18. Falsos refúgios, revelações e tudo que me assusta pra caralho.

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JUNG

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JUNG

KOOK


Três meses e alguns dias antes


Os olhos de Taehyung desviavam dos meus a todo instante. Passeavam entre a mesa com alguns desenhos empilhados, os quadros pendurados e a cama bagunçada da minha súbita tentativa de começar o dia da maneira certa, mesmo que nada mais que fizesse daqui por diante tivesse o rumo e definição necessária.

A sensação claustrofóbica da presença dele, exatamente no último lugar em que tivemos qualquer contato, me deixava tenso. Meus músculos latejavam de uma noite maldormida; trêmulos e quase fracos. Nunca havia experimentado exaustão parecida em meus vinte e poucos anos: treinos, aulas extras no dojang, uma noite de intensa de sexo. Não existia equivalência para o cansaço físico-mental quando tudo dentro de mim havia sido mexido, revirado e posto de volta em partes opostas. Um coração despedaçado era capaz de causar um estrago enorme como explosivos de alto impacto liberando formas de calor e ondas de choque ao redor. O meu, sem dúvidas, tinha me destruído.

Enquanto ele removia os sapatos, afastando as caixas de camisinhas entulhadas na porta, — que eu havia apenas empurrado para dentro —, deslizando para o lado oposto quando tirou as meias e despreocupadamente, enfiou as mãos nos bolsos. Não parecia desconfortável voltar à cena do crime. Muito menos culpado pela sua condenação arbitrária.

Tentei não rever o fragmento de Jieun atada a ele naquela noite terrível. De qualquer forma, a esta altura, aquele teatrinho sexual patético pra caralho parecia muito mais um filme trash sobre a vida de uma outra pessoa que eu só conheci de passagem.

— Sua Ta Moko ficou legal. — ele falou, tocando a ponta do Sol tatuado em meu pescoço quando nos esbarramos pelo corredor que separava o banheiro do restante do quarto.

— Valeu.

— Tatuagens combinam com você. — Seu sorriso era de educação, um charme barato que Kim costumava usar nas suas manipulações sutis. Não funcionava comigo.

— Você está aqui pra me dizer algo importante ou só está tentando me comer?! — perguntei, mesmo que o tom não fosse de sarcasmo, e ele gargalhou.

— Foi mal, eu só tô tentando quebrar o gelo. — Ele ensaiou um tom despretensioso que foi quase digno de pena. — Você ainda tem isso? — Suas mãos foram até a luminária de cacto que ele mesmo havia me presenteado há muitos natais passados. Não fazia ideia do porquê mantinha aquela merda por perto, mas talvez uma parte minha quisesse manter um elo com uma versão de Kim que ainda insistia em acreditar que existiu.

— Rá! — comecei — Então, o que você quer? — limpei a garganta na tentativa de aprofundar a voz, parecer menos passivo e mais intimidante, mesmo que soubesse que tratando-se de Kim, era difícil alcançar o seu calcanhar de Aquiles.

Como conquistar esse garoto.Onde histórias criam vida. Descubra agora