22. Adeus, Kyung-Hee.

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Parte dois

E então, desmoronamos.

Levei algum tempo até ter coragem de vasculhar no armário e avaliar os outros itens deixados lá dentro, como o envelope que continha meu nome, onde cada palavra parecia ter sido escrita com um cuidado único e irritantemente perfeito, alguns detalhes que ainda me faziam querer odiar Jungkook como antes pelo seu comportamento excessivamente virginiano, sempre exigente consigo mesmo até nos mínimos detalhes. Apenas um adesivo decorativo em formato de ondas do mar me separava de um destino imutável, e a partir dali sei que não importa o que eu tenha imaginado em um rumo diferente para nós, nem os sentimentos que tentei amenizar nos últimos meses com terapia e distância, muito menos a vingança oculta em alguma tentativa patética e juvenil demais de fazê-lo pagar na mesma moeda, de me mostrar melhor e mais madura, em uma tentativa de fingir que superei tudo que vivemos. Era exatamente um ponto de um gatilho puxado que me colocava de volta naquela mesma noite, em repetição constante como uma música favorita, a trilha-sonora do pesadelo revisitado: Jeon Jungkook não iria voltar.

Então eu juro para mim mesma que tudo isso só vai doer agora, que é temporário, me apego ao que leio nas redes sociais, aos conselhos oraculares de mamãe, a voz de Trine: uma hora isso tudo vai passar também, tudo passa. E enquanto caminho de volta até a porta do corredor do prédio principal, levando comigo tudo que foi deixado no antigo armário como as sobras que não cabiam na sua bagagem: um certificado idiota, uma carta e o meu amor que havia sido encaminhado de volta como um pacote rejeitado por um destinatário ausente, meu coração dói.

Passo por um grupo de alunos reunidos do lado de fora, três caras usando roupas da Sailor Moon, que me encaram em silêncio como um fantasma flutuando ao redor do campus, enquanto caminho de volta até o dormitório, as mãos suadas de um nervosismo tão ansioso, escapando para o labirinto dentro de minha mente e sacudindo as portas trancafiadas que pensei que me manteriam distante o suficiente de qualquer dor. E principalmente dele.

No fim das contas eu nunca estive a um passo de distância.

A verdade é que nunca havia sentido nada na proporção daquele sentimento, a minha ingenuidade em pensar que tinha ao menos amado Jimin em algum momento ou que nosso namoro fajuto de ensino médio teria me dado alguma experiência no quesito sentimental, no meio daquele nevoeiro emocional sei que não há nada que nada possa ser comparado aquela sensação pesada em meu peito, como se tivesse afundado em um oceano gelado com pedras preenchendo os bolsos.

Eu vivi os últimos seis meses mais exaustivos da minha vida, uma puta repetição de merda que me coloca aqui de novo, na mesma espiral. E eu odeio que esperem que eu esteja bem e enfrente tudo sã e salva, eu não quero enfrentar nada, eu não quero ser forte, estou exausta de apenas lutar por isso e deixar as pessoas pensarem que aguento os socos e pontapés de uma vida emocionalmente abusiva. Não queria me afogar naquela sensação de pânico outra vez. De que deveria estar pronta para outra a esta altura. Talvez eu nunca esteja.

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