de comunicação já criados, pelo visto!), enfiando papeizinhos pela soleira com todos os tipos de ofensas possíveis; se não fosse Trine, assustadoramente, gritando no meio do corredor que desafiava a próxima garota a passar qualquer coisa por debaixo daquela porta à sair ilesa, talvez eles continuassem se amontoando como correspondências de um lar abandonado, no batente externo.